Visão do futuro

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[...]

Eu soltei com uma fúria anormal em minha voz e em minha reação, fazendo a mulher cambalear e se sentar novamente, ela me olhou por alguns segundos e depois caiu os olhos em minha barriga, vi que ela queria falar alguma coisa, balbuciava palavras que eu não conseguia entender, já esperava pelo o pior, pela a sua pior reação.

- Você está gravida, Jennie? - seus olhos contendo lágrimas voltaram para os meus, e vacilaram pela terceira vez quando eu assenti - Não... não... não...

Ela se levantou caminhando de um lado para o outro, a minha única reação foi começar a chorar descontroladamente, colocando as mãos no rosto enquanto a escutava repetir constantemente "não, não, não, não pode ser". A rejeição doía mais que um tapa, eu deveria ter imaginado, eu deveria ter feito algo, eu não deveria ter contado... eu não deveria ter me apaixonado por ela... eu não deveria...

- Me desculpe... me desculpe... me desculpe... - sussurrei, sussurrei para ela, sussurrei para mim e sussurrei para os seres que se formavam dentro de mim, eu apenas queria parar de chorar, eu apenas queria... eu já não sabia ao certo.

- Espera... você está pedindo desculpas pra mim? - a sua voz parecia confusa e eu pude ouvir os seus passos se aproximando de mim, mas eu só consegui recuar ainda mais, com medo... dela...

- Me desculpe...

- Não! Calma... - Lalisa me puxou para um abraço mas eu só consegui sentir mais dor sobre aquilo, tentei me soltar de todas as formas, mas ela era mais forte que eu, claro que conseguiria me manter ali - Para, Nini... por favor, para...

- Eu vou fazer o que Chaeyoung falou. Eu vou interromper a gravidez-

- VOCÊ ESTÁ LOUCA? - ela gritou de repente me assustando - Porque quer fazer isso?

- Você... você não quer isso...

- Espera, que? Dá onde você tirou isso?

- Estava negando isso há dois minutos atrás, Lalisa...

- Não... pelo amor, não estou negando o fato de ser mãe, meu amor, estou negando o fato de não estar aqui quando você descobriu isso... você precisava de mim, e eu não consegui fazer nada a respeito... você vai precisar de mim, e eu só vou poder te ver uma vez por semana... preciso achar um jeito de sair daquele lugar...

- Você já esta aqui, Lisa... é só ficar para sempre...

- Parece fácil, meu amor... céus como eu queria que fosse tão fácil assim... por favor, Jennie, não ache que a minha reação foi perante a sua gravidez... claro que não... - então ela sorriu, mesmo com as lágrimas, ela sorriu docemente - Eu vou ser mãe, pequena... você tem ideia... do quão feliz eu estou nesse exato momento?

- Eliza falou que são gêmeas... - falei também sorrindo pela primeira vez.

- Gêmeas!? Não brinca!? Puta merda, a gente vai ser mães de gêmeas!? - Lalisa me ergueu em seus braços me girando enquanto gargalhava junto a mim, seu abraço cheio de espinhos se transformou em um abraço cheio de esperança e alegria em um passe de mágica , mas ela parou assim que bati em seus ombros e corri para o banheiro.

Acho que a sua animação não agradou nem um pouco as duas que estavam em minha barriga.

- Me desculpe, Nini - pediu enquanto segurava os meus fios - Acho que exagerei um pouquinho...

- Está tudo bem...

Lalisa se manteve atrás de mim segurando a minha cintura enquanto eu escovava os dentes, e quando acabei fui erguida em seus braços e acabei gargalhando quando ela me deitou na cama cuidadosamente, ela correu até a porta parecendo uma criança a trancando e depois correndo até a cama novamente. Suspirei quando ela puxou o edredom se deitando parcialmente em cima de mim, seus olhos completamente presos nos meus enquanto uma de suas mãos acariciavam sutilmente a minha barriga.

- Gêmeas, Nini...? - nós duas sorrimos ao mesmo tempo, ela parecia processar todas as informações e quando isso aconteceu, Lalisa começou a chorar feito uma criança, soluçando profundamente, cedendo o seu corpo e descansando a sua testa na minha. Seu choro era longe de ser um choro silencioso, era alto, quase desesperado, seu rosto estava completamente vermelho e eu começava a me preocupar com a sua respiração tão claramente desregulada, acariciei as suas bochechas, tentando tirar as lágrimas que haviam em seu rosto, mas sempre caíam mais e mais.

- Para de chorar, Lili... - ela riu ao ouvir a minha voz manhosa, respirando fundo várias vezes antes de conseguir dizer alguma coisa.

- Eliza tem certeza que são gêmeas? Tipo, duas meninas mesmo? Pode ser dois meninos, ou um de cada...

- Acho que sim, eu não sei... mas eu acredito nela...

- Claro... claro... - a mulher pensou por alguns segundos - Se for meninos, você escolhe os nomes.

- Hum... Petter e... Thomas... ou Zachary... ah! Eu gosto de Dylan também...

- Meu amor... - ela riu - São só dois... depois podemos fazer mais e você poderá colocar todos os nomes que gosta - eu corei violentamente, não por vergonha, e sim por estar planejando algo com a mulher que eu amava - Eu gostei de Zachary...

- Zachary e Petter! - falei animada descansando as mãos em seus ombros, ela assentiu - E se for meninas-

- Sarah e Stacy - Lalisa pontuou, me fazendo encará-la confusa - O que foi?

- Nenhuma outra sugestão? Alice? Ana? Vitória?

- Não, Sarah e Stacy, você escolheu dos meninos, esse é o acordo.

- Como você é sem graça - murmurei rindo quando ela fez cócegas em minha barriga.

- Nunca imaginei isso... estar planejando coisas assim... estava fora da minha visão para o futuro.

- Qual era a sua visão para o futuro?

- Eu não... não tinha visão para o futuro até você chegar na minha vida... agora eu tenho.

- E qual é...? - perguntei já com lágrimas nos olhos, uma mistura estranha dentro de mim, uma mistura de sentimentos que eu estava gostando de sentir naquele momento.

- Nós quatro... - sussurrou outra vez descansando a mão em minha barriga - Em uma casa na praia como você tanto quer... e principalmente... um sorriso em seus lábios, eu estou aqui pra te fazer sorrir, pra te fazer feliz, agora e sempre.

- Eu te amo, Lisa.

Nosso momento não poderia ser quebrado por ninguém, pois eu estava confessando algo mais que importante tanto pra mim quanto pra ela. Meu coração se envolvendo em um ninho em seu peito quando ela sorriu também.

- Eu também te amo, meu amor...

...

1996 (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora