Apenas por você

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"Lalisa"

- Minha cabeça dói... - Seonghwa murmurou assim que chegou para tomar café. Estávamos todos de péssimo humor, e nem sabíamos o motivo, eu olhava cada duto de ventilação que havia no prédio e anotava mentalmente um mapa, acho que a minha falta de sono naquela noite resultou em um estresse diário que eu não sabia administrar - Está com olheiras enormes, Lisa.

- Eu sei - respondi bebendo mais um gole daquele café amargo - Alguém viu o San? Eu precisava falar com ele.

- Na sala de reuniões com o seu pai - Jisoo respondeu mordiscando a torrada. Chovia fortemente e ainda estava parcialmente escuro, eu não tinha ânimo para nada naquele dia, não que nos outros eu tivesse mas, aquele dia especificamente eu não estava bem.

Resolvi não ver Jennie durante o dia, pois os olhares dos guardas sobre nós duas poderia resultar em alguma suposição idiota, mas pra mim não era idiota, longe disso.

Me distraia com facilidade, pois meu pensamento estava nela, e em como eu faria para tirá-la dali, como eu faria para protegê-la sem sermos pegas. Talvez todos os meus pensamentos perante aquilo levava ao errado, mas eu não conseguia, simplesmente não conseguia tirar ela da minha mente, eu me forçava a parar de pensar em sua risada ou até mesmo em seus olhos, o seu sorriso principalmente. Não parava de pensar em como ela se escondia em meus braços quando eu a abraçava ou como respirava aliviada quando meus dedos afagavam os seus fios escuros, não saia da minha cabeça de jeito nenhum.

- Cadê a paciente 1985? - perguntei ao meu pai assim que entrei em seu escritório, ele levantou os seus olhos para mim e deu uma daqueles sorrisos falsos - O que fez com ela?

- O dia está lindo hoje - ele falou olhando para a janela, a única coisa que eu via eram as nuvens cinzas e a chuva que caía juntamente a vários relâmpagos - Esses dias me lembram a sua mãe, juntamente a você. Já que foi em um dia igual a esse que você nasceu, e a sua mãe morreu - sorriu me fazendo tremer - Sobre a paciente 1985? Ah... ela morreu.

- Que!? Como assim ela morreu? Assim do dia pra noite? Ela estava perfeitamente bem, um pouco acima do peso... - parei de falar assim que um click me fez pensar, ela não estava acima do peso... - Ela... ela estava grávida? Aquela barriga não é de quem engordou! E nem tem como engordar aqui!

- Você se parece tanto com a sua mãe, Lisa, tão inteligente... mas mesmo assim acha que irá me ganhar um dia, por isso você e a sua mãe são intendências.

- O que você fez com o bebê?

- Não precisamos de crianças aqui. E nem de mulheres chorando pelo o filho perdido. Isso me dá dor de cabeça. Arrume o quarto dessa paciente, fomos solicitados e vira mais uma mulher, acho que... mais nova que a paciente 1996.

Mordi a parede da minha bochecha com força sentindo o gosto agridoce do sangue enquanto caminhava para fora dali, eu pisava tão forte que os meus passos poderiam ser escutados, mas eu parei assim que passei pela sala de literatura e vi Jennie sentada em um canto com um livro na mão, ela estava afastada das outras pacientes encolhida entre uma prateleira e uma parede, parecia muito concentrada no que lia pois passava as páginas com uma curiosidade que eu conseguia sentir. Ela levantou sua cabeça um pouco e me viu, quando isso aconteceu meu rosto esquentou junto ao meu coração que acelerou de uma forma estranha, sorri acenando com a cabeça, Jennie também sorriu, aquele sorriso genuíno e inocente que na maioria das vezes me fazia querer chorar. Articulei com a boca um "te vejo mais tarde" antes de sair, agora o ar parecia bem mais leve do que antes e até o meu humor estava melhor que antes, ela era como um remédio.

Na hora do jantar via ela e Seulgi cochichando, vi também quando ela tirou o sabonete do bolso e entregou para a mulher, olhei em volta com medo de mais alguém ter visto mas parecia que ninguém havia pegado o ato. Todas elas foram guiadas para seus quartos e como sempre segui até o quarto de Jennie após me despedir dos meus amigos e verificar que mais ninguém estivesse acordado. Sorrimos assim que tranquei a porta, sempre ficamos na dúvida em como começar uma conversa geralmente eu começava, mas naquele dia o silêncio durou um tempo, mas não era desconfortável.

Tirei os meus tênis e me sentei em sua cama encostando as costas na parede e a observando, ela encarava a janela mas quando viu que eu a olhava sorriu se aproximando um pouco de mim.

- O que tanto vê lá fora?

- As estrelas, acho elas bonitas... - murmurei assentindo - Acha elas bonitas?

- Sim, mas nenhuma se compara a minha estrela favorita.

- Qual é? Forma alguma constelação?

- Você.

Ela se assustou quando falei, mas eu não deixei de sorrir do mesmo jeito, e acho que a minha sinceridade a fez sorrir juntamente. Seu corpo se aninhou em meus braços, como sempre, me dando aqueles arrepios extremos, Jennie abraçava a minha cintura com força, como se a qualquer momento eu a soltasse, mas eu não a soltaria, não naquele momento.

- O que estava lendo? - perguntei

- O morro dos ventos uivantes, é muito legal.

- Gosta de romance? - assentiu afundando ainda mais o rosto em meu peito e aproveitando os carinhos que eu fazia em seus fios - Amanhã irá vir uma nova paciente... - tudo ficou quieto depois que anunciei aquilo, ela aos poucos soltou a minha cintura junto a isso foi se distanciando de mim - O que foi?

- Nada... - murmurou.

- O que foi, pequena?

- Irá cuidar dela também?

- Esse é o meu trabalho, Jen.

- Irá visitar ela de madrugada também? - eu ri baixo negando em seguida - Irá levar chocolate amargo pra ela? Ou, irá levar o seu jantar a ela?

- Não, pequena, não irei fazer nada disso.

- Como posso acreditar em você?

- Vem aqui - chamei batendo no espaço que havia ao meu lado, mesmo relutante ela veio, mesmo com uma expressão de que mataria qualquer um ela veio.

Segurei o seu rosto me inclinando e deixando a minha boca grudar suavemente em seus lábios, para logo em seguida beijar toda a sua bochecha subindo até a minha boca ficar bem perto do seu ouvido, eu conseguia ver os seus pelos arrepiados e sabia que a causa daquilo foi eu.

- Cuidarei de você até o último dia, apenas de você e apenas por você, acredita em mim agora?

- Huhum...

...

1996 (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora