Anne with an E- flames of the past- AU

Capítulo 17- Uma lembrança distante

olá, pessoal. Mais um capítulo de flames. Espero pelos comentários e opiniões . Muito obrigada. desculpe-me por qualquer erro ortográfico. Beijos

ANNE

Ela corria por uma floresta cheia de lilases, os cabelos balançando ao vento, e as gargalhadas cortando o ar trazendo ao seu peito uma sensação de felicidade e liberdade ao mesmo tempo como nunca sentira antes. Era algo bom e puro, era um sentimento inesquecível como se ela tivesse encontrado o que finalmente vinha procurando. O sol brilhava em um céu muito azul, passarinhos cantavam como em comemoração aquele momento, e o perfume dos lilases lhe trazia algo familiar e aconchegante, como uma xícara de chocolate quente em um dia de inverno, ou aquele bolo de chocolate com cobertura de caramelo por cima, ou ainda aquele abraço pelo qual sempre se espera e quando acontece, não se deseja nunca que acabe. Então, outra gargalhada se misturou a dela, e Anne ouviu uma voz masculina dizer:

- Eu vou te pegar.

- Duvido que consiga. - E ela continuou correndo enquanto o garoto que estava lá com ela a seguia naquela brincadeira de pega pega.

Então, o sol sumiu e uma chuva fina começou a cair, Anne ouviu o barulho de um tiro e parou de repente, olhando para trás em busca do garoto que tinha estado lá com ela a poucos segundos. Logo, seus olhos o encontraram caído no chão, ele tinha a mão do lado do corpo onde uma mancha escura e avermelhada se formara, e horrorizada, Anne percebeu que ele estava mortalmente ferido. Ela correu até ele sem se importar com suas vestes ensopadas, seus cabelos emaranhados por conta das gotas de chuva que se misturavam em suas mechas ruivas, e quando o alcançou, ela se ajoelhou do lado dele e segurou em sua mão, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto junto com a chuva. O garoto a olhou com seus olhos castanhos incríveis que estavam perdendo o brilho muito rapidamente, e em uma suplica vinda do seu coração que estava se partindo ao ver o amor de sua vida indo embora, ela disse:

- Por favor, não me deixe. - Ele tossiu, e sua voz saiu fraca quando falou:

- Por favor...não chore...eu juro que vou...te encontrar...se não nessa vida...em uma próxima...apenas espere por mim. - E então sua cabeça pendeu do lado, e ela soube que o tinha perdido. Não conseguindo suportar a dor ela gritou tão alto que ecoou pela floresta:

-LUCAS!

Anne se sentou na cama, na escuridão de seu quarto, com a mão direita sobre seu peito, sentindo as antigas dores que a deixavam com falta de ar, e elas sempre retornavam quando ela tinha esse sonho que a acompanhava desde a adolescência. Quando essas dores surgiram da primeira vez, ela tinha quinze anos, e os pais a levaram em vários especialistas que não encontraram nada de errado com ela. Eles diziam que eram dores emocionais causadas por algum conflito interno, e por fim, aconselharam seus pais que a levassem a um psicólogo, pois uma vez que seus problemas emocionais fossem resolvidos, as dores iriam embora, e foi o que fizeram.

Ela se tratou por um ano com um especialista na área bastante qualificado. Anne se lembrava de ir ao consultório todas as terças-feiras e enquanto ficava esperando pela sua consulta na recepção, seus olhos passavam pelos inúmeros diplomas de seu psicólogo depostos em quadros para que pudessem ficar à disposição de seus pacientes quando precisavam de uma prova de suas especialidades.

Um deles sempre lhe chamava a atenção, pois dizia que seu médico era diplomado em regressão de vidas passadas, e isso a deixava especialmente curiosa, pois sempre imaginava como alguém conseguiria levar outra pessoa a voltar no tempo, e reviver suas inúmeras vidas antes dessa? Não que ela acreditasse nisso, pois achava tudo aquilo uma grande baboseira. Vidas passadas não existiam, pois em sua concepção se vivia somente uma vez, e jamais conseguiria se imaginar habitando outro corpo que não fosse o dela, tendo como familiares outras pessoas, morando em outros lugares, tendo nomes e aparências diferentes, e tendo todos os tipos de profissões que não fossem ligadas ao direito.