Anne with an E- flames of the past- AU

Capítulo 30- Almas gêmeas

Olá, pessoal, eu particularmente gostei muito desse capítulo e espero que vocês o apreciem tanto quanto eu. Espero pelos comentários e suas impressões do capítulo. Beijos, Rosana.

ANNE

O barulho de chuva caindo fez Anne despertar. Ela se espreguiçou na cama, virou de lado para olhar para Gilbert que dormira ao lado dela na noite anterior, mas, ele não estava mais na cama. Assim, ela voltou à sua posição de antes, e ficou ouvindo as gotas de chuva desabarem pela cidade como se fossem o lamento de um coração partido.

Ela passara a noite no apartamento de Gilbert e se sentia extremamente bem. Seu medo inicial de se entregar aquela paixão tinha ido embora e deixado em seu lugar a certeza absoluta de que estava onde deveria estar. Embora as ameaças de seu pai ainda a assustassem, Anne decidiu que não se deixaria abater. Ela era uma mulher adulta, não mais uma criança, e seu pai não podia achar que poderia mandar e desmandar em sua vida quando quisesse.

No dia anterior, ela chegara para sua aula de balé arrasada, sem conseguir pensar direito em uma saída para a sua situação, porém, bastou que Gilbert a abraçasse para que ela descobrisse exatamente o que queria fazer. Era incrível como só de olhar para ele, Anne encontrava sua conexão perdida, como se tudo o que estivesse desorganizado dentro de sua cabeça encontrasse seu lugar de origem novamente. Não sabia porque era assim com ele, mas, a verdade era que Gilbert dava sentido a coisas que ela pensava não mais fazerem parte de sua vida, como o balé que voltara a praticar, e que abandonara pela paixão de seu pai pela advocacia e não dela.

Por muito tempo ela tentara se convencer que estava feliz do jeito que as coisas eram em sua vida. Ela tinha um excelente emprego, uma profissão que além de lhe dar certos status, a colocara no topo do sucesso, sendo a advogada mais jovem a ter ganho mais casos no Canadá, ia se casar mesmo temporariamente com um cara a quem conhecia muito bem, e em um futuro não muito longínquo, ela substituiria seu pai no escritório como seu braço direito. Um futuro inteiro planejado, desde sua tenra infância, futuro esse que ela não desejava mais.

Se deixara convencer que queria as mesma coisas que seu pai, e quando ele lhe dizia que ela estava destinada a ser alguém importante, que seguiria seus passos, e que a família Cuthbert continuaria com seu legado no mundo da advocacia, ela se deixava seduzir por essa ideia, sem pensar no quanto era exaustivo sempre tentar preencher as expectativas de alguém. Ela nascera com um cérebro privilegiado, e ainda mais por isso, ela era cobrada todos os dias para sempre ser o que os outros queriam dela, sem cometer erros, ou deslizes que arruinassem sua reputação como filha do grande advogado Matthew Cuthbert. Mas, ela era uma pessoa e não um robô programado para ser perfeito em tudo o que fizesse. Ela tinha sentimentos, sorria e sofria como todo mundo, e estava cansada de ser vista como um ser extraordinário cujo único objetivo era acumular casos de sucesso em sua mesa de trabalho.

Anne continuou ouvindo a chuva cair, e embora soubesse que tinha que se levantar, sua preguiça era maior. Ela se virou novamente e passou as mãos pelo travesseiro de Gilbert e se perguntou onde ele estaria. Tinham dormido a noite inteira agarrados, e ela nunca pensara no quão agradável era passar a noite com alguém por quem se estava apaixonada. Anne pegou o travesseiro dele e o abraçou enquanto pensava no dia anterior.

Quando viera para a aula, ela não pensara em passar a noite no apartamento dele, mas, quando ele perguntara o que ela queria fazer depois de ter contado a ele sobre as ameaças de seu pai, Anne de repente descobrira que estar com Gilbert era tudo o que desejava, e pela primeira vez em sua vida, ela escutara seu coração e não a razão.

Gilbert cuidara dela como não era cuidada a muito tempo, e assim, sua pose de garota auto suficiente caíra por terra, quando constatara o quão frágil ela era por dentro. Anne sempre pensara em si mesma como alguém independente que nunca precisaria do apoio de ninguém para seguir em frente, mesmo quando se via em uma situação complicada demais para lidar sozinha. Porém, enquanto contava a Gilbert como vinha vivendo todos aqueles anos com os braços dele ao seu redor, ela percebera como era fácil apoiar a cabeça no peito dele e deixar que cada uma de suas fraquezas fossem expostas sem que se sentisse mal por isso.