Cap. 10 - Ervilha-de-Cheiro

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Pov Camila Cabello

– Nossa, esse cheiro é uma delícia!

Estávamos na segunda parada da lista da Sam – uma floricultura chamada Ousadias Floridas, onde fomos buscar dezoito centros de mesa de lilases. A atendente foi encaixotá-los enquanto eu passeava pela loja cheirando vários
arranjos e plantas.

– O que é isso? – Lauren perguntou.

– É uma ervilha-de-cheiro. – Fiz uma concha com as mãos para pegar a delicada florzinha roxa. – Cheire. – Ela se inclinou para cheirar.

– O cheiro é bom mesmo.

– Não é? Essas florezinhas me lembram da minha vó. Quando eu tinha uns dez anos, a minha mãe nos levou para a Itália para visitá-la. A nonna tinha ervilhas-de-cheiro por todo canto do quintal dela. Tinha uma cerca ao redor da pequena casa e essas flores cresciam nela de um jeito que mal dava para enxergar a cerca branca por trás dos arbustos.

Molho de tomate aos domingos e a fragrância das ervilhas-de-cheiro: esses sempre serão os aromas da minha nonna Valentina. Ela morreu quando eu era adolescente. A minha mãe
manteve a tradição do molho aos domingos, mas lá em Howard Beach, o bairro onde ela mora em Nova York, é frio demais para plantar ervilhas-de-cheiro.

– Você vem de uma grande família italiana?

– Quatro irmãs. Nós nos reunimos todo domingo para jantar na casa da minha mãe. Duas das minhas irmãs têm filhas, cada uma tem duas. Não tem muita testosterona na família.

A florista voltou dos fundos.

– Já vamos acabar de empacotar. Eu ligo para você quando for para estacionar nos fundos da loja. Nós colocamos no carro para vocês.

– Ok, tá ótimo – Lauren concordou e apontou para a ervilha-de-cheiro. – Vamos levar esta flor também.

– Espero que não seja para mim. Não vou conseguir levá-la no avião.

– Não, é para a minha casa. Não tenho nenhuma flor. – Ela piscou e se aproximou de mim para que a florista não ouvisse. – Além disso, imagino que você queira sentir esse cheiro quando acordar.

Eu tinha de dar algum crédito a ela: a mulher continuava com a mesma atitude. Mesmo depois de quase um ano.

Lauren ajudou a colocar as caixas com os centros de mesa e a sua nova flor na caçamba da picape e a cobriu.

– Qual é o próximo item da lista? – perguntei ao afivelar o cinto.

– Minha casa.

– Sua casa? Nem vem. Temos que revolver mais coisas.

– Mas isso é uma coisa a ser resolvida. A Sam pediu para eu construir um poço dos desejos para o chá. Eu o pintei hoje de manhã. Precisava secar antes de colocar na caçamba.
Lauren leu minha expressão facial, que estava dizendo "me engana que eu gosto".

– É sério! – ela insistiu.

– Então essa não é uma tentativa de me levar para a sua cama?

– Não. Mas, agora que você vai ficar impressionada com a minha casa, não me responsabilizo pelas suas atitudes caso queira tirar vantagem de mim.

– Você viaja.

– Talvez eu esteja viajando, ervilhinha... mas você não viu a minha casa ainda.

*********

A casa da Lauren era incrível. E nada a ver com o que eu imaginava.

CAMREN: Amigas Com Benefícios (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora