Cap. 28 - A Expectativa

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– Uau. Este é um apartamento sublocado?

O apartamento onde Lauren estava ficando era muito bonito. Não muito grande, mas moderno, com pé-direito alto e cômodos integrados, o que o fazia parecer mais amplo – mas era a área externa que o elevava a outro
patamar, porque ter varanda em Nova York não é para qualquer um. E a varanda ali era grande o suficiente para duas espreguiçadeiras, uma mesa para seis, uma churrasqueira e uma dúzia de plantas em vasos.

– É da Khaill-Jergin, a construtora para a qual trabalho. Eles têm alguns apartamentos corporativos, principalmente para quando vêm executivos de Londres. Consegui um disponível por sorte.

– É lindo.

Lauren abriu a porta de vidro de correr e estendeu a mão para que eu saísse primeiro.

– Essa vista é espetacular – eu disse. – Mas parece tudo tranquilo, ao mesmo tempo.

Ela sorriu.

– Era esse o objetivo. Cada projeto tem um slogan para definir a sua essência. Deste prédio aqui era "um oásis na selva". Foi inaugurado cinco anos atrás. Depois que me formei, fiz estágio com o arquiteto que projetou este prédio na Khaill. O projeto inicial já estava pronto, mas os arquitetos acabam fazendo muitos retoques durante a construção. Então este foi o primeiro projeto no qual trabalhei.

– Uau. Muito legal. Sinceramente, em geral nem penso nos prédios pelos quais eu passo no dia a dia. Deve ser demais passar por um e saber que você o projetou.

Ela assentiu.

Eu já estava bem acostumada com o lado metido da Lauren, mas não conhecia o seu lado modesto ainda. E gostei.
Bom, eu gostava da Lauren metida também.

– Quer tomar uma taça de vinho aqui fora antes do jantar, ou está muito frio?

– Claro, adoraria.

Lauren foi lá dentro e voltou alguns minutos depois com duas taças de Merlot. Ela me passou a taça por trás e apoiou as duas mãos no parapeito, uma de cada lado do meu corpo, me engaiolando.

Bebemos vinho assistindo ao pôr do sol. O silêncio era confortável, embora a sensação de tê-la tão perto nas minhas costas tivesse um efeito profundo no meu corpo, o que era
irritante.

Depois de alguns minutos sentindo o hálito quente dela no meu pescoço, a minha respiração ficou mais rápida e profunda.

– Vire-se, Camila.

A voz dela era baixa e sedutora de matar.

Esperei ela dar um passo para trás para que eu pudesse virar e ficar de frente para ela. Depois de algumas respirações pesadas, percebi que ela não tinha a intenção de sair do lugar, então me virei ainda engaiolada entre os braços dela.

Com aquela proximidade, aqueles olhos verdes transparentes e o cheiro intoxicante dela, eu
precisava de mais vinho. Levando a taça aos lábios, bebi a última metade da taça.

Quando acabei, Lauren levantou uma sobrancelha.

Ergui a taça e a balancei. Um trecho da conversa do carro me veio à cabeça. "Eu não vou tentar transar com você hoje. Mas, se você quiser transar comigo, fique à vontade, te como sem problemas."

Mordi o lábio e Lauren pareceu ler a minha mente. Pegando a taça vazia da minha mão, ela a colocou no chão ao nosso lado, junto com a dela, que ainda estava cheia até a metade.

Quando eu inconscientemente molhei os lábios, ela murmurou uma série de palavrões antes de me beijar.

O gosto de vinho na língua dela foi suficiente para que eu me sentisse bêbada como se tivesse bebido a garrafa inteira. Minha cabeça ficou zonza e meu corpo latejou e eu queria trepar naquela mulher como se ela fosse uma
árvore.

Ela pressionou o corpo ainda mais contra o meu, e as minhas costas se arquearam enquanto eu agarrava o cabelo dela com uma das mãos.

Ela gemeu quando empurrei o corpo contra o dela.

– Mal posso esperar para entrar em você. Você me deixa dura como pedra.

Com um movimento do quadril, ela mostrou muito bem que não estava exagerando.

Ai, Deus.

Fiquei tão desesperada que conseguiria gozar mesmo vestida. Resistir era um desafio e eu não tinha muita certeza de que conseguiria.

Quando paramos de nos beijar, Lauren parecia tão enfeitiçada pela nossa química quanto eu. Nós nos olhamos nos olhos por um momento.

– Você é muito boa nisso, Lauren.

O sorriso dela foi brincalhão.

– No quê?

– Beijos.

Ela se inclinou para a frente e encostou os lábios nos meus.

– Sou boa em beijar outros lugares também. É só pedir que te mostro.

Eu ri.

– Falando sério. Por que você não tem namorada, Lauren? Você é linda, inteligente, tem um ótimo emprego, uma casa linda, beija maravilhosamente bem e conserta pias e constrói coisas. Você é a namorada ideal.

A expressão dela ficou séria. Ela se afastou um pouco, mas não me soltou totalmente dos seus braços nem tirou as mãos do parapeito.

– Não quero esse tipo de relação. – Ela me estudou com cuidado. – Gosto de você. Você é linda e inteligente. Nós curtimos uma à outra. Mas não estou atrás de nada sério.

Apesar dela ter sido sincera desde o começo, e de eu também não estar atrás de um relacionamento sério, ouvi-la dizer aquilo me deu uma pontada.

– O que isso significa, exatamente? Que eu estarei na sua cama uma noite e, na próxima, serei substituída por outra mulher?

– De jeito nenhum. Quero exclusividade. Para deixar bem claro, exclusividade dos dois lados. Espero que, uma vez que a gente comece a
transar, você não transe com outros.

– Tá... e faríamos outras coisas juntas também, além de sexo?

– Claro. Sempre vou te dar o que comer antes de te comer.

Tremi um pouco ao pensar a respeito.

– Então a diferença entre o que faremos e um relacionamento seria...

Os nossos olhares se cruzaram.

– A expectativa.

Já que estávamos colocando as cartas na mesa e sendo sinceras, decidi ir um pouco mais longe.

– Você disse que teve um relacionamento sério que durou anos.

Ela assentiu.

– Sim.

– Eu me casei com o meu único namorado sério. Aquele desastre é a razão principal pela qual tenho evitado me envolver com outra pessoa. Minto para mim mesma e para os outros dizendo que não quero um relacionamento porque preciso focar na minha carreira e na Izzy. Embora seja parcialmente
verdade, não estou sendo totalmente honesta. O Garrett me magoou muito e eu ainda não superei isso. – Fiz uma pausa de alguns segundos. – O fato de você não querer um relacionamento tem a ver com esse namoro sério que você teve?

Ela desviou o olhar, direcionando-o para a cidade acesa que estava atrás de mim. Depois, olhou-me de volta.

– Sim, mas provavelmente não no sentido que você está pensando.

– Ela te fez sofrer?

– Nós nos fizemos sofrer. – Ela limpou a garganta e deu um passo para trás. – Vamos jantar?

– Sim.

CAMREN: Amigas Com Benefícios (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora