Cap. 15 - Perigosamente Linda

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Pov Camila Cabello

Desde que voltei da Califórnia, perdi três jantares de domingo na casa da minha mãe e, agora, estava atrasada para o quarto jantar, porque o nosso trem deveria ter saído há quinze minutos.

– Por que não vamos com o seu carro ou, melhor ainda, de Uber? Sempre íamos de carro para Howard Beach quando meu pai ia junto.

Isabella era uma garota esperta. Ela sabia a resposta.

– Porque tem muito congestionamento entre Manhattan e Howard Beach e porque um Uber custaria cento e cinquenta dólares, ida e volta. O trem "A" é mais rápido e custa três dólares.

Ela empinou o nariz.

– Quando eu crescer, não vou ser pobre.

– Nós não somos pobres.

– Então por que estamos presas nesse trem fedido e não num Uber com arcondicionado?

– Porque não jogamos dinheiro fora. Nós o usamos de forma inteligente. – E apontei o queixo para os pés dela. – Veja esse Nike de cento e quarenta dólares que acabei de comprar para você. O preço do seu Uber.

Ela revirou os olhos, mas parou de reclamar.

Alguns minutos depois, o trem finalmente começou a se mover. Ainda bem, porque, embora eu não seja claustrofóbica nem nada do tipo, o calor estava fazendo com que me sentisse sufocada.

A casa da minha mãe ficava a uma caminhada de quinze minutos da estação de trem. Ela ainda morava na mesma casa de tijolinhos de dois andares na qual tínhamos crescido – só que, em vez de ter um inquilino no andar de cima para ajudar a pagar o aluguel, agora era minha irmã mais velha e a família dela que moravam lá. Eles haviam se mudado dois anos antes, quando ela teve a segunda filha e minha mãe se dispôs a ajudar com as crianças.

Sentimos o cheiro de molho de tomate no ar quando viramos a esquina do quarteirão. É claro que, em Howard Beach, quase toda casa de tijolinhos da vizinhança estava cozinhando molho de tomate – ou molho de carne, como muitos o chamavam. Mas eu conseguia até identificar o aroma do molho da minha mãe. A minha boca começou a salivar à medida que fomos nos aproximando.

Usei a minha chave para entrarmos.

– Chegamos! Desculpem pelo atraso!

– A massa vai ficar cozida demais – disse a minha mãe com os dedos juntos, chacoalhando o pulso, naquele gesto tipicamente italiano.

Ela me beijou com animação nas duas bochechas e fez o mesmo com a Izzy.

– Você cresceu ainda mais nas últimas semanas. Agora você tem mais espaço na barriga para as almôndegas. Venham. Vocês podem lamber a massa do bolo que acabei de fazer.

Segui as duas até o olho do furacão, isto é, a cozinha. Minhas duas sobrinhas estavam em cadeirões, a de um ano chorando e a de dois batendo uma colher na bandeja de plástico, gritando "Ma ma ma" sem parar.

Minha irmã Sofia gritou "oi" para nós enquanto passava o molho de uma panela
gigante para uma tigela também gigante.

Minha irmã Alegra gritou "merda" enquanto colocava o pão no forno – parece que se queimou. E minha mãe a xingou em italiano de volta.

Sim. Eu estava com saudades dos jantares de domingo.

Ao adentrar na bagunça, peguei os copos e guardanapos e me pus a arrumar a mesa do jantar. Quando voltei para a cozinha para pegar os pratos, a campainha tocou.

– A Francesca nunca vai se lembrar de trazer a chave dela?

– Sua irmã não vem. Ela está passando o fim de semana na praia, em Nova Jersey – minha mãe murmurou. – Espero que tenha levado filtro solar.

CAMREN: Amigas Com Benefícios (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora