Vítimas

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Oi cupcakes
Aproveitando aqui o final de semana pra postar mais um capítulo

Desfrutem, boa leitura 😊🤗
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— Não precisamos falar disso agora — Ava respondeu enquanto terminava de trabalhar. Ela
parecia tão cansada quanto Beatrice se sentia — Precisamos estar acordados em algumas
horas para outra longa viagem de volta a Londres. Aí podemos conversar mais então, se você
quiser.
— Eu gostaria disso — Beatrice atendeu. Pela primeira vez em sua vida, ela estava ansiosa para uma viagem de trem.
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Ava se sentou à mesa frágil. Sua pele exposta queimava ao sol e suas roupas estavam encharcadas de suor. Depois de alguns momentos a sós, um informante apareceu na esquina e se juntou a ela.

— Você é Ruth, certo? — Ele perguntou, seus olhos correndo cautelosamente ao redor do pátio movimentado.

— É assim que me chamam, claro — Ava respondeu — Você deve ser Tai.

— Sou eu — Tai balançou a cabeça, claramente nervoso, enquanto Ava estava surpreendentemente calma. Uma garçonete de rosto gentil juntou-se a eles, colocando um bule de chá e duas xícaras na mesa. Por hábito e respeito, Tai serviu ansiosamente uma xícara para Ava e depois para si mesmo.

— Obrigado — Ava sorriu, embora não tenha pedido.

— Mhm… — Ele gemeu, optando por tomar um gole de chá em vez de conversar mais.

— Você está nervoso — Ava comentou, ganhando não mais que um aceno de cabeça — Tudo bem. Eu sei que você só gostaria de me passar as informações e fugir. Mas nos encontramos em público, então teremos que ficar e conversar por pelo menos alguns minutos. Me desculpe por isso — Ela deu um pequeno sorriso.

— Está tudo bem.

— Fale-me sobre você — Ava solicitou carismaticamente, enquanto ela bebia seu chá. O Vietnã do Sul era um país sedento, ela passava mais tempo suando do que trabalhando.

— Não tenho certeza se há muito a dizer — Tai não encontrou seu olhar.

— Você tem uma família?

— Não — Ele balançou sua cabeça — Não mais.

— Sinto muito... — Ava não esperava essa resposta e sentiu um clima sombrio se abater sobre eles.

— Eles foram mortos. Baixas de guerra — A voz de Tai estava rouca.

— Eu sinto muito, mesmo — Ava repetiu, sem saber o que dizer.

— Americanos e soviéticos querem lutar uns contra os outros, mas não realmente — Seu desdém pelo conflito era óbvio, mas compreensível — Os vietnamitas pagam o preço.

— É… — Ava sabia disso, é claro, mas saber a verdade é muito diferente do que ser confrontado por ela — Uma situação terrível realmente.

— Eu sei que você só está fazendo seu trabalho — Tai não parecia não gostar dela pessoalmente, embora isso fosse de pouco consolo para Ava.

— Eu também não tenho certeza se estou fazendo a coisa certa — Ela sussurrou, abalada — É complicado.

— Essa é a verdade — Ele sorriu então, sabendo que Ava entendia sua situação — Aqui estão as informações — Por baixo da mesa, Tai passou para Ava um envelope grosso, que ela guardou no bolso.

—Obrigada.

— Há muito caos em Saigon agora e ainda mais sob a superfície — Tai terminou seu chá e se levantou — Tenha cuidado. É sério — Ele se afastou antes que Ava pudesse responder. Ela ficou sentada sozinha por vários minutos, pensando sobre o que ele disse. Depois de mais algumas xícaras solitárias de chá, ela foi para a periferia da cidade, seguindo as informações de Tai.

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