〈 O N Z E 〉

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3 MESES DEPOIS

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3 MESES DEPOIS

          Com o Olivier e o Aaron em estágio desde ontem por causa do jogo que terão hoje, em casa, contra os franceses do PSG, para a segunda mão da fase de grupos da Liga dos Campeões, desfrutei da companhia da minha mãe e da minha filha, numa sessão de cinema que fizemos em casa e, claro, os filmes foram da Disney. Os escolhidos foram os dois da Pequena Sereia, onde ela me pediu para eu não ser tão dura com ela como a Ariel foi com a Melody, embora ela tenha percebido que tudo o que a mãe quis fazer, foi proteger a sua filha.

          Hoje, ela está a passear com o seu padrinho, o meu primo que veio propositadamente a Londres para passar um tempo com a afilhada e também para ver o jogo, uma vez que Oli lhe deu bilhetes para ele assistir no estádio com uns amigos. Após o jogo, infelizmente, ele voltará de imediato para a Escócia, por ter de trabalhar amanhã. No entanto, eu acho é que um daqueles amigos é o seu namorado e ele não teve ainda coragem de nos contar, preferindo por isso, evitar-nos o máximo de tempo que conseguir. Eu gostava que ele contasse, eu irei apoiá-lo totalmente, mas respeito o tempo dele.

          — Entra que está frio. — Digo assim que abro a porta a Emily e gargalho baixinho quando ela corre para perto da lareira, sorrindo satisfeita ao sentir o fogo aquecer o seu corpo. — Queres um café para aquecer? E umas bolachinhas?

          — Café não, já bebi depois de almoço e a médica diz que só posso beber dois por dia, então vou-me guardar para depois do jantar. — Consigo notar a desilusão no seu olhar, uma vez que ela sempre foi muito dependente do café e agora está condicionada. — Mas as bolachinhas eu aceito. — Solto uma risada pequena quando a loira passa a língua pelos lábios e abano negativamente a cabeça de modo divertido. — Foi a tua mãe que as fez?

          — Claro que sim, já sabes que o Oli e a Aurora não vivem sem as bolachas da D.Gloria. — A minha melhor amiga ri das minhas palavras e dá de ombros, por fazer parte do grupo de pessoas que é apaixonada pelas bolachinhas da minha progenitora. — Como correu a consulta? — Pergunto ao voltar para perto dela com duas chávenas de chá e um prato com as bolachas.

          — Correu bastante bem, eles estão saudáveis e talvez na próxima consulta já consigamos ver o sexo. — Emily informa ao sentar-se ao meu lado e coloca ambas as mãos na barriga, como passando carinho aos bebés que carrega. — Quando me imaginei grávida, há uns anos, eu pensei que teria o pai junto de mim, que seríamos uma família unida, teríamos estabilidade, mas pelos vistos tudo me saiu ao lado.

          Sim, a Emily está grávida. Grávida de exatamente doze semanas, completa hoje os três meses de gravidez. No dia em que ela me contou que estava grávida, eu quase tive um ataque de pânico. Foi uma mistura de emoções porque por um lado fiquei feliz com a notícia, já que sempre quis vê-la a ser mãe, mas por outro fiquei preocupada e triste por saber que ela passará pelo mesmo que eu, passará por esta fase tão bonita, sem uma estabilidade amorosa. E no momento em que ela me informou que eram dois e não um, eu tive mais um ataque, mas desta vez apenas de felicidade. Quem não sonha em ver a sua melhor amiga barriguda e com dois rebentinhos a serem preparados para sair? É ótimo, apesar de saber que ela vai sofrer o dobro do que eu sofri com a Aurora quando ela era uma bebezinha. Tal como ela esteve lá para mim, eu estarei para ela.

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