〈 D O I S 〉

217 8 194
                                    

          O insistente e chato som do despertador é ouvido e eu nem preciso de abrir os olhos para saber que os raios de sol já são visíveis, muito embora o relógio marque apenas 6h30

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

          O insistente e chato som do despertador é ouvido e eu nem preciso de abrir os olhos para saber que os raios de sol já são visíveis, muito embora o relógio marque apenas 6h30. Estico o braço na direção da mesinha de cabeceira e depois de desligar o meu telemóvel, esfrego os olhos e bocejo, sentindo-me realmente cansada. Esta noite tive mais uma daquelas insónias terríveis e nem mesmo a medicação me ajudou a dormir. Eu não sei é a ansiedade de ter novamente a filha em casa ou o medo de que ela volte a piorar e tenha de voltar para aquele inferno. Dinheiro por enquanto não é um problema devido à solidariedade da equipa do Arsenal, contudo, eu não me posso desleixar.

          Ergo o meu corpo da cama e logo tomo um banho com a água mais fria que quente, no intuito de despertar e não chegar ao trabalho com cara de sono. De banho tomado, cabelo seco e roupa vestida, passo um breve corretor de olheiras para retirar este inchaço nos olhos me faz parecer um morto vivo e assim que terminar as limpezas, eu voltarei a casa para após mais um duche, vestir-me mais formalmente e maquilhar-me corretamente para ir para a Salesforce.

          - Já acordada? – Inquiro à minha mãe ao vê-la na cozinha, aproximando-me dela para deixar um rápido beijo nos seus cabelos, já que a mais velha está de costas. – E bom dia.

          - Sim, tenho trabalho muito cedo. Alguma pessoa rica decidiu que sexta-feira é um bom dia para casar e estou cheia de clientes agora de manhã. – Agradeço com a cabeça quando ela pousa o café e as torradas em cima da mesa e mesmo que não tenha grande apetite, sou obrigada a comer, depois de ver o seu olhar repreendedor quando me agarro só ao café. – Quem casa a uma sexta-feira?

          - É bastante comum nos países do sul da Europa. – Dou de ombros depois de engolir parte da torrada e dou um gole no líquido escuro que não dispenso pela manhã. – Um funcionário lá da Salesforce foi a um casamento a Portugal e teve de pedir dois dias de férias porque era a uma sexta e acredites ou não, os casamentos são bem mais baratos. – A mais velha senta-se à minha frente com um olhar curioso, olhar esse que já tinha notado, mas ignorei. – O que foi?

          - Laura, querida, tu andas a fazer algo além das limpezas e do trabalho de rececionista? – Franzo a testa em confusão, sentindo o meu coração disparar com a ideia que me passa pela cabeça que ela possa ter de mim. – É que eu ontem quando voltei e já estavas a dormir vi um cheque a cair da tua mala, a quantia era elevada e o nome escrito era daquele jogador francês do Arsenal, o Giroud. – Abro e fecho a boca várias vezes na tentativa de me defender, mas as palavras não querem sair. Sinto-me desiludida com a imagem que a minha mãe aparentemente tem de mim. – Eu entendo que estejas mal de dinheiro, mas eu tenho-te ajudado e...

          - Mãe, eu não me acredito que tu estás a pensar que eu me vendi para tratar a minha filha! – Firmo as mãos na mesa, deixando que a minha voz finalmente saia, contudo a mesma é ouvida em tom arrogante e não dócil como eu costumo ser com a minha progenitora. – Eu não fui para a cama com ele em troco de dinheiro para os tratamentos! Sabes bem que odeio esse tipo de comportamentos, sabes que foi algo que no desespero já me passou pela cabeça, mas eu era mais nova! Eu agora nunca faria isso, mãe, nunca!

hero ⌈  olivier giroud  ⌋ ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora