〈 S E T E 〉

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          Como já é habitual em mim, e não é por estar de férias que isso mudaria, acordo cedo para fazer algum desporto e, como estou em Chambéry, aproveitar para passar um tempo com a família sabendo perfeitamente que o meu irmão mais velho tamb...

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          Como já é habitual em mim, e não é por estar de férias que isso mudaria, acordo cedo para fazer algum desporto e, como estou em Chambéry, aproveitar para passar um tempo com a família sabendo perfeitamente que o meu irmão mais velho também acorda cedo como eu. Segundo o Bertrand, a deficiência da família ficou com o mais velho e com o mais novo, o Romain e eu, respetivamente, porque somos os únicos dos irmãos que adoramos acordar cedo, fazer exercício, ou então apenas apanhar ar. Nós não somos deficientes, nós só gostamos de aproveitar o dia e é de manhã que se começa a fazê-lo.

          Levanto-me lentamente da cama e com cuidado para não fazer qualquer barulho, uma vez que Laura está a dormir e pelo que vejo, ela está confortável a fazê-lo. Ela precisa de dormir, descansar e ter o seu tempo, principalmente depois do que aconteceu com a Aurora ontem. Dirijo-me ao quarto-de-banho, fazendo a minha higiene básica e visto-me com roupa desportiva, saindo do quarto depois de deixar um pequeno beijo nos cabelos da ruiva. Ela fica adorável a dormir, parece um anjo de tão em paz que ela está. Eu só gostava que ela tivesse essa paz mesmo quando está acordada.

          — Bom dia. — Saúdo o meu irmão mais velho e a minha mãe, deixando um beijo na cabeça da minha progenitora. Sento-me ao lado do meu irmão e encho o meu copo de café, erguendo uma sobrancelha ao homem. — O que foi?

          — Acordaste tão cedo? Não preferias descansar?

          — Já sabes como eu sou. — Dou de ombros e bebo um pouco de café, começando a passar manteiga pelo pão torrado e sorrindo para a mais velha. — Vamos dar uma volta de bicicleta? Apetece-me ir até Le Bourget-du-Lac, ver o lago, relaxar um pouco. — Logo Romain concorda com a cabeça, sorrindo brevemente.

          — A Laura ainda está a dormir? — Olho para a minha mãe, apenas movendo a minha cabeça afirmativamente por estar a mastigar o alimento e vejo-a sorrir. — Eu gostei mesmo dela e da Aurora, sabes? Não o disse apenas por elas estarem aqui connosco a ouvir.

          — Eu sei maman e elas também gostaram muito de ti. — Alcanço a sua mão em cima da mesa e acaricio a sua pele, com um sorriso verdadeiro nos meus lábios. — Nada me deixa mais feliz que ver que vocês se dão bem, ainda mais depois da tua relação turbulenta com a Jennifer. — Gargalho quando o rosto dela se converte numa expressão repreendedora e desagradada.

          — As mães nunca se enganam e se eu nunca gostei dela é porque ela não era a certa para ti. — Reviro os olhos com o tom de voz que ela usa, aquele que eu odeio, parecendo repreender-me por eu nunca lhe ter dado ouvidos. — Mas o importante é que te livraste dessa víbora e agora estás com uma menina com um coração realmente puro e que tem uma criança linda e adorável.

          Assim que terminamos de comer a refeição preparada pela nossa mãe, levantamo-nos da mesa e vamos buscar as nossas bicicletas, seguindo caminho para a cidade vizinha à nossa. São 12km, feitos em supostamente 45min, mas por estarmos fisicamente preparados e habituados a este percurso, fazemos em apenas 30min. Pouso a bicicleta num local adequado e sento-me no pier, com Romain ao meu lado, respirando fundo o ar puro que aqui se sente. Ao fundo conseguimos ver as montanhas carregadas de neve, mesmo sendo verão, ouvir o cântico dos pássaros, a gargalhada das crianças que passeiam com os seus pais. É bom estar de volta a França, a minha casa, a que me viu nascer, muito embora eu saiba que a minha verdadeira casa é onde o meu coração está e onde tudo começou: Londres.

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