〈 O I T O 〉

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          Os raios de sol adentram no meu quarto e nunca eles tanto me incomodaram quanto hoje

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          Os raios de sol adentram no meu quarto e nunca eles tanto me incomodaram quanto hoje. Não estou de mau-humor, não passei mal a noite, sinto-me bem, contudo, eu sinto-me nervosa. O formigueiro do nervosismo percorre todo o meu corpo e torna-se quase impossível controlá-lo. Gostava de saber como o fazer e parar com este incómodo que desde há uns dias me consome.

          Richard já saiu para trabalhar. Saiu ainda o sol não tinha nascido, pois os compromissos como advogado assim o obrigaram e esta manhã espera-lhe uma enorme audiência no sul de Inglaterra. Eu nem mesmo sei a que horas ele volta, mas este garantiu-me que seria perto do final da tarde, uma vez que combinou com os seus colegas que independentemente da sentença proferida pelo juiz, eles sairiam para comemorar. É um pouco louco ouvir um advogado dizer que festejará caso perca, mas eu entendo o lado dele, ele está farto deste caso e do seu cliente e quer é acabar com isto. Contudo, eu sei que ele odeia ser rebaixado e perder, então fará tudo ao seu alcance para ser o responsável pela felicidade do seu cliente, este que ocupará o lugar dos réus. Resumindo, o cliente dele fez merda, o Richie sabe, mas ele recebe para o defender, então, não há muito que ele possa fazer. Como o Olivier e a Laura diriam: que seja o que Deus quiser.

          Olho para o telemóvel assim que o mesmo toca em sinal de mensagem e respiro fundo ao ler que Aaron está a caminho de minha casa. Antes que me crucifiquem, eu apenas o chamei aqui para resolvermos tudo, para definir de uma vez por todas o que se passa entre nós e sermos felizes juntos dos nossos companheiros. Tudo o que nós queremos é um bom ambiente e não um daqueles constrangedores e tensos como foi no outro dia em casa do Giroud.

          Levanto-me da cama, ajeitando a minha roupa no corpo e o tecido que cobre o colchão, dirigindo-me em seguida para a cozinha. O chá que havia preparado, já está completamente frio, fazendo contraste com o calor que, estranhamente, se faz sentir lá fora. Abro a janela de acesso à varanda do meu apartamento e acendo um cigarro. É raro eu fumar, mas em dias stressantes como este, eu preciso de o fazer. A chaleira está de novo ligada e a saquinha de camomila, dentro do novo copo de chá que farei. Se a Laura aqui estivesse, ela estaria a gozar com a minha cara, pois ela sabe o quanto sou dependente de café e que é preciso estar muito nervosa para optar por chá de camomila e não pelo escuro líquido que várias vezes ao dia eu ingiro.

           Apago o cigarro no pequeno cinzeiro no exterior da casa e caminho para o quarto-de-banho, onde lavo os dentes e coloco um pouco de perfume. Aaron detesta que eu fume, já na altura em que nada havia acontecido entre nós, ele por muitas vezes me advertiu para os malefícios do tabaco, mas eu nunca o ouvi. Ele não manda em mim, já na altura não o fazia, aliás, ninguém manda em mim ou na minha saúde, deixem-me simplesmente destruir-me sozinha.

           — Podes entrar. — Cedo espaço a Ramsey, assim que abro a porta depois de ele ter tocado à campainha. Dirigimo-nos para a cozinha e rio baixinho quando o vejo a observar a mesa. — Queres beber alguma coisa? — Inquiro ao misturar a água fervida com um pouco de água fria e concordo com a cabeça ao vê-lo negar.

hero ⌈  olivier giroud  ⌋ ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora