〈 P R Ó L O G O 〉

417 15 46
                                    

          As mãos da minha mãe envolvem os meus braços com o carinho e amor com que ela sempre o fez

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

          As mãos da minha mãe envolvem os meus braços com o carinho e amor com que ela sempre o fez. Os seus olhos estão fixos nos meus e um leve sorriso está nos seus lábios. Se eu não estivesse tão nervosa, eu iria sorrir com ela, mas a minha ansiedade não o permite. Eu sinto-me incapaz de sorrir e ainda mais incapaz de falar, eu nem sei como vou abrir a boca assim que me sentar naquele sofá. Desvio o meu rosto para Emily, a minha melhor amiga, que observa admirada a forma como os dois apresentadores agem diante das cameras e como eles são tão naturais ao fazê-lo.

          O momento em que descobri a doença da minha filha de apenas dois anos, foi o pior momento da minha vida, o meu mundo desabou por completo e nada me segurou. Eu pensei que não seria capaz de lutar junto com ela, mas ganhei forças sabe-se lá como e até hoje, meio ano após o diagnóstico, temos conseguido aguentar-nos.

          - Querida, tens de ir, estão a chamar por ti. – A minha mãe diz amavelmente apontando para o senhor que me chama. É um daqueles por detrás de tudo o que acontece e que não dá a cara. – Vai correr bem, eu já vou lá ter.

          Respiro fundo umas cinco vezes e depois de receber um abraço apertado das duas mulheres que me vieram acompanhar, eu sigo o senhor e sorrio educadamente para o mesmo. A minha história de vida e o problema de saúde da minha filha chegaram aos ouvidos de alguém da conhecida estação britânica ITV e por isso fui convidada por Holly Willoughby e Phillip Schofield para comparecer no programa da manhã deles, o tão famoso This Morning.

          - Bom dia, Laura. – A simpática apresentadora diz enquanto se ouvem palmas com a minha entrada e logo deixa dois beijos na minha bochecha. – Seja bem-vinda.

          - Obrigada pelo convite. – Profiro educadamente depois de repetir o cumprimento com o mais velho. – É um gosto para mim estar aqui convosco. – Sento-me corretamente no sofá e evito olhar para as cameras, por ser algo que me incomoda e nem sei como eles conseguem lidar com tantas luzes a bater neles.

          - Como se sente? – Phillip interroga quando me nota mais confortável e sentada perto deles. – Sabemos que não é fácil para si estar aqui devido às circunstâncias pelas quais está a passar.

          - Estou bem dentro dos possíveis. – Dou um pequeno sorriso, o mais verdadeiro que consigo e entrelaço as minhas mãos em cima das pernas. – Tenho de levar um dia de cada vez e na maior calma possível.

          - A Laura é natural da Escócia, correto? – Holly questiona ao olhar de leve para os seus papéis e assim que eu concordo com a cabeça, suspiro baixinho. – O que a trouxe para Londres?

          - Eu já tinha intenções de me mudar para Londres, uma vez que a minha mãe já vivia cá, mas a doença da Aurora acelerou todo o processo. – Balanço o meu olhar entre os dois apresentadores que me olham atentamente, mostrando que querem que eu desenvolva a história. – A minha mãe sempre teve o sonho de abrir um cabeleireiro em Londres, mas com a doença do meu pai, ela nunca o conseguiu fazer, então após a morte dele, ela realizou o seu sonho. – Engulo em seco ao lembrar o meu progenitor que faleceu pouco antes da minha filha nascer. – O meu pai sofria de alzheimer, manifestou-se muito cedo e foi muito rápido desde a descoberta até ele perder por completo a sua sanidade mental. É um caso bastante estranho, mas o passado dele recheado de álcool e outras substâncias, pode ter ajudado ao rápido desenvolvimento, mas para ser sincera, eu não sei explicar bem porque como estava grávida, sempre me mantive longe do assunto, fiz o luto à minha maneira quando ele morreu e nunca me envolvi muito na parte médica. – Bebo um pouco da água que tem para mim e passo a mão pelo meu cabelo. – Antes de falecer, ele teve algumas recordações e disse à minha mãe para seguir o sonho dela, porque ele não estaria mais ali para atrapalhar, então, foi o que ela fez, cumpriu o último pedido dele. – Noto os olhos da loira marejados e sorrio ternamente. – Então quando a minha filha adoeceu, eu mudei-me para cá porque há melhores médicos que na cidade onde nós vivíamos na Escócia, arranjei emprego e vivemos com a minha mãe.

hero ⌈  olivier giroud  ⌋ ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora