Cap. 4 - Distância Entre Nós

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Pov Lauren Jauregui
Long Beach, Califórnia

As manhãs de sábado são meu horário predileto com Emily. Enquanto me abaixo para alongar as panturrilhas, observo quando ela atravessa a rua vestindo a roupa de corrida. Sem maquiagem e com uma faixa puxando o cabelo para trás num rabo de cavalo simples, ela parece jovem e bonita. Mais parecida com a garota por quem eu me apaixonei do que com a que ela se tornou ultimamente. De algum modo, a informalidade de sua aparência se mistura à sua atitude, fazendo-a perder o ar de superioridade que aparentemente piorou nos últimos meses.

— Bom dia. — Ela dá um sorriso largo e feliz, ficando na ponta dos pés enquanto me beija na bochecha.

— Alguém acordou com o pé direito. — Eu troco a perna, me abaixando para completar meu alongamento pré-corrida.

— E por que não estaria feliz?

Concordo totalmente, mas estou curiosa para saber o que a fez se dar conta disso esta manhã. Começando seu próprio alongamento, Emily separa as pernas, abaixando-se dramaticamente, colocando as palmas das mãos no chão. Seu traseiro está perfeitamente posicionado à minha frente. Definitivamente de propósito, mas quem sou eu para reclamar de uma vista tão maravilhosa?

— Também acho. Para falar a verdade, estou mais feliz a cada minuto. — Dou-lhe um tapa no traseiro e ela gargalha como uma garotinha.

— Quer fazer o circuito pela cidade até a biblioteca e voltar, ou ir direto para a pista da escola?

Corremos juntas nas manhãs de sábado desde o ensino médio. Ultimamente, às vezes, acho que é o único momento que curto com Emily. E talvez quando seus pais saem por algumas horas e eu dou uma passadinha por lá, mas isso sempre começa bem e acaba comigo ficando frustrada.

— Circuito .

Ela encaixa um fone de ouvido e deixa o outro pendurado.

— Aposto que corro mais do que você até a casa do velho Wilkins! Quem perder paga o almoço.

Emily sai correndo antes mesmo de eu conseguir responder. A casa dos Wilkins fica a dois quarteirões de distância, mas são quarteirões compridos. Deixo-a liderar por mais ou menos um quarteirão e meio. Então, ultrapasso-a correndo, bem quando ela começa a sentir o cheiro da vitória se aproximando. Nenhuma de nós gosta de perder nada; é uma das poucas coisas que ainda temos em comum. Mas também uma das coisas que nos atrapalha.

— Você trapaceou. — Com o rosto vermelho e debruçada com as mãos nos joelhos enquanto tenta recuperar o fôlego, Emily faz uma careta.

— Como posso trapacear? É uma corrida e você saiu antes de mim. Até parece que eu entrei num carro e dirigi até aqui quando você não estava olhando.

— Você me deixou achar que eu ia vencer.

— E?

— E isso é trapaça.

— Isso não é trapaça, é uma brincadeira com você.

— Brincadeira? — Ela se endireita, as mãos nos quadris.

— É.

Eu me inclino e beijo-a suavemente. Ela ainda está sem fôlego, mas dá para ver que está tentando não demonstrar. Eu não estou nem um pouco cansada.

— Bom, então vamos ver se vai conseguir brincar comigo esta noite. — Isso soa como um desafio.

Dando um passo para dentro de seu espaço pessoal, olho para baixo tentando intimidá-la ao máximo. Mas isso só a deixa ainda mais mal-humorada.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora