Pov Camila Cabello
A casa de Keller fica apenas a alguns quarteirões do The Grind. Ao estacionar, Lauren sai do carro com ele. Os dois trocam algumas palavras que não consigo ouvir e então Lauren abre a porta de trás, oferecendo a mão para me ajudar a sair. Estende a outra mão e abre a porta da frente, do passageiro. Ela espera até que eu entre para fechá-la, então corre até o outro lado do carro.
Com a mão direita no câmbio, por um segundo, parece que vai dirigir, mas depois muda de ideia. Deixando o carro parado, ela se vira para me encarar. Erguendo um joelho em cima do banco e girando o corpo na minha direção, ela deixa um dos braços casualmente solto nas costas do assento. Só estamos nós duas agora e, de repente, o interior do carro espaçoso parece menor. Talvez até um pouco mais quente.
Ela olha para mim e arqueia uma sobrancelha com um sorriso. Embora completamente consciente de que tenho que lhe dar o endereço da minha tia, entro na brincadeira. Sorrindo de volta, arqueio minha sobrancelha e cruzo os braços sobre o peito, teimosa.
Jogando a cabeça para trás, Lauren ri. O som profundo e rouco ressoa pelo meu corpo, me aquecendo. Combina com seu rosto bonito.
Juntas, damos boas gargalhadas e então ela estende a mão para mim e, permeada por um meio-sorriso sensual, finalmente ouço a voz dela:
— Lauren Jauregui.
— Camila Cabello — eu respondo.
— É um prazer conhecê-la, Camila Cabello. — Ela não solta minha mão enquanto fala.
— Um prazer conhecê-la também. — Sinto o calor da mão dela se espalhar por mim.
— Estava começando a achar que você era muda.
Arregalo os olhos.
— Eu? Foi você quem começou isso.
— Não tenho falado muito ultimamente, eu acho. — Ela abre a boca como se fosse dizer algo mais, mas desiste logo em seguida.
Dou de ombros, entendendo completamente como ela se sente, embora tenha certeza de que seja por motivos diferentes.
— Entendo. Às vezes, não estamos a fim de falar. Ultimamente, eu sinto que toda palavra que digo é analisada, em busca de um significado escondido.
Lauren solta minha mão e, instantaneamente, sinto o calor que invadiu meu corpo inteiro começar a esfriar. Quando ela se vira para olhar para a rua, sinto arrepios pela brusca mudança de temperatura.
— Frio, com este tempo? — ela pergunta surpresa, ao ligar o carro.
Não vou contar a ela que a temperatura do meu corpo mudou drasticamente quando ela soltou
minha mão. Enrubesço só de pensar como meu corpo ficou quente apenas com a sensação da mão dela na minha.— Não é frio, só um calafrio, acontece comigo às vezes.
Como se eu tivesse alguma doença e isso não fosse o resultado dos hormônios borbulhando pelo meu corpo de dezessete anos.
— É, as mulheres sempre têm esse problema quando estou por perto — Lauren brinca, olhando na minha direção. Vejo uma centelha de luz nos olhos dela. Está ali. Existe um tipo de fogo com o qual nenhuma das duas se sente muito confortável. Mas, ao mesmo tempo, não conseguimos parar de jogar lenha na fogueira.
— Pensando bem, acho que estou com frio. — Um sorriso aparece e suas ruguinhas deliciosas também.
— Para onde? — Lauren pergunta, olhando em frente, para a rua. Será que está tentando evitar outro encontro de olhares?
— Uhmm. Não sei. Eu, hã... — Nervosa, tento responder com palavras coerentes, mas não consigo. Será que quer me levar para algum lugar?
— Você não sabe onde mora, bobinha? — Lauren tira sarro, agora com um sorriso largo que espalha calor pelos bancos esportivos gelados e provoca sensações constrangedoras pelo meu corpo.
Tento disfarçar o rubor que está brilhando em minhas bochechas pálidas.
— Achei que pudesse descobrir sem nenhuma palavra, Lauren Jauregui, a Muda Maravilha.
— Sabia que você me achava maravilhosa. — Ela, sem dúvida, está gostando da nossa brincadeira.
Antes que eu possa responder, Lauren entra na minha rua e está diminuindo a velocidade em frente à casa da tia Claire.
— Persegue muito as pessoas? — exclamo, realmente surpresa por ela já saber aonde eu moro.
— Você sempre tem que desconfiar das pessoas mais quietas, Camila. Sempre. — Lauren dá um último sorriso encantador antes de se virar para abrir a porta.
Quando ela aparece na porta do passageiro e estende a mão para me ajudar a sair do carro, minhas pernas instantaneamente viram gelatina. Lauren pega minha mão para me ajudar, e a combinação de minhas pernas trêmulas e da sensação de torpor que seu toque provoca me faz perder o passo. Eu tropeço e caio diretamente dentro dos braços dela.
— Ei, você está bem? — Lauren ri, mas continua com os braços ao meu redor enquanto olha para baixo para ter certeza de que estou realmente bem.
Graças a Deus está escuro, pois nunca me senti tão vermelha na minha vida. Sou tomada de surpresa pela reação do meu corpo à sensação dos braços dela me envolvendo. Será que ela também percebe isso? Com certeza deve saber o que a proximidade dela está provocando em mim.
Olho para cima para assumir minha falta de jeito e nossos olhos se encontram... mais perto... muito mais perto do que antes. Lauren de repente fica mais ereta e me equilibra sobre meus próprios pés.
— Precisa que eu leve você até a porta da frente?
Há uma mudança brusca e severa em sua linguagem corporal e uma monotonia em sua voz. Ela poderia estar perguntando a uma velha senhora se ela precisa de ajuda para atravessar a rua.
— Estou bem. Só um pouco desajeitada. Pode ir.
Minha chateação está evidente em minhas palavras, e, com certeza, no meu rosto. Nunca fui muito boa em esconder minha dor.
No entanto, Lauren não parece notar. Sua cabeça já está em outro lugar, talvez até seu corpo.
— Vejo você na escola. — A voz dela é mecânica, sem nenhum resquício da garota brincalhona que estava flertando comigo há apenas alguns momentos. Ela nem mesmo olha para trás quando vai embora.
Lauren, com seu jeito bem educado intacto, senta-se no carro esperando para ter certeza de que entro em segurança em casa. Assim que fecho a porta, ela se afasta da calçada. Olhando pela janela, lembro-me de como o comportamento dela mudou na pista de corrida.
O que invade a cabeça de Lauren e rouba aquele brilho dos seus lindos olhos?
Mais tarde naquela noite, viro de um lado para o outro, lembrando-me do calor que invadiu meu corpo ao toque de Lauren. Não me lembro de ter sentido nada parecido antes. Por mais que eu saiba que, para começar, preciso focar no motivo da minha vinda a Long Beach, é praticamente impossível apagar a sensação da minha mente. Ou do meu corpo.
Ao pegar no sono, começo a pensar na minha irmã. Até eu conhecer Dinah, nunca tive alguém com quem compartilhar meus pensamentos mais íntimos. Mamãe e eu não tínhamos esse tipo de relacionamento. Eu não teria lhe contado sobre Lauren. Pelo menos acho que não. Mas uma irmã... uma irmã é exatamente a pessoa com quem se dividiria esse tipo de coisa. Talvez a minha seja popular e já tenha tido namorados; ela saberá me dar os melhores conselhos.
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CAMREN: Peças do Destino (G!P)
FanfictionLauren: Meu mundo mudou, completamente, quando conheci Emily. Camila: Apaixonar-me por ela não estava nos planos. Mas... Quantas peças o destino era capaz de pregar? Lauren G!P - Se não gosta, não leia!!!