Cap. 21 - Mal intencionada

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Pov Camila Cabello

— Que saco! — Assustada pela vibração do meu iPhone no bolso, pulo da cadeira do escritório da tia Claire.

Mais de uma dúzia de envelopes pardos escapam dos meus braços e se espalham pelo chão. Papéis soltos saem dos arquivos minuciosamente catalogados. Nunca conseguirei colocar tudo na ordem em que a tia Claire os mantinha. Pastas com devolução de impostos, recibos, papéis de seguro e faturas médicas cobrem o chão. Nada remotamente relacionado a mim ou à minha irmã. Nem mesmo um só papel sobre minha mãe.

Faço o melhor que posso para recolocar os papéis nos arquivos corretos e em ordem alfabética antes de enfiá-los de volta no armário de madeira. Tia Claire é muito mais organizada do que minha mãe foi um dia. A ideia que a mamãe tinha de arquivar era jogar papéis amassados dentro de uma caixa de sapatos embaixo da cama.

Desanimada depois de outra busca infrutífera, pego meu celular para ligar de volta para Dinah.

— Até que enfim! Pensei que fosse ter que ir até a porcaria da ensolarada Califórnia! — Dinah atende ao telefone no primeiro toque.

Ouço a música alta zumbindo ao fundo.

— Onde você está?

— No Texas — ela responde e consigo ouvir o sorriso em sua voz.

— Obviamente. Mas onde? Tem uma música zumbindo ao fundo.

Ela ri. A música fica mais distante à medida que ela continua; deve ter se afastado para ter mais privacidade.

— No lago.

— Ah. — Uma imagem do lago Caddo preenche minha mente. Os ciprestes altos e cheios de musgo e a vegetação verde exuberante ao redor da profundíssima água azul fazem-no parecer um cenário de fantasia. Quase como se fosse uma parte de um pântano da Louisiana em vez do Sistema Nacional de Florestas do Texas.

Dinah e eu costumávamos passar horas lá nadando em uma área escondida. Sendo egoísta, fico triste que ela esteja no lago com outra pessoa em vez de estar comigo.
Ela sente, mesmo estando separada de mim por dois estados e eu ter dito apenas meia dúzia de palavras. Isso me faz sentir ainda mais saudade dela.

— Não está perdendo muita coisa. Sean Drexler acabou de destruir nosso lugar favorito com a bicicleta imunda dele. Nosso espaço de grama verdinha embaixo da árvore agora é um lamaçal.

— Sean Drexler? O irmão mais velho do Nick? Você está no lago com o Sean?

— Não se preocupe, mamãe galinha, há um monte de gente, não só nós dois.

Eu suspiro.

— Sinto como se você estivesse me traindo, indo ao nosso lugar favorito com outras pessoas.

— Uhmm. Oi? Tive que vir aqui com seis pessoas para substituir uma só de você e ainda assim não é muito divertido.

Tenho certeza de que ela está mentindo; Sean e Nick são doidos. Seria praticamente impossível não se divertir estando perto deles. Mesmo assim, me faz sentir melhor.

— E aí, alguma pista sobre a sua irmã? — Dinah pergunta, transformando nosso bate-papo em conversa séria, a voz dela se aprofundando.

— Não — eu digo, desanimada. — Já procurei quase pela casa toda. Toda vez que a tia Claire sai, dou mais um bisbilhotada, mas ainda não encontrei nada. Embora tenha aprendido um pouco sobre a lei da Califórnia na internet. Já que nascemos na Califórnia, a adoção provavelmente foi feita aqui. E, na Califórnia, uma pessoa pode descobrir a informação de seus irmãos biológicos com dezoito anos.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora