Cap. 5 - Até à Lua e de Volta

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Pov Camila Cabello
Brookside, Texas

Acordo com as roupas que vestia ontem. Minha cabeça está latejando e minha mente, rodopiando; a manhã não me traz mais clareza do que ontem. Exceto que agora estou sóbria. Pelo menos acho que estou.

Tentando abrir uma fresta do olho, minha linha de visão como um ímã no metal, a primeira coisa que vejo com meus olhos enevoados são as pulseirinhas cor-de-rosa. Eu mal chego ao banheiro antes de esvaziar o conteúdo do meu estômago. Minha respiração pesada e meu vômito tiram Dinah de seu estado de sono inconsciente e ela vem ver se está tudo bem comigo. Ela parece tão mal quanto eu estou me sentindo.

— Que porcaria foi essa que bebemos?

Dinah molha uma velha toalha de rosto e a dobra em cima da cabeça, deitando-se no chão fresco azulejado do banheiro, perto de onde estou sentada agarrada ao vaso sanitário. Incapaz de levantar a cabeça para olhar para ela, tento me lembrar. Havia vodca. Não muita, só três minigarrafas, do tipo que distribuem nos aviões. Mamãe as mantinha guardadas em uma prateleira atrás de um prato pintado com a figura de algum cantor antigo. Eu me lembro de estarmos bebendo aquilo... mas não consigo me lembrar direito do que veio depois.

— Bebemos as garrafinhas de vodca.

Gemendo, Dinah fala baixinho:

— E depois o gin.

— Gin? — Eu me lembro vagamente de uma garrafa de vidro verde-escuro. — Garrafa verde?

— Sim.

— E quanto nós bebemos?

— Tudo. E depois você a quebrou do lado de fora do trailer.

— Mesmo? — Estou chocada por não conseguir me lembrar daquilo, e não com as minhas ações.

— Sim. E também estava gritando bem alto.

Beber é um dos passatempos favoritos do lugar onde estacionamos nossos trailers, mas não é algo que Dinah e eu fazemos. A preocupação em ser pega entra em meu cérebro, provavelmente pela primeira vez. Pouca coisa permanece em segredo na nossa pequena comunidade.

— Sua mãe sabe?

— Acho que não.

— Como ela deixou você dormir aqui?

— Eu disse a ela que iríamos à igreja e depois correríamos, e que você não deveria ficar sozinha.

— Igreja? — Arqueio uma sobrancelha, mas ela não consegue ver porque minha cabeça continua pendurada sobre o vaso sanitário.

Não sei o que é mais difícil de acreditar: Dinah na igreja ou ela comigo em uma das minhas corridas de dez quilômetros.

— Era isso ou ir para casa e eu estava com medo de te deixar sozinha. — A voz de Dinah fica mais baixa, quase um sussurro. — Não acredito que você pode ter uma irmã.

                             **************

Horas mais tarde, minha ressaca finalmente acabou, depois de uma dose dupla de Tylenol e litros de água. Mas olhar ao redor do quarto me faz sentir enjoada de novo, só que dessa vez não tem nada a ver com o álcool. Todos os meus pertences neste mundo, cabem em oito caixas: minhas sete de sempre e uma caixa nova de supermercado com as coisas da mamãe que eu quero manter. Dezessete anos de vida e isso foi o que consegui guardar ao longo da jornada. E uma das caixas está quase completamente cheia de livros. Enquanto fecho-as com fita adesiva, barulho de pneus na entrada de cascalho ao lado do nosso trailer me alerta sobre um visitante. Uma espiadela pela janela da cozinha confirma que a visitante não é bem-vinda: Evans Cruela. Ela bate na beirada da porta de tela, apesar da porta de dentro estar escancarada e de poder me ver claramente a menos de dois metros de distância.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora