Contos de semideuses

O bolo de papai

Sinceramente, Hazel não tinha pensado no que ela estava esperando para o dia de seu aniversário. Mas seu namorado e seu pai parados dentro de seu quarto, cada um com um bolo na mão, não fazia parte de nenhum dos cenários que ela poderia ter imaginado.

— Posso saber o que vocês fazem no meu quarto? São quase nove da noite. — Ela perguntou, se esforçando muito para não gritar.

— Na minha defesa, eu cheguei aqui primeiro. Ele meio que simplesmente se manifestou aqui à dez segundos atrás. — Frank se explicou, olhando sem jeito de Plutão para ela. Então, algo no bolo que o Deus segurava lhe chamou a atenção. — Isso aí é bolo de nozes?

Plutão o encarou com uma expressão de tédio.

— Sim, por que? — Respondeu.

— Ela não gosta de nozes, a Hazel é mais fã de chocolate trufado com morango. — Frank explicou.

Hazel fechou os olhos e respirou fundo. Seu dia havia sido pesado, treinar os novos legionários era uma tarefa árdua. Só o que ela queria era deitar e dormir. E o que tinha no lugar de uma boa noite de sono? Seu pai e namorado trocando farpas um com o outro.

Plutão encarou o filho de Marte até ele resolver procurar um lugar seguro. No caso, as costas de Hazel.

— Sou um Deus, garoto. Acho que sei o que minha filha gosta ou não. — Ele disse, friamente. Então, sorrindo para Hazel, entregou o bolo em suas mãos. — Parabéns, filha. Eu ficaria para a festa, mas tenho um mundo inferior para gerenciar. Sei que você entende, até ano que vem!

Com um "poof", Plutão simplesmente desapareceu. Hazel se virou para olhar para Frank.

— Sabe, só porque o pedaço de madeira que dita sua vida e morte está segura comigo, isso não torna seguro provocar o meu pai. — Ela disse, séria.

Frank deu de ombros.

— Desculpa, eu não pensei na hora. Só vi esse bolo de nozes e pensei que alguém precisava avisar ele que sua filha prefere comer esterco do que isso.

Rindo, Hazel caminhou até seu namorado e pegou um pouco do chocolate do bolo com a ponta de seu dedo. Ela comeu e sorriu, realmente estava uma delícia.

— Você que fez, não? — Perguntou, encarando Frank.

— Passei o dia correndo atrás dos ingredientes e depois aluguei uma das cozinhas do acampamento para poder fazer isso aqui. — Ele explicou.

"O dia inteiro?", Hazel pensou. Ela havia visto o namorado correndo de um lado a outro do acampamento fazendo suas tarefas e ficou imaginando o quanto seu bolo teria aumentado suas atribulações diárias. Mesmo assim, cansado como ela mesma estava, ele havia ido até ali para lhe fazer uma surpresa.

— Você é um fofo, sabia? — Ela disse, ficando nas pontas dos pés para lhe dar um beijo nos lábios.

Enquanto eles comiam o bolo com um pouco de leite gelado, de repente Hazel pensou em algo que seu pai disse antes de sumir.

— Eu amei o bolo, mas por favor me diz que você não organizou uma festa surpresa. — Ela perguntou, com medo.

Frank riu.

— Relaxa, sei que você está cansada. Eu também estou morrendo de sono. Seu presente é o dia de folga amanhã. Eu também vou folgar e podemos dormir o dia inteiro sem ninguém nos incomodar. Vantagens de ser Pretor, a Reyna vai nos dar cobertura.

Hazel pulou em cima do namorado e o abraçou. Com um beijo na bochecha dele, ela disse.

— Você é o melhor namorado do mundo, sabe disso, certo?

— Claro que sei. — Frank respondeu e a abraçou de volta.

Os dois deitaram assim na cama e logo pegaram no sono. A vida em nova roma era cheia de trabalho e responsabilidades, mas os dois mereciam aquele dia de preguiça juntos e iriam aproveitar cada hora de sono.

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