A outra

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Com qual personagem vocês mais se identificam?

O que vocês acharam do The Show? Comprou ou contrabandiou?

Aniversário da Maria hoje, a burguesa da Harrynation.🥳

Boa Leitura 💚🐦



— Você foi super grossa — Falava andando de um lado para o outro pelo quarto de hotel — Podia ter dito tudo aquilo, mas em uma entonação diferente, em uma ocasião diferente.

— Você é só um robô, não sabe o que fala — A olhei boquiaberta. Ela também estava sendo grossa comigo agora?

— E você está pedindo ajuda a um robô — Retruquei cruzando os braços em sua frente. Foi a vez dela se surpreender.

— Um robô que eu paguei bem caro pra me oferecer bem pouco — Murmurou me fazendo trincar a mandíbula, ela me chamou de pouca merda?

— Peça devolução então — Lhe dei as costas sentando na cadeira da mini cozinha.

— Eu deveria mesmo.

— Ótimo! — Tentei parecer indiferente.

— Ótimo — Retrucou levantando na cama.

— Perfeito.

— Não tem como ficar melhor!

— Não mesmo, deveria me mandar de volta para a Coréia agora mesmo. — Vi ali uma ótima oportunidade de convence-la a me levar pra casa.

— É. Robô idiota — A ouvi murmurar indo em direção a porta.

— A dona dele também. — Revirei os olhos sabendo que ela não me ouviu pois já tinha passado enraivecida pela porta.

O que deu nela? Talvez eu tivesse falado demais, estava a mais de trinta minutos brigando com ela. Mas se ela queria minha ajuda, teria que ouvir e acatar minha opinião.

Não era justo ela simplesmente sair me dando as costas e me deixar trancada dentro deste maldito quarto que nem é meu. Eu não tinha meu celular nem nada do tipo aqui.

Bufei entediada sabendo que agora não teria mais nada de interessante pra fazer. Meu estômago roncou me dando a brilhante ideia de assaltar a geladeira do quarto da Manoban. Sem sucesso uma vez que o frigobar estava só as teias de aranha sem nem uma água de quer.

Irritada peguei o telefone da recepção pedindo diversos pratos que eu julguei serem gostosos enquanto olhava um pequeno cardápio que achei no criado mudo.

— Vou querer também uma mini pizza e esses croissants de chocolate — Falava para a mulher animada, pelo tanto de dinheiro que eu estava gastando, eu não, Lalisa. Aposto que não faria falta na carteira dela.

[...]

Eu já havia feito de tudo, comido, arrumado o quarto inteiro achando alguns objetos inusitados perdidos, quais creio não serem de Lalisa, tomado um banho de banheira demorado roubando algumas roupas da mais nova e até fiquei olhando para a janela julgando os carros que entravam no estacionamento. O que estava fazendo neste exato momento.

— Quem compra um 208? Carro feio. — Julguei o Peugeot vermelho que passava direto pela estrada. — Coupé? Nem sabia que esse carro ainda-.

Iria continuar minha tese quando fui assustada pela porta sendo bruscamente aberta por uma morena exausta. A olhei desentendida esperando que ela iniciasse uma conversa.

— Essa blusa é minha? — Indagou fechando a porta.

— Sim, a calça também. Você me trancou aqui por que?

— Porque um robô não tem que ficar perambulando sozinho por aí — Cruzei os braços indignada, mas era verdade, ela ainda achava que eu era um robô. — O que está fazendo? — Se aproximou jogando o cartão que abria a porta na cama e se aproximando.

— Julgando os carros. — Comi mais um pouco do salgadinho que tinha em mãos.

— Hm, chega pra lá. — Sem me dar tempo para processar, ela se enfiou ao meu lado para ficar no batente junto a mim. Me ajeitei colocando meu braço direito entre os seus para conseguir mais espaço, ela estranhou, mas não se opôs.

— Aquilo é um Clio? Eu acho Clio tão feio. — Apontei para o pequeno carro de duas portas prateado, que entrava no estacionamento mais devagar que um bicho preguiça.

— É, mas é um V6, é muito melhor que o que você está acostumada a ver. Mas o Mégane é melhor que ele, bem melhor.

— Pra mim importa mais a beleza de um carro.

— Você acha? — Assenti. — Um robô preferindo beleza à funcionalidade. — Debochou — As vezes eu acho que quem é o robô sou eu. — Não consegui evitar rir de sua linha de raciocínio.

Enquanto ela olhava os carros aproveitei para prestar mais atenção em seu rosto, ela era tão bonita... Seus traços tailandeses eram tão cativantes... De boca fechada ela parecia um anjo. Seus olhos acastanhados seguiam cada carro que passava pela estrada deixando-a mais atraente.

Por que eu estava me sentindo atraída por ela?

— Ali, 3008, bonito e bom — Apontou para a suv azul que saía do estacionamento.

— É bonito mesmo. — Balancei a cabeça voltando para a realidade que não se resumia a Lalisa Manoban. — Seus carros são mais bonitos — Ela sorriu como se eu tivesse acabado de elogia-la.

— Acredito que a dona deles seja mais, mas fazer o que, eu tenho bom gosto.

— Modéstia pra que né. — Murmurei fazendo-a rir.

— Tire as minhas roupas. Nós temos um compromisso hoje.

— Uma festa? — Perguntei animada.

— Um jantar. — Cortou fazendo meus ombros caírem em decepção.

— Daqueles chatos com acionistas chatos e tudo?

— Uhum. Ou você prefere ficar trancada aqui por mais umas horas? — Neguei veemente com a cabeça e ofereci meus salgadinhos, mas ela recusou. — Sabe que isso mata, não sabe?

— Bugles? — Li o nome da embalagem. — Tem gosto de biscoito, não de morte. — Brinquei vendo-a negar com a cabeça e se desencostar na janela. — Não vai mesmo experimentar?

— Não mesmo. — Começou a desabotoar a parte de cima de sua blusa se preparando para ir tomar banho.

Minhas bochechas coraram na mesma hora, por que ela tinha que achar que eu era um robô? Era errado olha-la? 

Senti um calor desconhecido mordendo o lábio inferior. Sem pensar, falei a primeira coisa que me veio a mente tentando sair dali.

— Vou para meu quarto me arrumar — Sem deixá-la pensar em uma resposta fui até a porta tentando abri-la rapidamente e falhando uma vez que estava trancada.

— O cartão está na cama. — Ditou indiferente sem perceber meu desespero. Pane no sistema, definitivamente.

[...]

Nós andávamos agora, com Lisa já devidamente vestida, pelo grande saguão visando o restaurante que havia por ali. O mesmo que eu e Lisa havíamos ido na noite anterior.

— Oh Manoban, estávamos esperando por você. — Um homem baixo e barrigudo veio em nossas direções de braços abertos, usava um fraque impecavelmente passado e seus sapatos brilhavam como se tivessem acabado de ser engraxados.

— Claro que estavam. — Murmurou sem que o homem pudesse ouvir.

— É um prazer revê-la. — Bajulou enquanto apertava sua mão. — Quem é a moça bonita? — A bajulação havia sobrado para mim também? Não vou negar que adoraria ver esses caras iguais cachorros tentando me bajular para conseguir algo de Lalisa.

— Esta é Roseanne. — Foi curta fazendo o homem arquear a sobrancelha, provavelmente estava esperando um sobrenome... Mas que sobrenome Lalisa inventaria?

— Roseanne Manoban? — Tive vontade de bater em minha testa.

— Sim!

— Não! — Eu e Lalisa falamos em uníssono.

— Quer dizer... — Lalisa tentou pensar em algo ao ver o homem desentendido. — Um dia ela vai ter meu sobrenome claro. — Esperta!

— Park, Roseanne Park — Decidi falar meu nome verdadeiro vendo que o homem ainda insistiria em um sobrenome decente para me chamar.

Jennie que estava ao nosso lado pareceu estranhar minha rapidez em inventar um nome, mas ela nada disse. Espero que seja só impressão minha.

— Tudo bem, me acompanhem por favor.

Ficamos ali por mais duas horas, Lalisa recusava todas as propostas dos acionistas a sua frente, tudo ela considerava pouco, o que me fez sorrir por um momento, mas depois me fez ficar extremamente entediada e irritada. Meio milhão em cinco por cento, na minha visão, era mais do que bom.

— Dez milhões. — Um dos homens mais bonitos e ricos que eu já vi na vida, a considerar sua proposta, ditou em alto e bom tom fazendo todos na mesa se assustarem e Lalisa sorrir vitoriosamente. Um sorriso que me fez ter medo e ao mesmo tempo um desejo estranho por ela.

— Fechado. — Aceitou de olhos fechados fazendo os outros acionistas ficarem de boca aberta.

— Mas. — Eu odiava esses “mas” Lalisa não pareceu gostar também, se ajeitou na cadeira e concedeu a palavra ao homem — Em cinco anos eu tenho que ter o direito de comprar mais dez por cento pelo mesmo valor.

— Sem chances. — Tramontina, corte rápido, pensei. — Dois por cento.

— Seis. — Tentou, mas Lalisa não cedeu. Eu era time Manoban, com certeza ela não cederia.

— Dois por cento, isso ou nada fechado. — O homem cochichou algo com um outro cara ao seu lado que assentiu para então dizer.

— Você tem um novo sócio então. — Estendeu a mão para fechar o contrato e Lalisa prontamente a apertou fazendo os outros acionistas ali se indignarem.

E foi ali que eu vi cinco acionistas brigando feito cães e gatos por pelo menos um por cento das ações de Lalisa. Eu acho. Não tinha entendido nada, depois perguntaria a mais baixa.

Enquanto todos pareciam brigar por míseros por centos, uma mulher no canto da mesa apenas observava aonde tudo daria. Quando Lalisa se levantou ela veio em nossa direção puxando um papo um tanto estranho para então ir direto ao ponto.

— Eu ficaria muito feliz se pudesse conversar com você em particular amanhã, longe destes abutres. — Sua fala me fez rir, parecia até que ela queria subornar Lalisa, mas ela já estava dando dinheiro, suborno não seria necessário certo? Ao menos que...

— Acho que não será necessário. — Lalisa recusou — Você pode conversar comigo junto com os outros acionistas que você chama de abutres. Ou se preferir deixar sua proposta em sigilo, me mande o contrato e eu vou avaliá-lo com prazer.

Sem esperar sua resposta a Manoban apenas deu as costas saindo do restaurante, mas antes que pudéssemos entrar no elevador o homem engravatado chamou nossas atenções novamente.

— Onde pensam que vão? Eu insisto que se juntem a nós para comemorar. — Ditou sorridente nos olhando.

— Receio que deverei recusar. — Lalisa era uma estraga prazeres mesmo.

— Tenho certeza que sua convidada quer se juntar conosco, não? — Sorri subitamente feliz por alguém notar minha presença.

— Suponho que não. — Me emburrei, Lalisa era um porre.

— Pergunte a ela. — Desafiou, abusado, mas gostei da atitude.

— Roseanne, você prefere ir descansar pelo dia ter sido cheio ou quer se juntar a ele em uma festa? — Engoli em seco. Droga.

— Acho que posso fazer as duas coisas. — Perspicaz. O barbudo riu.

— Vamos Manoban, a Kim adoraria ir também, deixe a garota com ela. — A vi apertar a mão odiando ser contrariada. — Vai ser ótimo para a sua imagem. — Ela não pareceu convencida. Decidi ajudá-lo.

— Acho que uma festa seria uma ótima forma de encontrar novos investidores. — Pisquei para o homem que sorriu e piscou de volta, éramos cúmplices agora.

— Vamos antes que eu mude de ideia. — Xeque-mate.

[...]

— Se você não se mexer não vai consegui nenhum investidor — Ditei para Lalisa que insistia em ficar sentada a festa inteira bebendo gim — Você pode me explicar como funciona esse negócio que você faz? — Mudei de assunto sentando ao seu lado, talvez ajudasse ela a se soltar.

— É simples. Eu tenho várias empresas que geram muito lucro, quando se tem uma empresa você pode vender ações e ter sócios, os sócios injetam mais dinheiro. — Ela ia se animando enquanto falava, suponho que gostava do que fazia. — Eu tenho a parte esmagadora de todas as empresas garantindo no mínimo setenta por cento de cada uma. Os outros trinta eu vendo conseguindo dinheiro pra comprar novas empresas e fazer o mesmo.

— Uau, então mesmo que uma empresa vá a falência você não vai. — Ela assentiu sorrindo vitoriosa.

— Posso atrapalhar as senhoritas? — Parei para olhar melhor o homem que parecia um ator de Hollywood. Ele era muito branco, Lalisa me contou que ele era turco. Seu nome era estranho, Kıvanç, seus olhos azuis e seu cabelo liso loiro o deixavam extremamente atraente. Ele era lindo.

— Já atrapalhou. — A mais nova murmurou parecendo não gostar da intromissão do homem.

— Bom, sua assessora Kim disse para você olhar para a pista de dança do lado do DJ. — Arquei a sobrancelha olhando para onde ele falou mesmo que não fosse da minha conta.

Quando olhei para Lalisa ela estava paralisada. O que havia acontecido?

— Você está bem Lisa? — Indaguei.

— Sara... — Murmurou.

— Sara?

— Minha ex namorada está aqui.


👀

Quase não sai hoje Kkkk mas deu tudo certo.




Who Knows❔Chaelisa❓Onde histórias criam vida. Descubra agora