A robô

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Voltei 🥱 Hoje eu não vou enrolar aqui. Não me xinguem.

Boa leitura 💚🐦

Acho que eu nunca havia dormido tão mal, nem quando eu e Harry tivemos que dormir por uma noite em um beco usando nossas mochilas como travesseiro e papelão como colchão.

Meu cérebro não me deixava descansar por um segundo sequer, Jennie sabia que eu não era um robô e Lisa com certeza iria descobrir cedo ou tarde ainda mais com minhas panes nos sistemas, sistema esse que nem ao menos existia.

Eu estava em um impasse, ou eu contava tudo para Lisa e pedia perdão pelos meus pecados horríveis, ou eu continuava fingindo e mentindo pra ela.

O único problema era... Eu estava começando a gostar daquela mulher egoísta e imponente.

Não tenho ideia de quando isso começou e me recuso a aceitar que seja algo maior que admiração ou amizade. Era estranho, mas desde que nos conhecemos seu toque me causava arrepios, até mesmo os mais simples, e ver como ela cuidava de mim ultimamente me fez pensar seriamente sobre isso.

Quando os raios de sol começaram a entrar pela janela, eu desisti de dormir indo até o banheiro. Achei que ninguém estivesse acordado, por isso desci as escadas sem nem me importar em pentear o cabelo.

Mas eu estava errada como sempre, pra minha surpresa Lalisa estava na cozinha, ela usava uma camisa grande cinza e uma calça de ficar em casa na mesma cor.

Tinha em seus pés pantufas de coelho extremamente fofas e um avental amarelo. O que ela estava aprontando?

— Você está um bagaço! — Exclamou divertida enquanto cozinhava.

— Não sabia que ia encontrar alguém acordado nessa hora. — Fui sincera sentado na banqueta a sua frente, agora só a peça de mármore preto nos separava. — O que está fazendo?

— Nosso café da manhã. — Disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— O que fez com a Martha?

— Hoje é dia das mães, ela deveria passar com sua família. — Deu de ombros voltando a se concentrar na sua tarefa.

— Não sabia que você sabia cozinhar. — Tentei puxar assunto.

— Não é bem cozinhar, só estou fazendo Kai log keuy. — Eu não havia entendido bulhufas. Ela pareceu perceber. — É um ovo cozido com temperos doces, azedos, salgados e amargos. — Ela riu da careta involuntária que eu acabei por fazer. — Fica harmônico.

— Não sei se harmônico é a palavra certa quando você mistura tantos gostos assim.

— Não importa. — Veio em minha direção começando lentamente a mexer no meu cabelo, ela estava... O ajeitando? — Seu cabelo precisa de uma hidratação severa. — Ela falava mais pra ela mesma do que pra mim. — Talvez eu devesse comprar um creme. Não quero que meu robô saia por aí com essas pontas duplas.

— Eu tenho sentimentos, sabia? — Abri a boca não gostando da forma que ela falava do meu cabelo, ele não estava tão danificado assim.

— Você não faz o cabelo desde o dia que fomos a aquela festa né... — Falou em voz alta, ela parecia estar falando consigo mesma... — Eu vou te levar num salão de cabelo.

Decidiu por fim. Eu não iria reclamar de jeito nenhum. E no final das contas, o ovo era gostoso.

E aqui estávamos nós, eu estava sentada em uma cadeira maravilhosamente confortável enquanto a Manoban conversava com a cabeleireira sobre o que queria fazer comigo.

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