Ainda lembram dessa fic ou abandonam ela?
Boa Leitura 💚🐦
A mansão incrivelmente moderna conseguiria abrigar facilmente cerca de vinte pessoas, mas duvido que morem no mínimo três. O homem engravatado a minha frente, cujo o nome era Bonvitchelo, fazia questão de enfatizar o quanto se orgulhava desta casa, desde sua arquitetura projetada milimetricamente por ele e sua mulher, ambos arquitetos, até o custo altíssimo de cada pequena ou grande peça que compunha a casa, transformando-a em uma mansão magnificamente cara.
Meu braço se mantinha enroscado ao de Lalisa que em nenhum momento ousava a desviar sua atenção do mais velho, era nítido em seu rosto que ela estava deverasmente entediada, mas acredito que por respeito ao moreno que parecia ter um papel muito importante em seus negócios, ela se forçava a ouvi-lo atentamente.
— E aqui é o salão de reuniões — O engravatado parou exatamente no meio do salão que era absurdamente enorme, desde as paredes com possivelmente mais de cinco metros de altura, até aos quatro ambientes sem divisórias que se separavam magnificamente em um único salão. Havia uma grande mesa de na jantar com um pouco mais de vinte acentos, próximo à ela um grande sofá em formato de L com uma lareira e uma grande televisão de polegada, na outra extremidade havia uma espécie de dele de jogos com sinuca e outros que não consigo lembrar o nome e ao lado uma mesa de vidro com várias cadeiras executivas acolchoadas, uma provável área de reuniões.
— É belíssima — Lalisa não estava se referindo as luxúrias, mas sim, ao que me parece, ao contraste de cores, amarelo similar a ouro escovado eu diria. — O contraste desta sala, é belíssimo — Se explicou como eu havia previsto — O que achou Roseanne?
— Magnífico — Sorri ainda deslumbrada com o local, Lalisa sorriu com minha resposta e voltou a conversar com o homem, logo mais pessoas chegaram e uma música clássica começou a ser tocada por um dos convidados que se arriscava a tocar algumas teclas.
Eu não presta atenção na conversa da mais velha e ela não fazia questão de me incluir nela, então só me restava observar o que as outras pessoas faziam, muitas reclamavam do pianista amador, e quando ele errou uma nota foi seu fim, até um dos homens que conversavam com Lalisa reclamaram. Compadecida com o homem e com as críticas que o mesmo sofria decidi me desvencilhar dos braços da morena, que não pareceu notar já que estava concentrada demais no que os engravatados diziam, e ir até o pequeno palco aonde estava o piano, agora vazio.
Me sentei na banqueta preta acolchoada repousando meus dedos sobre as teclas perfeitamente polidas e comecei a dedilhar sobre elas. No começo, não tocava nada específico, até que a música começou a ser tocada automaticamente por meus dedos. Bella's Lullaby, era seu nome. De olhos fechados eu apenas sentia as notas entrando e saindo de meu ouvido. A melodia era tão calma e bela que acalmava meu ser, deixando-me totalmente anestesiada.
Deixei meus dedos vagando pelo piano até o fim da música, e quando finalmente parei de tocar, antes de abrir os olhos pude ouvir o som de aplausos, quando abri os olhos para checar se não era apenas minha mente fantasiosa pude ver todos os engravatados aplaudindo de pé, e no meio de todos eles estava ela, incrivelmente embasbacada com o que havia acabado de presenciar. Me levantei e curvei-me brincando de ser uma musicista por alguns minutos. Uma música calma começou a tocar pelos alto falantes e assim que desci do palco fui ovacionada por alguns empresários acredito que pediam para que eu tocasse por mais tempo. Envergonhada apenas neguei balançando a cabeça e continuei a andar pelo salão até que encontrasse a morena que estendeu a mão para que eu a pegasse.
Assim que nossos dedos de encostaram eu senti novamente o choque que se tornou rotineiro junto ao nosso toque. Ela me puxou para si começando a dançar indo de um lado para o outro calmamente, eu vi pessoas nos olharem e cochicharem, outras nos observarem e começarem a dançar. O fato era que estávamos em evidência, e eu não gostava nem um pouco disto, mas Lalisa não parecia se importar.
— Não estava em seu manual que você sabe tocar piano — Puxou um assunto.
— Não lembro de tê-la visto ler meu manual — Brinquei vendo-a rir.
— Está certa, não o li, mas você pode cita-lo agora para mim — Falou seriamente, aqui vemos um grande problema. É claro que eu sei o que um robô comum pode fazer, porém a zero nine foi feita com programações bem mais avançadas, era difícil dizer ao certo tudo o que ela fazia. Eu estava em uma encruzilhada, e deveria pensar bastante antes de tomar o próximo passo.
— Acho que seria mais interesse você ir descobrindo ao passar do tempo, não acha? — E é assim que ganha uma encruzilhada.
— Você deve estar certa — Se deu por vencida — Será um grande prazer conhecê-la aos poucos.
— Manoban! — Um homem loiro, que surpreendentemente não usava gravata nem blazer, apenas uma blusa de manga branca, se aproximou de nós. Seu cabelo loiro brilhoso refletia com a luz artificial da casa, seu corte era longo e volumoso e seus dentes eram perfeitamente brancos, seu peito permanecia estufado e ao olhar para Lalisa pude ver que ela não gostava dele, deveria ser mútuo a falta de afinidade.
— Colins — Foi breve me puxando para seu lado segurando possessivamente minha cintura.
— Soube do seu término — Falou cinicamente sorridente como sempre.
— Quase impossível não saber, faz alguns meses, mas ainda está nas revistas de fofoca, difícil mesmo é saber sobre você já que nenhum jornalista está interessado — Riu e me segurei para não acompanha-la deixando apenas uma lufada de ar passar, o que não passou despercebido por nenhum dos dois. O loiro me olhou com desdém para então dizer.
— Você namora muitas cantoras ou atrizes famosas, não lembro de ter visto essa aí na televisão.
— Por que ela não é famosa — Falou simplista e o homem logo voltou a estufar seu peito — Igual sua namorada que se diz modelo, mas ninguém nunca a viu atuar em passarelas de verdade — Essa mulher sabia exatamente como desmoraliza-lo, ela era de certa forma até cruel, mas o loiro merecia, não iria negar.
— Acho que preciso ir agora, se me dão licença — Se curvou, mas antes de sair pude ouvi-lo dizer "Isto não acaba aqui" para Lalisa.
— Quem era esse? — Perguntei curiosa.
— Apenas um acionista ganancioso. Nada com que deva se preocupar — Deu de ombros. Não quis me aprofundar no assunto então apenas me deixei ser guiada novamente pela música que não era alta.
[...]
Todos estavam do lado de dentro, quer dizer, todos os empresários estavam, eu conseguia vê-los pela enorme parede de vidro, os empresários estavam sentados nas cadeiras acolchoadas envolta da grande mesa de vidro. Eu estava ao lado de algumas mulheres e alguns homens do lado de fora da mansão, estávamos na piscina na verdade.
Alguns corajosos haviam pulado nesse frio, todos eles pulavam em uma espécie de prancha que era realmente muito alta, algumas mulheres, que provavelmente já se conheciam, conversavam na beira da piscina, e estava aqui, sentada em uma daquelas cadeiras reclináveis, apenas olhando enquanto as pessoas se divertiam. Eu não tinha telefone, nem nada de interessante para passar o tempo, então me concentrei em um casal de passarinhos que estavam na árvore.
Eles pareciam discutir, gostaria de entender o que falavam, mas como não era possível apenas deixei que meu cérebro trabalhasse em diálogos aleatórios para o casal. Em minha mente eles brigavam para saber quem iria construir o ninho e quem ficaria de guarda caso um animal mais forte viesse ataca-los.
Mal notei quando o tempo passou e quando voltei a realidade, eles estavam prestes a pular de uma vez só na piscina, isso com certeza me molharia toda. Eu tentei sair da onde estava, mas era tarde demais, eu vi em câmera lenta todos pulando de uma vez na grande piscina, e em seguida senti meu corpo ser empurrado. Quando me dei conta Lalisa havia me cobrido impedindo que as gotas de água me molhassem, mas ao contrário de mim, ela estava encharcada.
— Você está bem? Pode se molhar? Não vai estragar vai? — Perguntou preocupada.
Até qualquer dia 😪
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Who Knows❔Chaelisa❓
Science-Fictionhumanos não são capazes de saber de tudo, não podem conter suas emoções, não conseguem ser perfeitos. Mas robôs sim, estes conseguem tudo e mais um pouco. A história só muda quando uma humana se passa por um robô, será que ela conseguirá fingir ser...