Você perdeu o meu robô

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Hey guys...

Boa Leitura 💚🐦

— Pra um robô você tem muitas malas hein — Jennie falava enquanto tirava minha bolsa do porta-malas. Exagerada toda vida, só havia uma mala mediana com algumas roupas que Lalisa havia comprado.

E pra uma antissocial você fala muito. Pensei, normalmente eu diria exatamente essas palavras, mas agora eu deveria agir como o robô legal.

— Vamos logo com isso, eu não tenho o dia todo. — Lalisa ditou quando voltou a se aproximar de nós, ela estava em uma ligação — Esse é o hotel? — Indagou sarcasticamente avaliando o local.

O lugar não era imenso com uma fonte de cinco metros jorrando água para nos receber, como eu havia imaginado, era apenas um único prédio enorme com janelas pretas, uma rotatória no centro e uma recepção mediana. De qualquer forma, era mais chique do que todos os hotéis que eu já fiquei na vida.

— Os acionistas disseram que a reunião seria aqui, mas não precisamos ficar nesse se você não quiser. — Jennie foi rápida, sabendo que Lalisa não havia se familiarizado.

— Não estou a fim de ficar mais tempo dentro desse carro, vamos entrar logo.

Por dentro, o hotel era majestoso, tudo era dourado o que me fazia pensar que era podre de rica, Lalisa era, eu não. A mais velha gastou seu francês fluente me fazendo ter inveja de sua língua, ela se mexia tão suavemente que parecia ser nativa da cidade, e eu não vi uma gotícula de saliva sair de sua boca.

Ela havia reservado três quartos, mas só haviam dois disponíveis, então eu e Jennie tivemos que dividir uma suíte.

— Você dorme no chão — A mais baixa disse colocando nossas malas em um canto. — Minhas costas precisam bem mais que as suas.

— Por que você não gosta de mim? — Fui direta me sentando em um sofá vermelho que tinha ali.

— Por que eu deveria? Você é um robô.

— Você não gosta de robôs?

— Não são humanos, não pensam como humanos, não sentem como humanos, são máquinas, só isso. Você é uma máquina! — Ela começou calma, mas terminou rude. Com certeza ela era traumatizada.

— Tá — Desisti de conversa decidindo por sair do quarto — Eu vou dar uma volta.

— Que seja — A ouvi resmungar antes de sair do cômodo com meu celular em mãos. Precisava falar com Jisoo, já era noite aqui em Nice.


Lalisa pov [on]


— E com isso achamos que seria uma ótima oportunidade para integrar nossas empresas ao redor do mundo — O homem chato, que ditava prepotentemente enquanto rodeava a mesa de mármore, finalmente finalizou sua tese e se aquietou em sua cadeira confortável, eu não aguentava mais sua voz.

Estava quase dormindo pelo fusário e esses acionistas me tiravam do sério, a vida deles girava em torno da bolsa de valores, e eles achavam que sabiam lidar com problemas reais, quando na verdade, não sabiam nem da metade. Meu pai me ensinou que, quando você vai pelo caminho mais fácil, você nunca aprende cem por cento, afinal, o caminho difícil que te prepara para todas as circunstâncias.

— E então senhorita Manoban. O que acha que podemos fazer? — Um senhor de idade que se recusava a vender sua minúscula ação da empresa Indagou.

— Acho que esta reunião está encerrada — Me levantei morrendo de sono, eu precisava de um banho também — Vocês não me convenceram de nada, mas como não quero que minha viagem tenha sido em vão, vocês tem dois dias para me apresentar novas ideias. Caso contrário, não assinarei nenhum papel, a não ser o da demissão de vocês.

Olhando suas caras de desespero, saí da pequena sala indo para o elevador e apertando o botão da cobertura que era aonde meu quarto ficava, infelizmente, o elevador estava descendo, então tive que espera-lo descer, para então subir novamente.

Aumentando minha infelicidade, um casal, trisal ou sei lá o que chamam hoje em dia, entrou no primeiro andar. Quando uma das mulheres encostou em mim eu apenas a empurrei e cheguei para o lado olhando para meu relógio irritada. Como eu odiava pegação em lugares inadequados com gente que você nem ao menos conhece observando. Uma tremenda falta de noção.

Bufei quando outra pessoa entrou no elevador no terceiro andar, agora eu estava com três sem noções e uma garota que ria de minha cara para os loucos por sexo.

No sexto andar os três finalmente haviam saindo me dando espaço para respirar, estava começando a achar que eu era claustrofóbica, ou sexoatrêsfobica.

— Je pensais qu’ils ne partiraient jamais — A morena ditou, suspirando com seu francês meia boca.

— Moi aussi — Respondi sem prolongar o papo.

— Você fala em inglês? Meu francês é péssimo. — Falou na minha língua.

— Sim, ele é péssimo mesmo — Dei ombros agradecendo quando as portas do elevador se abriram no meu andar. Finalmente.

— Nos vemos por aí? — A olhei sem entender, que diabos ela queria comigo? Neguei com a cabeça fazendo-a rir e me dar um tchau com sua mão direita antes das portas se fecharem — Je te vois, oui!

— J’espère que non — Murmurei abrindo a porta do meu quarto.

Quando ia tirar minha roupa para ir ao banheiro, Jennie, que entrava pela porta como um assaltante, me impediu.

— Lisa! — Ditou exasperada.

— O que foi agora? — Bufei colocando meu paletó de volta.

— A robô fugiu.

— Você perdeu meu robô?! — Meu sangue começou a ferver.

— Ela disse que iria sair, e eu meio que esqueci que ela era um robô, não um humano... Ela me confunde muito Lisa! — Bufei passando por ela e entrando no elevador.

— Você perdeu meu robô... — Murmurei.

— Fica calma nós podemos acha-la — Nem ela estava calma por que eu estaria?

— Você perdeu a merda do meu robô... — Batia o pé inquieta enquanto o elevador parecia descer mais lento do que nunca.

— Vamos pensar, ela saiu a mais ou menos uma hora...

— UMA HORA? VOCÊ PERDEU O MEU ROBÔ HÁ UMA HORA?! — Gritei fazendo-a se encolher — Pegue o carro, procure pela cidade, eu vou procura-la pelo prédio! — Suspirei me separando da menor quando as portas se abriram.

Tudo bem, se eu fosse um robô, pra onde eu iria?

[...]

Já haviam se passado trinta minutos, eu não a achava em lugar algum, minha teoria de que robôs gostavam de lugares calmos estava mais do que errada. Agora eu me direcionava ao último lugar que restava, o píer.

E merda, eu havia chegado bem na hora que um garoto tentava empurra-la para dentro da água, muita gente estava ali... Droga, droga ela não pode molhar... Eu acho, não tanto, não deve poder molhar tanto.

Corri em sua direção, mas já era tarde demais, dois garotos haviam se juntado carregando ela e jogando-a na piscina. Sem pensar duas vezes, tirei meu paletó e pulei na água gelada mergulhando e pegando-a em meus braços, a trazendo para cima. Ela tossia muito, provavelmente havia engolido água.

— Por que você está aqui? Você sabe nadar?! — Perguntei preocupada indo com dificuldade pra areia.

— Meu sistema não foi programado pra nadar — Ela dizia nervosamente. Droga eu estava ferrada.

— Tá bom, eu te levo lá, só tenta não fazer peso.

Eu não era forte, longe disso, meus bracinhos eram finos como gravetos. Eu assinava papéis! Não malhava. Dentro da água eu conseguia carrega-la, mas fora não. Foi quando eu tive a brilhante ideia de coloca-la nas minhas costas e tirá-la da água.

— Você consegue andar? Está pesada! — Ditei enquanto andava com ela para dentro do hotel.

— Consigo. — A coloquei no chão ajudando-a a andar.

— Não sabia que robôs tossiam...

— É que, quando meu corpo engole muita água, o sistema detecta uma anormalidade e espelhe essa água, a tosse acontece pois meus fabricantes acharam melhor fazer esse processo parecer real, senão seria como se eu estivesse vomitando água pura, não seria legal.

— É você tem razão, não seria legal — Peguei duas toalhas entregando uma a ela e ficando com outra — Por que você estava aqui?

— Ah... Eu vim fazer um passeio, depois quando voltei pro quarto não tinha ninguém, então voltei pra cá pra olhar a lua, aí esses adolescentes me cercaram e disseram que era tradição os visitantes pularem na água. E quando eu contei que não sabia nadar eles pareceram se empolgar mais...

— Tudo bem — Suspirei — Está tudo bem agora. Veio ver a lua é? O que acha de a gente procurar um lugar por aqui? Ainda dá pra ver — Ela assentiu já se levantando.

— Ei você! — A moça do elevador se aproximou de nós — Esqueceu isso aqui — Entregou meu paletó.

— Ah... — Cocei a nuca... Eu deveria agradecer?

— Obrigada — Roseanne fez por mim.

— Ah, a sereia sem cauda... — Sereia sem cauda? De onde ela tirou isso? — É como estão te chamando ali — A morena riu, mas ninguém a acompanhou — Enfim... Belo salto! — Falou pra mim — Foi muito bem salvando ela. — Sorriu mordendo o lábio inferior e começou a se afastar, não sem antes dizer — J’ai dit que nous nous reverrions.

— O que ela disse? — Roseanne perguntou, ela não falava outras línguas? Eu jurava que havia pedido por isso.

— Nada de importante.

— Quem era? Você conhece? — Muitas perguntas para um robô...

— Não lembro de ter pedido pra te fazerem tão curiosa... — Divaguei — A vi no elevador, só isso. Vamos logo, eu não tenho o dia todo. Quero dormi ainda hoje.



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