Who Knows❔Chaelisa❓

Seja sensível

Boa Leitura 💚🐦

- Rosé? - Jisoo arregalou os olhos quando me viu dentro da caixa.

- O Robô tem nome? - a compradora perguntou surpresa.

- É-É- err - Eu tentei ficar imóvel sem esboçar nenhuma reação, mas o nervosismo com certeza era evidente em meu corpo.

- Todos os robôs tem um nome de protocolo - o gerente falou tentando apaziguar a situação, ele que até então estava calado e surpreso pareceu ter uma reação nada boa.

- Ah claro... - a mulher olhou para mim, seus olhos penetrantes pareciam me avaliar como se soubesse tudo que eu pensava, igual as crianças de igreja que ficam te olhando como se soubessem todos os seus pecados.

A mulher era muito branca, alta, seu cabelo pendia um pouco abaixo do ombro ele era uma espécie de cinza com castanho, uma mistura bonita devo dizer, seus olhos eram castanho escuro, ela não usava maquiagem, pelo menos não muito carregada, sua pele era jovial também com o tanto de dinheiro que ela tem duvido muito que não consiga rejuvenescer com alguns produtos milagrosos.

- Gostou? - o gerente perguntou novamente sendo ignorado pela mulher que agora andava em minha direção.

- Ela até mesmo pisca - olhou para mim com admiração e quando seu dedo tocou em minha pele senti um faíscas em meu corpo - que tipo de tecnologia é esta?! - ela mapeava meu rosto passando a ponta de seus dedos por ele checando os mínimos detalhes, a eletricidade ainda estava lá, percorrendo todo meu ser - vou levá-la - falou por fim.

- Ótimo! Podemos conversar em outro lugar? - o homem olhou para Jisoo como quem dizia "resolva isso, conversaremos depois" e seguiu com a compradora para uma espécie de escritório.

- O que você está fazendo aqui! - soltei uma lufada de ar, que até então não sabia que estava prendendo, e sai da caixa com ajuda de Jisoo.

- O elevador havia sido desligado, tentei mandar mensagem mas meu celular descarregou, eu não tinha o que fazer a zero nine disse que eu poderia ficar em sua caixa para dormir e quando acordei estava aqui - falei rapidamente sem parar para tomar um ar, respirei fundo e continuei - o que vamos fazer Jichu? - olhei-a apreensiva.

- Eu não sei, não podemos simplesmente dizer que você entrou na caixa no lugar da robô e te levar embora, fora que a robô não está perfeita - ela rodou a sala coçando a cabeça - temos que fazer um plano.

- O que você fez! - o gerente abriu e fechou a porta vindo em nossa direção e avançando em Jisoo.

- Ela não tem culpa! - passei em sua frente - Eu entrei na caixa pois me trancaram no porão, a culpa é toda minha.

- Você duas - o mais velho falou em um ranger de dentes passando a mão na cabeça - o que vamos fazer agora? Se ela descobrir-

- Ela não vai - cortei-o novamente - nós vamos achar um jeito.

- E se Rosé ficar com ela por um tempo até que eu consiga modificar a zero nine, posso deixá-la igual a ela e consertar seus problemas, nós nos falaremos nesse meio tempo, posso vir aqui uma vez por semana pra fazer o check-up assim ver como ela está.

- Jisoo... eu não posso ficar aqui! Tenho meu irmão, e um emprego e-

- Esse é seu emprego agora! - me cortou - vai ser rápido.

- Vocês estão brincando né? - o gerente riu - ela não tem nem um terço das especialidades daquele robô, nunca conseguirá fingir ser ele.

- Mas a compradora não sabe disso.

- Façamos o seguinte então, você ficará aqui por tempo indeterminado, mas escute bem, se ela se quer desconfiar de algo estamos acabados e você e seu irmão estão na rua! - engoli em seco. Se eu e meu irmão perdermos o emprego eu não sei nem o que pode acontecer.

- Tudo bem - abaixei a cabeça, eu estava errada de toda forma, deveria me redimir - mas você terá que mandar meu salário para meu irmão, também vai explica-lo o que aconteceu - o homem assentiu - o que faço com meu curso? Estou no último ano!

- Nós daremos um jeito, agora vou te passar os dados básicos da compradora - Jisoo se pronunciou pegando o tablet da mesa de centro - Lalisa Manoban, vinte e seis anos, empresária, hobby não especificado, tailandesa. Sua fortuna é avaliada em um bilhão e meio, ela não especificou o que quer que você faça porém tem algo a ver com "você precisa decifra-la", sei disso porque ela pediu que o robô tivesse a capacidade de reconhecer as expressões faciais - ouvimos a tal de Lalisa se aproximar da sala - Boa sorte! - falou rapidamente com o gerente a puxando para fora do apartamento.

- Jisoo - sussurrei.

- Você vai conseguir Rosie, eu volto semana que vem! - e foi embora.

Levantei o rosto para segurar as lágrimas e me enfiei novamente na caixa, não era exatamente isso que eu queria para minha vida, quem já pensou em se fingir de robô? É loucura.

- Sim sim já está tudo pronto - ouvi o eco de sua voz, ela estava falando no telefone, não me pergunte com quem - Eu estarei aí em duas horas, preciso resolver algo antes.

Ouvi a chamada ser desligada e em seguida passos se seguiram em minha direção, ela estava na minha frente de novo, usava uma blusa azul escura quase preta por dentro da calça jeans preta, estava descalça, seus pés eram grandes assim como suas mãos, mas as mãos eram maiores.

- Você fala? - assenti tentando fazer parecer algo robótico mas falhei miseravelmente, ela respirou fundo e estendeu a mão para mim - Lalisa Manoban - sorriu fechando os olhos, pendi minha cabeça para o lado tentando observa-la melhor, ela era fofa, seus olhos fechavam conforme seu sorriso crescia - essa é a hora que você aperta minha mão - ela falou sem graça ainda com os olhos fechados.

Olhei para sua mão estendida e decidi por aperta-la, lentamente levei minha mão até a sua onde elas se fundiram, uma eletricidade passou por meu corpo a mesma que eu havia sentido quando ela tocará meu rosto.

- Você da choque - brincou soltando minha mão. Não acho que sou eu quem da choque - venha vamos te tirar dessa caixa - sai da caixa me dirigindo até o sofá - Seu nome é? - ela estava tentando conversar, por que?

- Eu não tenho nome - menti.

- Mas aquela mulher disse que tinha, quero manter seu nome, vamos, diga-me qual seu nome.

- Roseanne - fui breve.

- Ah Roseanne... Sabe por que está aqui Roseanne? - neguei rapidamente com a cabeça temendo que ela tenha me comprado, quer dizer, comprado a zero nine, para ter um brinquedo sexual ou algo assim - a uns meses atrás minha ex namorada me deixou - Não estava gostando do rumo que essa conversa estava levando - ela disse que eu era insensível e que tratava as pessoas como objetos. Você me acha insensível Roseanne? - olhou para mim apoiando seu rosto com as duas mãos, ela estava tentando ser fofa?

- Está tentando ser fofa para que eu diga que você é sensível? - arqueei a sobrancelha.

- É isso mesmo - falou na maior cara de pau ainda me fitando - use seus poderes, estou esperando - sorriu gentil.

- Você não é nenhuma maníaca é? - ela negou - se eu disser que você é insensível o que acontece? - ela suspirou esfregando as mãos pelo rosto.

- Você foi programada para amar certo? Para saber tudo sobre o amor e até mesmo senti-lo - me fitou séria - o que eu quero é simples - pegou minha mão e pude sentir novamente aquela eletricidade só que dessa vez mais forte, as pontas de seus dedos tocavam os meus e com delicadeza ela entrelaçou nossos dedos, movi minha atenção de nossas mãos até seu olhos que não pararam um segundo de me fitar - me ensine a amar Roseanne.