ABSURDA

Capitulo 18 - Salvame

Passei mais uma monótona semana naquele quarto de hospital.

Tive de fazer muito exames para acompanhar os estragos que todo esse transtorno causou ao meu organismo.

Estava sendo medicada e recebia soro intravenoso para me hidratar.

Sentia dores em meu corpo e um cansaço muito grande.

Ainda tinha dificuldade para me alimentar.

Meu organismo estranhava qualquer quantidade, por mínima que fosse, de comida que eu ingerisse.
Então eu fazia pequenas refeições por dia. Tudo o mais líquido possível.

Recebi visitas de todos os meus amigos, familiares e colegas. Todos fizeram questão de demonstrar apoio ao período pelo qual eu vinha passando.

Depois de todo esse tempo, hoje eu me sentia um pouco melhor.
Estranhava um pouco menos a comida.
Já não tinha tanta ânsia de vômito ao comer.
Mas eventualmente ainda acabava vomitando.

Eu não tinha muita noção da passagem do tempo enquanto estava ali.

Não sabia bem quando era manhã, tarde ou noite.

Meus pensamentos ainda estavam bem desorganizados.

Eu tinha dificuldade em assimilar a gravidade de tudo o que me acontecera.

Era difícil refazer a linha do tempo e compreender como eu havia parado ali.

Propositalmente, minha cabeça evitava alguns pensamentos.

Eu evitava pensar em Ian e até mesmo em Poncho.

Tudo estava meio nebuloso. Como se não passasse de um sonho cheio de altos e baixos.

Carlos, o médico, interrompeu minha pequena divagação entrando no quarto com cuidado.

Carlos: Anahí? Como se sente hoje?

Anahi: Melhor Dr. Sem muitas dores. Um pouco mais disposta...

Carlos: Ótimo. Lá fora, está a Dr. Adriana. Ela é psicóloga. Achamos que o quanto antes iniciarmos com você um tratamento psicológico, mais rápido teremos resultados positivos.
Vou pedir que ela entre ok ?

Assenti um pouco ansiosa.

Ele se afastou e fez um movimento com as mãos entre o quarto e a porta.

Quando a Dr. Se aproximou ele saiu, me dando tchau com uma das mãos e fazendo um gesto positivo com a cabeça.

Ela entrou delicadamente e se sentou em uma poltrona a meu lado.

Ela era muito bonita e muito jovem. Tinha uma postura simpática que logo me deixou mais confortável.

Adriana: Olá Anahí. - Iniciou - . Meu nome é Adriana. Pretendo te acompanhar daqui pra frente. Você sabe porque estou aqui ?

Assenti com a cabeça.

Adriana: Bom. É um bom começo.
O que está se passando em sua cabeça agora ? Consegue me dizer?

Anahí: Estou confusa Dr. Sinto meus pensamentos desordenados. Mas me sinto cansada demais para tentar organizá-los.

Adriana: ok. Primeiro, saiba que depois de tudo o que você passou, isso é perfeitamente normal. Você não precisa se pressionar e tampouco se apressar em organiza-los. Respeite o seu tempo tá bem ?

Assenti.

Adriana: Você sabe o que aconteceu com você?

Me senti muito envergonhada com a pergunta. Era difícil contar. Me sentia extremamente culpada.