Capitulo 33 - A vida imita a arte

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Depois de 03 dias no hospital me recuperando, pude finalmente voltar pra casa.

Poncho esteve presente o tempo todo no hospital, mas tivemos pouco ou nenhum tempo sozinhos.

Eu estava satisfeita em ir para casa, mas meus níveis de ansiedade estavam altos.

Depois de tudo que passei, minha mente parecia estar completamente anestesiada.

Eu não pensava muito, mas eu sentia, permanentemente um desconforto, uma angústia.

Cheguei em casa bastante cansada. Ainda sentia uma dor na região do estômago quando fazia movimentos bruscos, mas conseguia me virar bem.

Quando tive alta, estava sozinha no hospital. Poncho tinha saído para gravar umas cenas.

Mami e Maritchelo tinham voltado, a contragosto para casa.

Não quis esperar por ninguém.
Tomei um táxi e vim sozinha mesmo.

O apartamento estava diferente.

As paredes estavam pintadas com novas cores. Tons de azul mais vivos e algumas paredes em amarelo.

Os móveis estavam todos trocados de lugar .  Na verdade haviam até móveis  novos. O sofá, que antes era branco de quatro lugares, agora era preto de dois lugares.

Estava tudo limpo e cheiroso.
Nem se parecia com aquele lugar onde eu vivi momentos tão aterrorizantes.

Senti um conforto no coração. Temia voltar para casa e ser corroída pelas lembranças daqueles momentos que passei aprisionada por Ian ali.

Mas agora, tudo parecia aconchegante, novo e acolhedor.

Só podia ter sido coisa de mamãe.
Fechei os olhos e agradeci em silêncio.

Fui até o meu quarto.

Mais uma vez, nada estava igual. Na verdade, até se parecia um pouco mais   comigo.

As paredes estavam pintadas no mesmo tom de azul vibrante dos outros cômodos. Uma delas, porém, tinha um tom de azul claro, e uma sombra de uma grande borboleta pintada.

Havia uma nova cama. Maior e maior fofa. Toda forrada de um cetim azul. Brilhante e chamativo.

Procurei o closet. Tirei aquelas roupas cheirando a hospital e troquei por hobbie de cetim preto.

Me joguei na cama e adormeci bem rapidamente.

Acordei com um barulho na porta. Alguém estava batendo.

O coração acelerou.

Havia dado instruções expressas ao porteiro para não deixar que ninguém subisse sem me interfonar antes. Fosse quem fosse.

Vi Ian ser preso.

Mas a essa altura da vida eu já sabia que ele era capaz de tudo, e poderia ... ter fugido. Não sei.

As batidas ficavam mais impacientes e insistentes.

Me encolhi na cama. As lágrimas vieram aos olhos.

Eu tive medo e não consegui me mover.

Respirar começou a se tornar algo custoso, difícil,  tortuoso.

Eu senti o suor frio em minhas mãos.

E então eu escutei a voz.

" salvame del olvido any"  disse a voz em tom cômico.

Meu coração se acalmou, enquanto respirei fundo com os olhos fechados de alívio.

Me levantei tentando me recompor um pouco e caminhei tumultuada em direção a porta.

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