PREFÁCIO

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                                                                                        PREFÁCIO

ANO: 2030

Luanda: 20:04

SEXTA - FEIRA

Por algures na cidade de Luanda, uma família prepara o belíssimo jantar de sexta-feira. Entre os membros da família estão dois irmãos: um de 3 anos Lael e um de 5 anos Osíris. Os dois irmãos brincam as escondidas dentro de casa, o mais novo Lael esconde-se em um compartimento da casa cuja visibilidade é bastante fraca. É quase impossível notar a existência dele, só os arquitectos da casa saberiam da existência daquele compartimento. Osíris o irmão de 5 anos procura por ele durante um bom tempo mas não consegue achar até que o ir mão de 3 anos Lael sai do compartimento e prega um susto em seu irmão mais velho. Em seguida os dois caem na gargalhada.

– Meninos, vão sentar-se a mesa. – Diz a mãe deles.

Os dois irmãos vão a mesa e se acomodam nela. Junto deles está o irmão de 8 anos Júlio que espera o jantar, ansioso para saborear. Enquanto isso, a irmã mais velha Samanta de 18 anos está a ajudar a mãe a preparar o jantar na cozinha, o irmão gémeo dela Osvaldo está a colocar a mesa, pratos, talheres e copos.

A Família senta a mesa depois de tudo pronto e arrumado. Mas como é costume de toda família Angolana ninguém irá comer até que o cabeça de casa chega. A mãe se levanta chega até o telefone fixo que se encontra na sala e liga para seu marido mas o mesmo não atende.

Ela acha normal, afinal, seu marido trabalha directamente com o presidente de angola, é seu braço direito, seu guarda-costas pessoal. É complicado atender o telefone em serviço.

Ela espera por mais uns minutos e volta a ligar para o número do marido e mais uma vez o mesmo não atende.

Ela está preocupada. Mas não pode exteriorizar sua preocupação, não quer assustar as crianças. Ela se senta a mesa e pede para todos darem as mãos uns aos outros formando uma corrente, e começam a rezar. Uma família de católicos, é sempre viável a busca de deus em momentos de aflição. A oração começa, eles estão a rezar o Pai-nosso.

Bem no meio da oração eles são interrompidos por alguém que entra pela porta principal, é o pai, o cabeça da família. Ele está agitado, seus olhos transbordam pânico e logo sua família vê que há algo de errado.

Ele caminha para perto da mesa de jantar com toda rapidez possível, coloca a mão por baixo da mesa e tira uma pistola "uma nove milímetro" em seguida manipula ela e enquanto manipula se ouve o barulho de um tiro vindo de fora da casa, o tiro quebra o vidro da janela e atravessa o pescoço do irmão mais velho Osvaldo. Osvaldo está no chão e todo mundo entra em pânico. Tiros começam a surgir do nada de todos os lados da casa, vidros de janelas começam a se quebrar, gritos e choros dominam o lugar.

– Vão todos pra baixo da mesa, agora! – Ordena o pai.

Todos vão para baixo da mesa enquanto isso, o cabeça da família começa a fazer tiros contra quem quer que esteja do lado de fora. Por de baixo da mesa, o irmão de 3 anos Lael cutuca o irmão de 5 anos Osíris os dois olham um pro outro, o irmão de três anos aponta pra frente, Osíris olha para onde seu irmão menor está a apontar e vê o compartimento em que outrora Lael estava escondido.

Osíris entende logo o recado, enquanto os tiros penetram pelos cantos da casa, Osíris começa a rastejar no chão enquanto os tiros em direcção ao compartimento secreto, entra nele e fecha-se dentro.

Osíris está no esconderijo, ele pode observar tudo que acontece do lado de fora. Homens invadem a casa, Osíris está com a respiração ofegante pois os homens começam a eliminar a sua família, um de cada vez. A cada tiro Osíris se assusta e pressiona a mão direita sobre a boca, mas com muita coragem para não gritar. Sua família está morta.

Osíris quer chorar mas não pode, nem as lágrimas conseguem se manifestar. Ainda dentro do esconderijo, Osíris ouve a conversa dos homens.

– O presidente mandou matar toda família? – Pergunta um dos homens.

– Quantos membros tem a família? – Pergunta outro.

– Eu não sei, mas parece que estão todos mortos. – Respondeu o que parecia ser o chefe do batalhão.

– E agora?

– Vamos recolher os corpos, queimá-los e parecer que nunca existiram.

Os homens levam os corpos e abandonam o lugar. O menino de 5 anos sai do esconderijo, com lágrimas nos olhos e as mãos trémulas. Ele vê um crucifixo no chão, é o crucifixo que seu pai tanto usa. Como um amuleto da sorte. Ele segura o crucifixo borrado de sangue, ergue ele e finalmente as lágrimas se libertam e começam a correr por seu rosto. Sua família está morta e a culpa é de um único homem... O presidente.

O VILÃO NÃO MORRE NESTE LIVROOnde histórias criam vida. Descubra agora