CAPÍTULO DOZE

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CAPÍTULO DOZE

ANO: 2050

Luanda: 13:00

Quarta-Feira

Marcos Almeida

O barulho do alarme me despertou, por que raios eles inventam essa merd*? Odeio ser incomodado enquanto durmo. Mas a pergunta que eu deveria ter feito antes é: por que raios eu coloquei um alarme se sempre reclamo dele? A resposta para essas perguntas é simples. Eu esqueço muito das coisas, a minha memória não é das melhores. Tenho problemas de esquecimento desde os meus seis anos de idade. Mas eu sei lidar com isso muito bem.

Levantei da cama e fui ao banheiro. Me deparei com pedaços de papéis colados no espelho. Com certeza são lembretes de coisas que acho importante e que não me deveria esquecer. Mas desta vez havia algo de diferente: todos os lembretes tinham a mesma escrita. "Osíris Kandimba é o vilão" e aí eu lembrei o que tinha planejado para o dia de hoje. "Apanhar o vilão por conta própria" já faz dois dias que eu descobri que ele é o vilão, Micael e Alisson ainda estão as escuras. Eles estão a procura de um homem que janta com eles e ainda se acham mais inteligentes que eu.

Tomei um banho, coloquei uma camisa preta, uma calça preta e um ténis da mesma cor.

Organizei meu armamento em uma mochila, acendi um cigarro e caminhei até a porta para sair de casa mas me deparei com uma cadeira em frente a porta que me impedia de passar por ela. Aí lembrei por que ela está lá. Para eu não esquecer as chaves de casa eu colo sempre uma cadeira a frente da porta. Aprendi isso nos livros de psicologia que eu li.

Uso sempre as técnicas que aprendo nos livros em minha vida pessoal. Por exemplo: sempre que estou a estudar para um teste, eu mastigo um chiclete de um certo sabor. No dia do teste mastigo um outro chiclete mas do mesmo sabor. O cérebro conecta o processo de mastigação com as informações absorvida enquanto estudei.

Logo que abri a porta vi Vanessa a minha frente a se preparar para tocar a campainha. O que ela quer? Já ficamos juntos uma vez mas ela pensa que quero algo sério! Imbecil.

– O que foi?

– Como assim o que foi Marcos? Combinamos sair hoje, não lembras?

– Deixa adivinhar, quando fiz esse convite estava bêbado?

– O quê?

– Estava ou não estava?

– Tá, talvez um pouco...

– Então vai a merd#!

Fechei a porta e me retirei, ela ficou lá a se lamentar. Enquanto saia do hotel, lembrei que ainda não havia visitado a minha família desde que cheguei, mas não por esquecimento e sim porque sou a ovelha negra da família. Eles estão nem aí para mim. Eu sou o filho drogado, que eles decidiram praticamente vender ao estado por ser problemático. Eles nunca ligaram para mim durante esse tempo todo, nem sabem se eu morri ou continuo vivo. Para eles já estou morto mesmo.

Subi no carro e dirigi até a casa da minha família, fiquei a observar eles do lado de fora, estavam a almoçar, estavam felizes. Pensei em entrar mas eu sabia que estragaria aqueles sorrisos, minha distância seria o mais viável pois lhes traria paz e tranquilidade. Uma lágrima pesada como o mundo caiu do meu olho. Me limpei e coloquei o carro a trabalhar.

Saí daquele lugar finalmente, meu único destino era capturar o Osíris e me divertir um pouco com ele. O dia hoje promete. Eu precisava estar bem preparado para aquilo. Fui até uma pastelaria tomar o pequeno-almoço em horário errado como sempre faço. Sempre com a minha mochila enorme nas costas. Parecia com alguém que estava a sair de uma guerra mas na verdade eu estava a caminho de uma.

Depois do pequeno-almoço caminhei até o meu destino, a casa onde tudo aconteceria. Cheguei e a encontrei fechada. Olhei pelas janelas mas parecia não ter ninguém. Usei um alfinete para abrir a porto e segundos depois eu estava dentro.

O VILÃO NÃO MORRE NESTE LIVROOnde histórias criam vida. Descubra agora