CAPÍTULO DEZOITO
ANO: 2050
Luanda: 22:40
Quarta-Feira
Micael Tchilomba
Falar sobre a morte é meio complicado, ninguém sabe o que ela é. Mas sabemos a dor que ela causa aos que perdem alguém que se foi. Sempre que perguntavam sobre eu temer a morte, eu dizia que não temo. As pessoas perguntavam "Por quê?" eu respondia "Vocês só temem o que não podem explicar".
Tudo estava agitado no escritório, alguém disponibilizou uns documentos online que mostravam que o nosso presidente era uma fraude. As notícias circularam rápido e o povo começou a manifestar a favor da renunciar do cargo pelo actual presidente, o Serviço de investigação criminal notificou ele e tudo virou um caos.
– Bom dia chefe! – Disse um dos polícias que entrou pela porta com pânico nos olhos e a respiração ofegante como alguém que acabara de sair de uma corrida. – Eu sinto muito, mas, Marcos está morto.
Eu não acreditei quando ouvi aquelas palavras, eu queria ordenar que ele repetisse mas o problema não estava na percepção mas sim na crença de que ele estava morto.
A primeira coisa que me veio a mente foi "Overdose" só pode ser.
– Ele foi assassinado. – Disse o homem.
– Como assim, Assassinado? – Perguntou Alisson. Eu perdi a força da fala, ainda não conseguia acreditar. Marcos morto? Assassinado?
– Ele foi encontrado em uma casa, em uma cadeira com uma bala dentro da cabeça.
– Vocês mexeram na cena do crime? – Perguntou Alisson.
– Não senhor.
– Micael, Vamos pra lá agora. – Disse Alisson se levantando da sua secretária. Eu estava bloqueado, não conseguia responder. – Micael! – Alisson voltou a gritar.
– Ham? – Reagi.
– Pega as tuas coisas e vamos.
Saímos do escritório e fomos em direcção da cena do crime. Durante o caminho enquanto Alisson dirigia, eu estava em um silêncio total. Quando chegamos a cena do crime, os policias já tinham isolado o local.
Entramos na casa e a primeira coisa que eu vi foi o corpo de Marcos em uma cadeira. Voltei a ficar sem reacção, me aproximei do corpo, coloquei minhas mãos nuas sobre seu rosto e tapei os olhos dele.
– Nós não mechemos em nada, senhor. – Disse um homem. Pelo seu crachá, ele deve ser o chefe da polícia nesse distrito.
– Olha para a perfuração da bala na testa da mulher.
– A arma predilecta do Marcos. – Disse Alisson ao reconhecer de onde a bala provém. – O que me leva a crer que Marcos usou ela como isca para atrair o vilão até aqui, se ele usou ela como isca então ele sabia quem era o vilão e sabia que ela era importante para ele.
Mas por que ele não levou o corpo dela? Deixar o corpo aqui só nos daria pistas sobre ele.
– Esse foi o erro dele, ele tem sentimentos por ela, talvez seja um familiar, namorada ou amiga. Não importa, ele deixou o corpo dela simplesmente para que a família possa ter um cortejo fúnebre ideal, ele não quer que eles enterrem um caixão vazio.
Isso foi uma falha, seus princípios enquanto homem levaram ele a cometer essa falha e eu vou-me aproveitar dela. Vou apanhar esse filho da mãe de uma vez por todas.
Uma hora depois eu estava em meu escritório, sozinho. Um copo de Uísque e um cigarro na mão. Nem me lembro da última vez que fumei. Um monte de papelada preenchia minha mesa. Enquanto eu desfolhava ela, vários pensamentos vinham a minha cabeça. "Como o Marcos descobriu a verdadeira identidade do vilão?" ou então "Será que a resposta eu vou encontrar neste monte de folhas espalhadas pela mesa?" Dei mais um gole e o copo esvaziou-se. Voltei a encher ele mas desta vez até a ponta eu quero que se lixe as boas maneiras. Continuo a ler as informações postas nas folhas. Até agora eu sei que a jovem morta por Marcos atende pelo nome de Isabel, uma terapeuta licenciada pela universidade católica de Angola. Enquanto leio alguém bate a porta, era Alisson.
– Eu vou para casa descansar, você vai ficar bem? – Perguntou Alisson.
– Claro que vou. Vai que eu preciso de espaço.
– Você está deixar ele entrar em sua mente Micael, tenha calma.
– Eu disse-te para ires porr*! – Bati com os punhos na mesa.
– Está bem amigo. Eu vou dar o espaço que precisas.
Alisson se retirou do escritório e eu continuei minha leitura dos factos.
Porque é só isso que eu tenho "Factos" peguei em um documento que continha o nome dos seus pacientes, dei um gole e comecei a ler a lista. A primeira coisa que me surpreendeu foi saber que todos os pacientes daquela lista proviam do bairro prenda. É um bairro com jovens frustrados não me surpreende ela querer apoiar aquelas pessoas. Dei mais um gole e continuei a leitura, os nomes estavam ordenados de "A" a "Z" não via ligação algumas, continuei a ler os nomes, letra b, c,d,f,g,h. Pausei, dei mais um gole e continuei a leitura. Estava na letra "O" encontrei um nome familiar
"Osíris Kandimba" o Osíris está na lista? Será que ele é o vilão ou é apenas um simples paciente dela? Pensamentos giravam pelo meu cérebro feito um carrossel. Isso não faz sentido. Não pode ser o Osíris. De repente me veio a mente uma memória, Os jovens que atacaram o segurança do presidente para que o vilão tomasse o lugar vêem do prenda, Osíris está em uma lista de pacientes cujo todos provêem do prenda. Mas onde a minha irmã entra nisto tudo? Será que foi tudo um plano para ele roubar a jóia? Isso não importa, eu peguei ele.
Levantei da mesa e saí do escritório.
– Accionem todas as unidades, eu achei o vilão. – Todos no escritório começaram a se movimentar.
– Senhor, para onde devemos nos dirigir? – Perguntou um dos policiais.
– Prenda. Eu vou entrar lá sozinho mas preciso que vocês fiquem de fora a minha espera.
– Desculpa senhor mas isso é suicídio. No prenda nem ratos conseguem passar.
– Eu não estarei armado.
– Não são as armas que eles temem, são os blazers e gravatas que o senhor usa.
– Não importa, eu vou entrar e você segue as minhas ordens, entendeu?
– Sim senhor. – Respondeu o Policia.
– Senhor Micael! – Chamou outro Polícia.
– O que foi agora?! – Perguntei irritado.
– São as escutas da casa do senhor Alisson.
– O que têm?
– Você precisa ouvir isso.
Caminhei Até a mesa em que ele estava e coloquei os auriculares entre os ouvidos.
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O VILÃO NÃO MORRE NESTE LIVRO
AcciónA história gira em torno de Osiris, um rapaz prodígio com capacidade cognitivas acima dos demais jovens de Angola(África). Aos 5 anos Osiris vê sua família ser assassinada a mandato do presidente. 20 anos depois ele quer se vingar e decide usar de s...