Corcel Negro

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Corcel Negro que foge do sol,
A passos maneiros, trotando
Vem, obscurecendo o arrebol,
Mas com Diana te iluminando.

Teu andar é leve e silencioso;
É isso que eu gosto de ouvir!
Põe-me em teu maravilhoso
Lombo e me levas a te sentir!

Levas-me ao desconhecido,
Onde tudo é nada e eterno;
Onde tudo pode ser sentido
Com um pensar mal ou terno.

Pelo etéreo vamos galopando,
Passando por seres indistintos,
Enquanto vou lhe perguntando
Como controlar meus instintos.

Corcel Negro, luzido pela lua,
Teu corpo nenhum e tão frio
Vai me conduzindo a uma rua
Aonde cruzam Amor e Desvario:

Uma rua bastante tumultuada,
Onde falam a Razão e a Paixão,
Mas estarem, as duas amuadas,
Discutindo entre si sobre emoção.

Uma da outra sempre discordam ―
Uma diz que a emoção e perigosa;
A outra, belo os que se recordam
E poder viver uma vida amorosa!

Corcel! confidente de segredos!
Corcel! de tristeza, conhecedor;
Que sabe todos os nossos medos,
Nossas virtudes, do nosso amor ―

Ajudai-me a encontrar respostas
Que sozinho, nunca as encontrei,
Antes que, em mim, as apostas
Por mim, sumam aonde não sei!

Tantas perguntas, a ti eu faço;
A nenhuma delas tu respondes.
Calado nada diz, e pelo espaço
Se some, lá aonde te escondes!

Corcel Alvo! que acorda o mundo,
Deixe-me, Eu triste, a descansar
Esse eu ocioso e muito profundo.
E durmo, cansado já de galopar.

Chuvas & NoitesOnde histórias criam vida. Descubra agora