Personificações

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Lágrima: ― Por que me choras?
Escuridão: ― Por que eu te toco?
Poeta: ― És bela! Sentimento me aflora!
Eu: ― Simples, porque eu sou um louco!

Ah, Lágrima, quão bela tu eres!
Ah, escuridão, quão sentimental me deixas!
Vem às vezes sem que a espere!
Vens ouvir meus amores, as minhas queixas.

Bah! quão estúpido tenho sido,
Chorar pela minha infame vida. Que ela vale?
Bah! quão fútil tenho insistido
Nessa vida, sem que nada de férvido me abale.

Chorar, mas secamente eu choro!
Meu Pranto sede de letras escorridas no papel.
Há tanto silêncio aqui onde moro!
Meu Ar melhor flui na calma de um noturno céu.

Às vezes caem minhas lágrimas
Sem saber bem qual o porquê, qual sede a razão!
Escrevo dorido a negras páginas
Com um pesar nisso que vós chameis de coração!

As Lágrimas são minha Poesia!
Se chora, se chove, é apenas aqui em mim adentro.
A escuridão passa a ser meu dia!
Vivo intensamente tantos eminentes sentimentos.

Lágrima é o que é! Nada mais!
Se choro, ninguém tem nada a ver com o meu pranto.
Escuridões ofuscam meus ais!
Morro de tristeza, tédio, e tudo isso se faz meu canto.

Lágrima? E⁄ou ― Escuridão?
Mas será o Poeta ou será eu?
Tanto faz quem derrame ou o que derrame, é tudo emoção!
Tanto faz quem escreva ou o que escreva, tudo sinto: Eu!

Chuvas & NoitesOnde histórias criam vida. Descubra agora