Distração

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I

Aflora sentimento
Agora dentro
De mim, quente.

Assim de repente,
Sem mais nem menos,
Assaz sereno,
Vou amando!

Estou flamando
Todo meu peito
De modo endireito,
Inebriado pensando.

Errado se achando:
Fingir docilmente,
Sentir incontinenti,
Vou tentando negar,
Buscando achar
Qualquer sentido.

Quer ter tido
A chance de viver
Um romance pra valer
O meu Ser de Razão, carnal;
Bater o meu Coração real!

II

Sentir bem mais
Do que quer meu Ser!
Exaurir em paz
E sequer morrer:

Nem de demasiado amor,
Nem de enfado ou torpor.
Nem de fraqueza, sequidão,
Nem de tristeza, solidão.
Nem de azeda melancolia;
Nem em leda poesia!

Amar livremente!
Arquejar realmente
Pelo amado ser
Com zelo, agrado, querer!

Escrever Poemas!
Fazer centenas,
Milhares de Poesias
― Ares do meu dia ―,
Sem qualquer tinta.

Viver indistinta
Emoção sincera,
Coração espera...!

III

A coruja a piar
Sobrepuja meu falar
De amor e paixão.
E com dor no coração
De poeta, desperto.

Desperta, esperto,
Distante do quimérico.
Instante de feérico
Dissipado! Lúcido!

Amado sentido,
Tenho a oportunidade,
Com lenho de verdade,
De viver um romance!

Mas, se perder num lance,
Me perco totalmente,
E me cerco novamente
De velha imaginação:

Espelha o Coração
Multifacetas amorosas
― Poetas e Rosas ―
Em um único alguém,
Telúrico e aquém.

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