Despertar

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Desperto coberto de sono.
No abandono da coberta levanto
Um tanto alerta ao despertador
Que ainda não gritou sua dor,
Não tocou sua infinda agonia.

É o clarear do dia, aves cantam,
A trinar graves enquanto alguns
Se levantam. Uns tantos dormem.
É domingo, e o homem necessita
De um pouco de repouso.

Estão dormindo e eu louco
Ouso estar de pé de manhãzita
(Quanta fé no chimarrão, sagrado),
A aquentar no fogão pro agrado
A água pra minha chimarrita.

Mas uma mágoa em mim se aninha
Sem fim, um amargo me toma conta
(E não é do mate que tomo a largo),
E me afronta, vem e me doma,
E como me bate e me tortura.
Procura e não encontra o que talvez
Me falte, uma vez que a alegria
Duma cura não mais me salte.

Bem capaz deixar que a melancolia
Forte resista, que eu desista, assim,
De vereda, a aceitar a morte - um fim
Que enreda de tentar minha sorte.

Chuvas & NoitesOnde histórias criam vida. Descubra agora