Poesia Concreta

4 1 0
                                    

Pelas estradas do Infinito,
Indefinido, vou caminhando,
Com meu canto débil e aflito.
E de dor, de amor, chorando.

Ruas retilíneas. Curvas sinuosas.
Encruzilhadas, avenidas, ruelas...
Estradas de lírios, cravos, rosas...
Estradas de flores menos belas.

Vou indo, inerte, absorto
― Que interessante parede ―
Estática, concreta, sem reboco!
Pintada pelo meu ser morto:
De esperanças, mágoas; de sede
Desse amor abrasante, louco!

Que belíssimo quadro feio!
Sede uma parede somente ―
Estática, concreta, sem reboco!
Nada se pode ver do meu enleio,
Mas cada tijolo é algo que sente
Meu ser múltiplo, meu Eu pouco!

Nova casa, construir querem.
Marretas pesadas trabalham;
Batem. Rebatem. E ferem ―
Cimento, ferros, tijolos desabam!

Adeus! poesia; minha inspiração!
Adeus! minha obra incompleta!
Nasce de toda essa destruição,
Ali, uma poesia Nova, concreta!

Chuvas & NoitesOnde histórias criam vida. Descubra agora