Solidão

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A solidão me assombra.
Vejo sua sombra
Na escuridão da minha
Triste existência.

Ela, daninha,
Persiste sem evidências
A me condenar ao degredo
De sua amarga clausura.

Tenho um medo
Que se propaga
Cada vez mais
De não haver cura,

De não poder ver
A outra parte dessa
Figura chamada 'amor'.

Mas, o meu cenho
Com sua arte, engenho
E humor bem disfarça
A dor que me vem e trespassa,
Beirando ao imenso pavor.

Beijando intenso
O calor dos meus lábios
Com sua hábil frieza
Para a tristeza de todo
O meu Ser amante.

Me deixe viver
Por um momento,
Um breve instante,
Nem que de leve
Esse sentimento
Inebriante.

Quero ofegante
Andar de mãos dadas
Sem falar quase nada,
Com a ilusão da paixão.

A solidão me tortura
E a depressão parece
Sem cura, indo e vindo
Quando lhe convém.

Não há prece a Ninguém.
Somente chorando alivia
As angústias de assim viver
Em agonia, por demais desolado.

Mas não mais tenho chorado.
Apenas desenho letras tristes
De se ver, de se ler, elétras,
Cheias de energias dessa feia
Melancolia que em mim existe.

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