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Uma bela manhã nem tão ensolarada de domingo foi com o que se deparou o Herron ao levantar de sua cama e abrir a janela de seu quarto. O clima, apesar de não ser o seu favorito, trazia, junto com a calma brisa, um pensamento de que seria um bom dia.

Zach estava de alguma forma alegre e leve, dormiu tão bem durante a noite, que nem parecia o mesmo rapaz que, semanas atrás, chorava numa das cabines do banheiro da escola, um presentinho macabro em mãos. Talvez fosse porque um estranho sentimento de realização tomou conta de si após cantar com seus amigos no karaokê ou talvez fosse por um outro motivo, o mesmo que fez com que, no momento em que se lembrou dele, suas bochechas ganhassem uma tonalidade a mais que seu corado natural e ele enterrasse a cabeça em seu travesseiro, depois de ter retornado a cama.

Ele havia beijado Jack Robert Avery, e ainda não conseguia acreditar nisso.

Zach não se lembrava de ter tido a vontade de beijar alguém antes e, mesmo se tivesse, o garoto tinha total certeza de que não faria o primeiro movimento – teoria essa que foi por água abaixo na noite anterior.

Mas, se de uma coisa ele tinha real certeza agora, era de que ele não conseguiria ficar cara a cara com o cacheado até que estivesse pronto para se desculpar, ou simplesmente fingir que nada aconteceu. Pois, mesmo que tenha sido só um selinho, Zachary estava totalmente envergonhado. Há pouco tempo atrás o garoto de cabelos cacheados e ele não eram colegas, sequer conversavam. E ele havia roubado um selinho do rapaz ontem.

O Herron, então, se pegou ponderando sobre como Jack reagiria caso ele continuasse do lado de fora de sua casa após ter o beijado.

Talvez ele me empurrasse e me encarasse com raiva; talvez seguisse bravo para sua casa; talvez me dissesse, calmo e, levando em consideração o fato de que eu estava um pouco emotivo no momento, que não gostava de mim desse jeito e que não queria que aquilo acontecesse de novo.

Entretanto, um pensamento, que o fez corar ainda mais contra o travesseiro e abafar um sorriso bobo, ecoou em sua mente. Talvez ele tivesse gostado e, como nos filmes de romance, me puxaria para um beijo calmo e mais lento, nossos lábios em perfeita sintonia e eu (por estar sendo meu primeiro beijo) me derreteria, assumindo naquele instante que estou me apaix...

— Zach! - a voz de uma garotinha o despertou de seus pensamentos e ele se virou na cama, se deparando com sua irmãzinha, que sorria sem mostrar os dentes. — Não estava dormindo, estava?

Ele negou com a cabeça, rindo de um jeito nervoso, e se sentou, suas costas contra a cabeceira da cama, assim como Reese.

— O que faz acordada tão cedo? - ele a encarou. Sua irmã fez um biquinho, pensativa, e ele se segurou para não lhe apertar as bochechas.

— Não sei - respondeu, baixinho —, mas vi Ryan acordado também e pensei que você poderia levar a gente no parque.

O mais velho pensou um pouco. Não nada de mais em ir ao parque.

— Claro. - sorriram. — Depois do café, nós vamos, está bem?

— Sim! Sim! Sim!

Uma Reese eufórica depositou um beijo estalado na bochecha de seu irmão mais velho e saiu, imediatamente, de cima da cama do mesmo. Zach apenas riu com a alegria da irmã e, então, a viu atravessar a porta de seu quarto na mesma rapidez com a qual entrou.

Lie | JacharyOnde histórias criam vida. Descubra agora