Lie | Jachary

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O domingo havia passado tão rápido, mas ao mesmo tempo tão monótono, que os nossos protagonistas não fizeram nada de muito importante durante esse dia. O Avery continuava na casa de Jonah desde o horário que chegou lá, na madrugada do sábado. Os dois assistiram tv, jogaram vídeo games e terminaram a composição de uma de suas várias músicas, que escreviam juntos. Às vezes, o cacheado se pegava pensando em coisas aleatórias, em seu pai, em um certo garoto de bochechas rosadas, e em sua mãe e irmãs caso descubram sobre o desentendimento que teve com o mais velho. Ele havia falhado. Antes de ir morar com seu pai, ele havia prometido à sua mãe que faria o possível para não entrar em conflitos com o homem... mas o que aconteceu? Ele fez exatamente o contrário do que tinha dito e agora estava fugindo, se escondendo na casa de seu melhor amigo.

E, enquanto esses dois garotos se dedicavam ao que estavam fazendo, seus respectivos pais faziam o mesmo. Na verdade, o senhor Avery chamou o Marais mais velho (também seu ex colega de classe) para que pudessem conversar sobre a estadia de Jack na casa do mesmo. O pai de Jonah aconselhou o antigo amigo a dar um tempo ao filho, ponderar sobre o que ele está fazendo em seu papel de pai e exemplo para o cacheado, também o disse que o rapaz poderia ficar em sua casa pelo tempo que o mais velho precisasse para pensar e decidir falar com o filho novamente - dessa vez, com as palavras certas.
O pai de Jack agradeceu e pediu para que não contasse nada ainda para sua ex esposa. Ele queria contar, queria conversar com ela, queria mudar essas coisas e se tornar uma nova pessoa. Porque só ele sabe o quanto partiu seu coração ver o próprio filho "fugir" de casa por algo que ele fez, apesar de ter o feito pensando no melhor para o garoto.
Ele também estava começando a perceber que talvez o melhor para o filho não seja o que ele quer para o mesmo, mas, sim, o que o mais novo desejava. Talvez, depois dessa conversa, a ideia de ter um filho cantor não soasse mais tão absurda em sua cabeça.

A algumas quadras de todo esse drama, Zachary passou a tarde inteira com sua família - menos seu pai, que estava trabalhando. Os três foram para o parque (o lugar favorito de Reese, devo ressaltar), após pararem em uma das várias e melhores lanchonetes da cidade de Los Angeles. Ele adorou o tempo que passaram juntos, afinal ele, sim, estava cumprindo o que havia prometido ao seu pai.

Lembrar do homem, de algum jeito, o fazia se sentir triste, para baixo. Era como se o pai, a partir do momento que os filhos cresciam, passou a se importar cada vez mais com seu emprego. E, às vezes, mesmo se amaldiçoando por estar pensando tais coisas, o de bochechas rosadas pensava em como seria melhor caso ele fosse demitido... Pelo menos, ele voltaria para nós.

Já naquela manhã de segunda, os garotos se encontraram no corredor, como de costume.

E, ao se aproximar de seus amigos, Zach, com as mãos no bolso do moletom preto que vestia, passou a encarar o chão, como se fosse uma obra de arte super interessante. Ele não havia dormido muito bem, alguns pesadelos - a maioria envolvendo seu pai - o atormentaram durante toda a noite, praticamente.
E ali, agora, ele queria, mas não conseguia parar de pensar em sua família, tampouco conseguia perguntar ao cacheado como ele estava, como havia passado o domingo, ou se tinha conversado com seu pai. O Herron não sabia como estava sua relação com Jack após aquele episódio em sua casa. Tudo que ele sabia era que o mais velho estava bêbado naquela noite e que talvez tenha contado a ele sobre o que havia acontecido consigo porque seu melhor amigo não estava disponível.

Mas eu estaria mentindo se dissesse que ele não queria olhar para o Avery só por esse motivo. Zachary também estava com medo. E o medo que estava sentindo não se resumia só a perder seu pai para o trabalho do mesmo e ele abandonar de vez a família, mas ele estava também com medo de seus outros pensamentos, tais que passou a ter depois de ter levado um certo garoto para sua casa no sábado à noite.