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Jack acordou com o irritante som do alarme, que programou para essa manhã. Era a terceira vez que tal alarme soou pelo quarto, por sinal, e o garoto tinha certeza de que, caso não levantasse e se arrumasse naquele momento, iria se atrasar. E ele não pode se atrasar de jeito nenhum.

Não hoje.

Chegou o dia do primeiro jogo da temporada de outono para o qual os Jaguars estavam se preparando desde o dia em que Jack encontrou um certo garoto de bochechas rosadas chorando no banheiro da escola.

Ele se levantou com bastante esforço e preguiça, pois era segunda-feira, e se dirigiu até a janela de seu quarto, abrindo-a em seguida. Uma brisa de outono veio ao encontro de seu rosto e ele só ficou ali por alguns poucos minutos, respirando fundo.

Jack era o capitão dos Jaguars, tinha que dar apoio ao time e os fazer vencer, e, por isso, passou o domingo inteiro revendo e planejando e anotando estratégias para que eles pudessem fazer uma partida incrível.

Vai dar tudo certo, pensou, respirando fundo mais uma vez.

Seu olhar parou na casa à frente da sua, a casa dos Herron. A casa de Zach.

Zach.

Seu amigo.

O garoto que o beijou na noite de sábado.

Tecnicamente não foi um beijo, e foi tão rápido que o de cabelos encaracolados nem teve tempo de o processar ou retribuir ou fazer qualquer outra coisa, mas, ainda assim, despertou algo diferente nele, algo que ele não havia percebido que poderia estar se desenvolvendo ao longo desse tempo em que a amizade dos dois vem evoluindo tanto.

Fazia um bom tempo que não era beijado ou beijava alguém, porém, por mais clichê que isso soe, ele não se lembrava de sentir seu coração tão acelerado enquanto fazia. O cacheado também se lembra do arrepio, que percorreu o seu corpo quando sentiu os lábios delicados de seu amigo contra os dele, e daquela sensação em seu estômago. E ele passou o domingo pensando nisso também.

Devo dizer que ele não esperava que o de bochechas rosadas faria isso, não com ele, nem em um momento em que os dois estavam falando sobre estrelas e sobre o pai do mais novo.

Jack não tinha mais tempo para continuar pensando sobre esse assunto, porém. Mais uma vez, o alarme de seu celular soou por todo o quarto, o despertando de seu transe e, como não tinha muitas opções, ele decidiu que era melhor ir logo.

Com um último olhar para a rua, ele percebeu que o de bochechas rosadas deveria estar dormindo ainda, uma vez que sua janela estava fechada, e não era como se o Herron precisasse acordar e ir para a escola tão cedo porque ele realmente não precisava.

Após tomar um banho e descer as escadas, apressadamente, o de cabelos encaracolados avista seu pai sentado à ponta da mesa. O homem sorriu ao ver o filho adentrar a cozinha e se levantou, entregando a Jack um prato com bacon, ovos mexidos e uma torrada, e um copo de suco de laranja, sabendo que o garoto não gosta muito de café.

Segundo ele, o mais novo deveria se alimentar bem, pois precisaria de energia para enfrentar o time de hoje. E Jack nem pensou duas vezes, apenas concordou. Não era como se ele quisesse passar esses trinta minutos, que tinha até começar o seu último treino (antes da partida), com seus colegas de time ou assistindo o ranzinza do zelador limpar os corredores. E seu pai estava certo, o garoto sabia que estava. Os Jaguars precisavam fazer bonito no jogo de hoje, afinal, era o primeiro da temporada.

O Avery mais velho não está mais tão inclinado a fazer com que o filho veja como o futebol americano é incrível. Na verdade, desde o dia em que conversaram, ele está bem diferente em relação a isso. E, sinceramente, essa mudança está deixando o cacheado bem feliz.

Lie | JacharyOnde histórias criam vida. Descubra agora