𝕔𝕒𝕡í𝕥𝕦𝕝𝕠 11

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O miado ameaçador e hostil da guerreira cinza ecoou pelos seus ouvidos,deixando seu pelo encrespado por vontade própria.
O corpo do gatinho malhado estava colado no seu; então podia sentir a tremedeira dele sobre sua pelagem.
- Guarde as garras Presa de Espinho! - Disparou - Não matará ninguém em minha presença.
os olhos âmbar da companheira brilharam em desafio.
- Eu mandei guardar as garras! - Desta vez usou um tom de voz mais ríspido.
presa de espinho chicoteou sua cauda. Suas patas traseiras já aparentavam estar prontas para dar impulso. Entretanto, Coração de Leopardo fez um sinal seco com a cabeça para a amiga; provavelmente pedindo para deixar sua rebeldia de lado e obedecer a líder.
com um rosnado de irritação,a guerreira sentou friamente na areia,porém ainda encarava o aprendiz do Clã do Bosque de um modo sanguinário.
Abaixou sua cabeça,encostando seu pescoço nele - Sinto muito pelo modo selvagem de Presa de Espinho - Murmurou só para ele.
o gatinho nada disse,apenas continuou tremendo de medo.
- Então é isso?- Regato Negro colocou-se a sua frente - Vai mesmo hospedar um gato do Clã do Bosque aqui?
- Pata de Bronze está ferido,e se eu o mandar embora,nessa situação,debilitado,a floresta irá castiga-lô.
o aprendiz esfregou seu rosto em uma de suas patas da frente,como forma de agradecimento.
Era estranho para Estrela Albina. Ambos mal se conheciam,porém já aparentavam ter uma intimidade significativa. Não esperava ter isso com um gato de outro Clã,ainda mais do Bosque
- O que vai acontecer quando o mentor dele descobrir que seu aprendiz está no acampamento do Clã da Neve? - Pelagem de Luz também ficou a sua frente.
Embora o gato amarelo sempre concordasse com suas atitudes, sabia que desta vez estava do lado de Presa de Espinho,e que agora não teria seu apoio.
- Se isso acontecer,eu mesma me entendo com ele.
Todos os seus companheiros do clã da neve a fitaram com uma expressão de julgamento,a cauda de todos chicoteava e abanava de um lado para o outro,na mesma velocidade da batida de seu coração. Os variantes olhos a encaravam, porém ninguém se atreveu a questioná-la novamente. Pois todos sabiam que a palavra de um líder era lei,e se essa era a sua vontade,assim será.
Um breve silêncio tomou conta do lugar. Dando coragem para o aprendiz pular de volta na cama de samambaias. Assim deitou nela,abaixou seu corpo,e quase desapareceu entre as folhas.
Antes que qualquer um pudesse novamente falar,miou.
- Agora que nos entendemos,vou avisar aos demais do Clã sobre pata de bronze.
Em seguida voltou-se para Pelagem de Luz.
- Cuide para que ninguém chegue perto dele tá bem - Seu tom de voz continuava ríspido,o que intimidou o guerreiro de olhos verdes.
- Certo - Ele murmurou,com uma expressão séria.
Sem esperar ouvir mais nada,saiu da toca depressa e se dirigiu para o coração da campina.
Sabia que se não contasse para os demais logo,alguns dos cinco acabariam falando primeiro;e com suas próprias palavras. O que deixaria a situação ainda pior.
Quando já estava no topo da pedra cinza; Regato Negro, Presa de Espinho, Coração de Leopardo,e Pata Branca já estavam lá,a sua volta.
De repente de dentro das vegetações,viu os outros guerreiros se aproximarem a pulos. Não estavam indo para próximo a pedra cinza;e sim se preparando para lutar. Suas garras estavam a mostra,e seus olhos reluziam o calor da batalha.
- Há gatos do Clã do Bosque em nosso território!- Um deles rosnou - Vamos!
- Escutem!- Ergueu sua pata ao ar,mais rápido que a respiração de um camundongo - Não nada para se preocuparem,nos todos estamos seguros!
Manto de poeira rosnou,dirigindo seus olhos para ela.
- Há sim!sinta o cheiro - Ele ergueu seu nariz - É o cheiro daquelas pregas do Bosque!
- Se acalme, Manto de Poeira,deixe eu explicar.
os outros gatos ao ouvirem isso trocaram olhares,e se dividiram aos cantos da pedra alta.
não precisou pedir por silêncio. Todos já estavam mais do que prontos para ouvi-lâ.
Os músculos de alguns ainda estavam tensos,pois ainda acreditavam que havia alguma ameaça por perto.
se acalmou para não afogar com sua própria saliva.
- Mais cedo,eu e Pata Branca fomos em uma missão para buscar uma erva medicinal a Folha Seca.
fechou seus olhos apreensiva,pois a pior parte já estava por vir. Certamente não reagiriam bem. Rezou para que nenhum deles se atirasse em sua garganta.
- Antes de voltarmos,nos deparamos com um aprendiz do Clã do Bosque desacordado,que fora ferido por uma cobra - Apressou-se para adicionar essa informação - Não podia deixá-lo morrer aos poucos,então...o trouxe para cá, para que Folha Seca pudesse ajudá-lo.
miados de descriminação se espalharam por cada canto da campina.
- Você fez o que?- Manto de Poeira cuspiu - Trouxe um gato do clã do bosque para cá? o que deu em você!
os miados de descriminação aumentaram. Quase a deixando surda.
- Parem!- Gritou enquanto pulava da pedra cinza,indo à grama.
- É muita falta de sabendôria deixar um gato inimigo pisar em nosso acampamento!- Pele de Cobra devolveu-lhe aquele mesmo olhar que tivera quando a enfrentou - Ele tem o mesmo sangue dos que arrancam Pingo de Nuvem de nós!como pôde ser misericordiosa com ele?
pelo canto de seus olhos,viu Pata de Neve ao lado de pata nublada,sua expressão estava indecifrável.
fez o possível para sua voz se sobrepor entre as outras.
- Não estou aqui para ouvir a opinião de nenhum de vocês!- Retrucou - Estou aqui só para avisar que ele ficará aqui,até se recuperar.
- O que temos aqui mal dá para nós,e ainda quer dividir com ele?isso nos dará um prejuízo enorme!
- Sei disso Manto de Poeira,mas ele será minha responsabilidade,deixe que disso,eu cuido.
o gato marrom a encarou.
ergueu novamente sua voz - E não quero saber de nenhum guerreiro com o sangue dele em patas,deixei claro?
Manto de Poeira trocou olhares com os companheiros,e respondeu por todos.
- Como quiser líder - Ele estreitou seus olhos.
Após isso virou suas costas e desapareceu na multidão.
Os outros gatos da campina então começaram a se dividir em dois grupos. Alguns o seguiram,e a murmúrios,foram na direção da toca dos guerreiros; o outro grupo,menor,foi em direção a toca de Folha Seca.
Quase todos os aprendizes,e alguns guerreiros,estavam caminhando, irritados,mas com uma ponta de curiosidade.
Viu então sua pupila. Estava ao lado de Pata Cinza e Pata Nublada.
Apressou seu paço,e foi ao seu encontro.
- Olá Pata de Neve.
a aprendiz parou de andar,ficando para trás.
- O que quer Estrela Albina?- Sua voz saiu em um tom seco,o que a deixou surpresa.
- Só quero que saiba que tomarei cuidado com minha decisão de deixá-lo aqui; não deixarei ele chegar perto dos filhotes,do berçário,e muito menos das rainhas.
ela estreitou seus olhos azuis - Como pode confiar nele?
mexeu suas orelhas - Não confio nele - Murmurou - Estava fraco e ferido. Tinha de fazer alguma coisa.
- Podia tê-lo deixado morrer - Ela também murmurou - Seria uma forma indireta de vingar minha mãe.
- Estou prestando um favor a Estrela Sombria - Despondeu - estou cuidando de um de seus aprendizes,posso pedir algo em troca por isso, não?- Piscou.
a gatinha encolheu seus ombros -
É talvez...
- Pata de Neve? - O miado de Pata Nublada cortou sua conversa - Você não vem conhecê-lo?
- Sim - A amiga respondeu,- estou indo.
a gatinha girou seu corpo e se preparou para alcançar o gato cinza,porém antes de ir.
- Não confie nele mentora.
Por um momento,uma lembrança passou pela sua cabeça.
Tê-lo confundido com um filhote o deixara irritado...seus olhos âmbar se acenderam como chamas,eram tão claras quanto os olhos dos monstros que corriam pelo caminho dos duas pernas.
Essas mesmas chamas estavam vivas dentro dos olhos do grande líder negro do Bosque, Estrela Sombria.
- Eu não confio nele - Respondeu inquieta.


















𝐆𝐚𝐭𝐨𝐬 𝐆𝐮𝐞𝐫𝐫𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 - 𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐕𝐞𝐫𝐦𝐞𝐥𝐡𝐚(Cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora