Olho atentamente o campus movimentado e respiro fundo por alguns segundos, fecho os meus olhos e cruzo os dedos pedindo para que tudo dê certo esse ano. Caminho até os alojamentos e tento passar pela multidão de jovens apressados, pego o papel amassado do bolso da minha calça jeans que estava um pouco desgastada, mas eu amava usá-la e não poderia me importar menos.
Acho que em toda a minha vida eu nunca estive mais ansiosa, estar aqui é um sonho se realizando, a todo momento fiquei arrepiada com a ideia do que esse ano poderia me trazer de bom, passei muito tempo pensando se essa seria mesmo a decisão certa a se fazer.
Sempre planejei esse dia com a minha mãe, e agora que estou aqui não tenho tanta certeza se iria ser como o esperado, mas por enquanto fico feliz de afirmar que estava sendo ótimo. Não queria ser pessimista no meu primeiro dia, como era em quase todas as ocasiões da minha vida, talvez porquê sou um completo desastre ambulante ou porquê a minha maré de azar está sempre alta.
Abro o papel e vejo o número do meu quarto, ando mais um pouco pelos corredores que poderiam facilmente ser confundidos com um labirinto, paro em frente a uma porta de madeira escura e pego as minhas chaves a abrindo com cuidado para não invadir tanto a privacidade de quem quer que esteja nesse quarto.
Espero que possamos ser amigas, trocar dicas de skincare e sairmos juntas
Mas independente de qualquer coisa espero ao menos que seja alguém gentil. As vezes gosto imaginar uma colega de quarto maluca e inteligente, íamos conversar sobre romances e minha vida universitária seria como num filme.
— Olá — Escuto uma voz rouca ecoar pelo quarto, entro e analiso o local. Olho na direção daquela voz incrivelmente atraente, fico por alguns segundos olhando o cara que estava deitado na cama, e ele me encarava de volta o que me deixou desconcertada, quase hipnotizada. Isso é algum tipo de pegadinha de primeiro dia no campus?
— Ah... — Confiro se era realmente esse o quarto, talvez fosse algum engano — Tem certeza que seu quarto é esse? É que sabe... Você é homem... E eu acho que... — Olho novamente o papel e o número, coloco minhas coisas para dentro e fecho a porta — Julgo que deve ter sido um engano.
— Sim, é esse o meu quarto — Coloco algumas caixas na minha cama e o olho, ele apenas sorria e balançava a cabeça em negação, fiquei confusa — Eu não sei se você pensou que a universidade era certinha, mas se não leu o contrato dos alojamentos eles deixam claro que não há esse cuidado com diferença de gênero quanto aos colegas de quarto — Ele fecha os olhos e sorri, um lindo sorriso sarcástico — Então não, não há engano algum, e esse é sim o meu quarto há uns 2 anos
— Nossa... — Falo baixo um pouco envergonhada pela minha lerdeza, respiro fundo e termino de colocar minhas coisas do meu lado do quarto - Bem, prazer em conhecê-lo - Encaro a decoração do seu quarto, que era um tanto quanto peculiar, mas para alguém como ele até que fazia sentido — Me chamo Ava Young e você é... — Tento amenizar a situação desconfortável, acho que um de nós teria que ceder para deixar o clima mais agradável.
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No Mesmo Quarto
RomanceA vida sempre surpreenderá com as pessoas que ela coloca em sua vida Foi o que Ava Young pensou naquele 14 de Setembro, quando colocou os pés naquele bendito quarto, ela teria pensado duas vezes antes de o fazer, mas seus instintos curiosos e aguçad...