Já estava cansado de olhar para o teto branco desse quarto sem graça e vazio, com companhias vazias. A Ashley veio aqui mais cedo, ficou tagarelando sobre algo que eu não conseguia prestar atenção, mas também não me importava o suficiente para o fazer.
Não que ela fosse alguém ruim ou má, eu acho, mas é o tipo de garota que só sabe falar de si mesma. Ela não iria prestar atenção se eu falasse como foi o meu dia, ou como estou me sentindo, na verdade é bem provável que ela finja se importar e no segundo seguinte mostrar o cabelo recém feito no salão.
É algo que pode ser trabalhado.
Minha mente vai de encontro com alguém que eu não queria, mas estava sempre lá no meu subconsciente. Ava. É impressionante como alguém consegue sorrir tanto, ela consegue. Consegue sempre se preocupar com os outros a ponto de sair do trabalho, cansada e com trabalhos a fazer, mas deixar tudo de lado e vir me ver. O babaca escroto.
Ela disse que íamos conversar sobre o que aconteceu, mas como dizer que fiz de propósito? Como dizer que estava bravo comigo mesmo por ser tão babaca com ela a ponto de agir de maneira idiota e imprudente? De agir assim com todas as pessoas ao meu redor. Eu me odeio, da forma mais verdadeira possível. Odeio minha aparência, minha voz, minha personalidade e tudo que se relacione a mim, era um ciclo vicioso que eu não saberia encerrar.
Fecho os olhos me obrigando a pensar em outra coisa, se ficasse vagando nesse assunto provavelmente iria me irritar. Lembro do acidente, o sinal estava fechado, mas mesmo assim continuei acelerando, com ódio de tudo, depois um estrondo alto e um forte zumbido no ouvido, acordar no hospital machucado.
Escuto o barulho da porta e olho na direção do som de maçaneta. A observo entrar e bater a porta de maneira desajeitada, como sempre sendo irritante, desastrada e adorável. Reviro os olhos internamente, uma das coisas que mais me irrita são pessoas desastradas.
Estava muito delicada, esse vestido combinou bastante com ela, bem acima dos joelhos e um tom delicado de azul, com flores rosas bem pequenas. Seu cabelo estava preso em um coque desarrumado, perceptível que foi feito com pressa, mas as mechas caídas em seu rosto só deixava tudo ainda mais bonito e harmonioso.
— Bom dia gramado florido — Falo com dificuldade, minha voz estava rouca por conta do respirador, era insuportável.
Odiava hospitais, a ideia de ir em hospitais de ficar doente. Sempre era motivo de ansiedade, então uso minha acidez a todo momento para me esquecer disso.
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No Mesmo Quarto
Storie d'amoreA vida sempre surpreenderá com as pessoas que ela coloca em sua vida Foi o que Ava Young pensou naquele 14 de Setembro, quando colocou os pés naquele bendito quarto, ela teria pensado duas vezes antes de o fazer, mas seus instintos curiosos e aguçad...