Capítulo 20

248 20 3
                                    

Fiquei por um bom tempo no jardim dos fundos, rindo das conversas alheias e me imaginando como um desses casais fofos que se abraçavam para se esquentar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fiquei por um bom tempo no jardim dos fundos, rindo das conversas alheias e me imaginando como um desses casais fofos que se abraçavam para se esquentar. Estava prestes a me levantar de uma dessas cadeiras da área da piscina quando escuto alguém pedir para esperar. Olho para a Haley e a vejo sorridente se sentando ao meu lado, ela provavelmente estava um pouco mais bêbada que eu, mas ainda assim nem tanto.

— Se divertindo? — Pergunta olhando para a água azul da piscina, que ficava roxa por conta das luzes.

— Até que sim, obrigada pelo convite — Respondo e recebo um murmuro de “de nada”. — Sua casa é muito bonita.

— É muita gente diz isso, mas sei lá — Dá de ombros — Não faz meu estilo, prefiro coisas mais modernas.

Concordo com a cabeça, ficamos em um silêncio, não do tipo constrangedor, mas que beirava o desconfortável.

— O Ethan não veio, né? — Me olha e tomo um gole da minha bebida, só assim para falar sobre ele.

— Não sei, acho que não — Dou de ombros sorrindo, mas eu sabia, só não queria que pensassem que sei cada movimento dele, não nascemos grudados só por sermos colegas de quarto.

— Que pena, parece que vocês se dão bem juntos — Pega um cigarro e acende — Você fuma? — Não.

— Sim — Tento mudar de assunto — Mas não fumo muito bem, quer dizer pelo menos não esse tipo de cigarro, prefiro os com sabor.

— Hm — Ela assopra — Vem comigo, é coisa rápida — Dá de ombros e levanta da cadeira de prontidão, estendendo a mão. Fico na dúvida entre ir ou não, mas confesso que a curiosidade me deixou levar, então levantei e segurei sua mão.

— Está bem — Balbuciei baixo e a segui, segui por entre as várias pessoas que estavam nos corredores e na sala, assim como na escada e nos corredores de cima. Ela me perguntou alguma coisa da qual eu não ouvi por causa da música, então só acenei em confirmação. Paramos no final do corredor, a vejo tirar uma chave do bolso da calça e destrancar a porta, me puxando para entrar junto.

Percebo que estávamos em um quarto, provavelmente o dela, era espaçoso e arejado. Três das paredes eram brancas, mas a que estava com a cama encostada era preta, assim como metade da decoração. No chão de madeira escura tinham algumas velas apagadas em armações modernas, e pequenos candelabros de ferro escuro. Também existiam duas plantas no ambiente, uma perto da janela e a outra no pé da cama, tudo harmonizava muito bem, mas não parecia muito com o estilo da Haley.

— Não repara a bagunça — Diz simplista. Queria que o meu quarto fosse bagunçado desse jeito. Caminho alguns passos até uma cômoda de madeira bem escura, em cima tinha uma bandeja com algumas pedras. — São os meus cristais — Explica ao perceber minha curiosidade.

— São muito bonitos — Sorrio e fico no canto, esperando que ela falasse algo ou o motivo de estarmos aqui, mas ela apenas se moveu até a janela e apagou o cigarro que fumava, amassando ele contra o peitoril da janela. Percebo que tinham muitas marcas ali, talvez ela já tivesse feito isso mais vezes. Então atravessou novamente o comodo até um guarda-roupa, muito bonito estilo provençal. Abriu uma gaveta e tirou um maço de cigarros de lá de dentro.

Ela o jogou na minha direção, mas minha falta de atenção fez com que ele caísse nos meus pés, me abaixo para pegá-lo. Era sabor cereja.

— Valeu — Levanto e ela me entrega o isqueiro. Fico meio envergonhada com a situação, mas apenas pego um cigarro e levo até a boca, o acendo e devolvo o objeto para ela. — Você e a Ashley são bem amigas né? — Pergunto um pouco ansiosa, o que eu estava fazendo ali meu Deus?

— Uhum — Se senta na cama, talvez ela não quisesse falar sobre, até entendo né. Tento dar um trago no cigarro que já estava a algum tempo acesso, mas meu nervosismo foi tanto que só consegui tossir e ter uma leve falta de ar. Tento desviar o olhar, não queria ver nenhuma expressão irônica quanto a minha falta de experiência com o fumo. — Vem aqui, deixa eu te ensinar — Me chama, acabo indo até ela, como se meus pés se movessem automaticamente. — Você é mesmo bem ruim nisso né? — Pergunta de forma descontraída, tirando o cigarro dos meus dedos.

— Às vezes — Não era mentira, de vez em quando até que acertava uma ou duas tragadas. Sinto suas mãos me puxarem para mais perto, inconscientemente apoio um joelho ao lado do seu corpo na cama.

— Só não puxa o ar para o pulmão — Pega meu pulso, entendo o que ela quis dizer. A observo dar uma leve tragada e por uma mão no meu queixo, abrindo levemente a minha boca, passando a fumaça para mim. Consigo soltar metade da fumaça no ar, antes de tossir. — Vai com calma, o mundo não vai acabar — Fala baixo, acariciando suavemente meu rosto. Novamente ela tenta passar a fumaça e dessa vez consigo soltar sem puxar o ar. — Viu, nem é tão difícil.

— Verdade — Concordo baixo e me sento ao seu lado, batendo suavemente o pé no tapete que ficava debaixo da cama.

— Então é verdade o que você falou? — Questiona depois de um breve silêncio. Fico confusa, o que foi que eu disse? Acho que deixei a confusão se evidenciar demais, ela apenas riu e respirou fundo. — Sobre você já ter ficado com garotas antes — Uma onda de choque percorre o meu corpo inteiro, como assim? Foi isso que concordei lá na escada? Meu Deus! Me enterra.

— É… na verdade, não, nunca fiquei… — Tento me explicar sem gaguejar — Não tinha escutado a pergunta por conta da… da música — Sussurro. Não que eu não me interessasse na ideia, na real me interessava bastante, só nunca tinha chegado tão perto de colocar essa ideia em prática, me assustava bastante.

— Entendi — Retira a boina, arrumando o cabelo na parte de cima, estava fofo e cacheado. — Sabe o que é engraçado? — Penso em responder, mas julgo que foi uma pergunta retórica. — É que conheci muitas meninas ao longo da minha vida — Sorri tirando os saltos — Mas você é a única que consegue estar sempre no centro de tudo o que acontece, talvez seja por causa do seu colega — Dá de ombros — Quem sabe — Levanta — O tipo de garota da qual as pessoas nunca esquecem, que sempre vai ser lembrada por um sorriso gentil e uma personalidade forte — Para na minha frente, se aproximando ainda mais e apoiando a mão na minha perna — Garotas como você merece ter as melhores experiências possíveis — Tira uma mecha de cabelo do meu rosto, nesse momento acho que já não sabia mais respirar — Se me permitir, prometo que você não vai esquecer de hoje — Sorri, um sorriso bem tentador, na verdade.

O que eu tinha a perder?

No Mesmo Quarto Onde histórias criam vida. Descubra agora