Gosto de comparar a minha vida a uma fogueira que queima constantemente, sendo alimentada pelas folhas de papel do meu passado, nunca vai parar de queimar até ter a atitude de deixar tudo isso para trás.
Mas eu não sabia como, e isso me assustava demais, tinha a sensação de que eu nunca conseguiria superar tudo isso.
— Ethan! O que foi? — Escuto a voz da Ava e limpo meu rosto rapidamente, apertando os meus punhos.
— Marta! Marta Ramsey! Essa foi a filha da puta que me pariu e me abandonou nessa porra desse mundo com o meu pai! — Falo exaltado, com falta de ar e prestes a chorar como uma criança novamente, minha garganta queimava de tanto segurar aquele maldito choro.
— Eu… — A olho, me irritando mais, para começo de conversa a culpa é toda dela.
— Você o quê, porra? — Olho para o lado e vejo ela se aproximando, aquela mulher, ela me dava ânsia e, ao mesmo tempo, deixava minha ansiedade a mil. Todos esses anos que ela passou fora, todos esses anos que pensei ser fútil, que pensei ser inferior, agora estavam ali em carne e osso corroendo tudo dentro de mim por causa do ódio.
Acho que eu nunca poderia explicar esse sentimento, foi a coisa mais intensa que já senti. E não era um sentimento bom, como deveria ser entre mãe e filho.
— Eu não sabia, se soubesse não tinha deixado ela ficar seu ignorante — Se afasta me olhando irritada, não consegui prestar atenção na Ava, meu olhar estava vidrado na mulher que se aproximava de nós dois, a mesma também me olhava um pouco assustada. Como se tivesse visto um fantasma, e talvez eu fosse mesmo, um fantasma do passado dela que ela fez questão de abandonar e deixar de lado.
Me afasto delas e passo a mão pelo meu cabelo, que por sinal já estava comprido demais.
— Por que você está aqui? Por que agora? Vai embora! — Grito quase em prantos, odeio essa sensação e o inferno que me causava. Fico atordoado com o que estava acontecendo, meus sentimentos me atingiram rápido demais, não pude nem me preparar.
— Oi Ethan — Ainda é cínica a ponto de se manter calma, como se não tivesse abandonado uma criança de seis anos naquele inferno que aprendi a chamar de casa — Podemos conversar?
— Vai embora porra! — Grito mais alto e me afasto mais ainda, sentia um nó em minha garganta, mas não queria perder minha postura não aqui e nem agora, não mais do que já tinha perdido.
— Ethan não precisa gritar — Se afasta assustada, como se o que ela visse fosse um desastre repugnante — Tudo o que quero, é conversar e esclarecer as coisas, pode por favor se acalmar? E me dar uma chance? — Olha para a Ava — Pode levar a Lotte para o quarto?
— Posso sim — Se retira com a criança no colo
— Conversar sobre o quê? — Pergunto mais contido, sabia que lá, no fundo, gritar e odiar ela não resolveria muita coisa, sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Foda-se essa bosta, eu já estava vulnerável e puta que pariu era difícil me controlar.
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No Mesmo Quarto
Storie d'amoreA vida sempre surpreenderá com as pessoas que ela coloca em sua vida Foi o que Ava Young pensou naquele 14 de Setembro, quando colocou os pés naquele bendito quarto, ela teria pensado duas vezes antes de o fazer, mas seus instintos curiosos e aguçad...