Não que odiasse festas, odiava algumas pessoas que davam as festas, mas essa em particular eu nem sabia o motivo de ter ido. Era o tipo de evento que só pessoas com uma classe social mais alta iriam, o tipo de gente que eu detestava e evitava.
Claro que todo mundo ama dinheiro, mas essas pessoas em particular vivem por ele, respiram por ele e injetam ele. Quando coloquei os pés naquela calçada senti instantaneamente que tinha sido um erro, que minha existência tinha sido um erro até ali, tipo quando você marca um encontro e se arrepende de última hora. Mas forcei os meus pés a caminharem até as escadas da entrada, em seguida pelo corredor e quando fui ver já estava na direção do que me parecia ser a cozinha, lutei para chegar até o balcão, quase saindo no tapa com uma ou duas garotas, que fizeram uma piadinha sobre a roupa que estava usando.
Não era novidade esse tipo de coisa acontecer, sempre aconteceu a minha vida toda desde que cheguei nos Estados Unidos, então desde nova aprendi três coisas: A primeira delas é nunca acreditar em ninguém, as pessoas sempre conseguem ser muito piores do que já são; A segunda era que se você não tivesse o controle da sua própria vida e suas próprias opiniões sobre si mesma, as pessoas teriam e não gostaríamos que isso acontecesse; A terceira e não menos importante era, você tem uma chance comigo, na segunda você receberia um soco. Gostava de levar essa bem a sério.
Essas meninas já tiveram a primeira chance, não passavam de duas putas baratas e quando se trata desse tipo específico de puta, fica difícil pra caralho ter algum tipo de sororidade. Meu humor estava péssimo, provavelmente pelo o que aconteceu mais cedo, mas eu me estresso fácil então não sei dizer ao certo. Encho um copo vermelho que peguei em cima do balcão com uma boa quantidade de whisky, cansei de beber vodka, todo dia de manhã era isso.
Procuro no bolso da minha jaqueta e pego minha carteira de cigarros, para o meu azar estava vazia.
— Merda — Murmuro, burra o suficiente para não conferir isso antes de sair de casa. Fico olhando o maço por um tempo, pensando que deveria joga-lo fora, mas sinto algo passar entre meus dedos e o maço, era um cigarro. Olho para cima, porémminha vista embaça por causa da fumaça que a pessoa jogou no meu rosto.
Abano o ar e finalmente tenho a visão da pessoa que me emprestou algo que eu não devolveria, não entendo esse negócio de “emprestar um cigarro”.
— Além de irritante nas horas vagas você faz caridade? Que cavalheiro — Pego o isqueiro, que pelo menos isso eu tinha, e acendo o cigarro.
— Sim, adoro ajudar pessoas pobres como você — Retruca no mesmo tom de ironia que usei — Principalmente viciados em nicotina, esses em específico são meus favoritos. — Rio em descrença.
— Você é mesmo um babaca né? — Balanço a cabeça, como se negasse tudo que ele falava e fazia.
— Não, costumo ser gentil com pessoas gentis.
— Então está falando que sou uma filha da mãe?
— Não.
— Que pena, adoro quando me xingam — Sorrio maldosa e vejo ele tirar o cigarro da boca, dando um sorriso ladino. Seria um lindo sorriso, se ele não fosse tão insuportável.
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No Mesmo Quarto
RomanceA vida sempre surpreenderá com as pessoas que ela coloca em sua vida Foi o que Ava Young pensou naquele 14 de Setembro, quando colocou os pés naquele bendito quarto, ela teria pensado duas vezes antes de o fazer, mas seus instintos curiosos e aguçad...