Capítulo 3

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Algumas semanas se passaram desde aquele incidente com a moça do corredor e aquela briga com o Ethan, pelo visto ele levou mesmo a sério, não está nem olhando na minha cara

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Algumas semanas se passaram desde aquele incidente com a moça do corredor e aquela briga com o Ethan, pelo visto ele levou mesmo a sério, não está nem olhando na minha cara.

A questão é que ele também foi um fodido, não tinha necessidade alguma de quebrar o meu quadro, ele nunca iria entender que aquilo era muito importante para mim e não me importava que fosse só um objeto bobo para a maioria, aquilo para mim tinha um significado valioso.

Sempre tive isso desde muito nova, guardar pequenas coisas que algumas pessoas importantes me deram, talvez elas nunca saibam o quanto aquilo significou na minha vida, mas me fizeram muito feliz.

Todos deveriam ter uma caixinha com recordações, sendo elas felizes ou tristes, no final as memórias do que passamos sempre nos tornam mais fortes.

Tenho muitas recordações da minha mãe — antes dela morrer de câncer no pulmão — e uma delas é o dia em que ela comprou esse quadro, era inverno e estávamos em Nova York ela sempre amou caminhar pelo Central park quando nevava, mesmo que meu nariz ficasse frio e vermelho quase roxo, sempre faria aquilo por ela por mais que preferisse o verão da Califórnia e tudo o que a praia tinha a oferecer, um bronzeado lindo, amizades novas e talvez um novo amor também.

Paramos em frente as árvores desfolhadas e secas, mas ainda assim muito bonitas e tiramos uma foto, capturei o exato momento em que ela beija minha bochecha me causando uma crise de riso por conta da sua boca fria, quando por um momento minha mãe ainda era aquela mulher viva e cheia de esperança, quando o câncer não tinha deixado sua pele pálida e seus olhos com olheiras em um tom de roxo profundo.

Éramos só nós duas e o doce inverno de Nova York.

Quando fui ver como a foto ficou ela tirou o maço de Marlboro do bolso e acendeu um dos cigarros e naquele exato momento começamos a discutir porquê ela tinha prometido que iria parar de fumar, ela se desculpou e jogou o maço fora mesmo eu sabendo que ela iria voltar a fumar a qualquer momento.

Andamos pelas ruas movimentadas e paramos em frente a ‘vitrine’ de uma loja muito antiquada, vejo seu rosto brilhar pelo reflexo do vidro e então ela aponta para o quadro, não consigo prestar atenção no que ela fala porquê só imagino o quanto eu queria ela por perto, para sempre.

Desperto dos meus pensamentos vendo que ainda estava escolhendo uma roupa, não sei porquê ia nessa festa, mas okay, teria que trabalhar como extra no dia seguinte, não me importava de pegar quase todos os turnos daquele café irritante. Por fim escolho um vestido preto bem basiquinho, um pouco justo e vou para o banheiro colocar, evito olhar muito para o Ethan e sua cara azeda.

Estava terminando de colocar minhas roupas íntimas quando a porta do banheiro é aberta violentamente, me assusto, mas ele não parece ter percebido a minha presença e não sei se agradeço ou não por isso.

— Qual seu problema? — Pergunto assustada e me cubro com a toalha — Está cego ou se faz de imbecil? — Bato o pé, irritada e o olho, tentando não reparar em como ele estava bonito.

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