Dois para trás

333 39 135
                                    

Por Thiago

A noite estava apenas começando, mas na base todos seguiam de um lado a outro preparando tudo para a saída. Já tínhamos feito isso mais vezes do que eu poderia contar, mas diferente de antes, agora uma garota ruiva olhava para mim com a sobrancelha erguida e uma pergunta muda sobre o que deveria fazer. Pelo menos isso eu conseguia entender.

Tudo nela parecia uma confusão de mistério e força. Sua postura indicava que estava pronta para qualquer coisa, suas técnicas mostravam o tempo de dedicação que teve para a Scorpions, mas seus olhos... Eram diferentes. Diferentes daqueles na foto em sua ficha. Não tinham o mesmo brilho, e pareciam vazios. Isso me fazia pensar o quanto aquela a minha frente era apenas uma parte da Ana Urquiza.

Thiago: Vem comigo – a chamei.

Ela me acompanhou até o vão perto das escadas enquanto a Pixie fazia o levantamento dos dados, e o Pietro solicitava as plantas da construção do lugar. A Daisy e o Luan passaram por nós dois levando algumas bolsas com equipamento para a garagem.

Thiago: É uma operação básica – parei em frente a um dos compartimentos embutidos na parede e puxei a gaveta – É só entrar, prende-lo e fim – ela prestava atenção.

Ana: Isso se nada atrapalhar.

Thiago: Torcemos para que nada atrapalhe. Comunicadores – a entreguei e voltei a fechar a gaveta – Confirme se estão funcionando e conectados com todos antes de sair – ela apenas concordou.

Ana: Olha, eu sei que vocês não estão acostumados com novatos, mas... – ela falou enquanto retornávamos para a sala principal.

Thiago: Não se preocupe – a interrompi – Você vai se sair bem – ela fez uma careta não muito confiante, e eu segurei minha vontade de rir.

Ana: Não é isso...

Pietro: Thiago, quer que já contatemos a polícia para avisar que vão precisar de uma cela livre? – ele se aproximou já com alguns papéis nas mãos.

Thiago: Não por agora. Deixaremos ele sob os nosso cuidados por um tempo, talvez possamos conseguir alguma informação sobre o Golden – ele concordou com a cabeça e seguiu em direção a garagem.

A Urquiza ainda estava do meu lado, ela reiniciou o comunicador antes de coloca-lo no ouvido e prender o pequeno microfone em sua camiseta. Peguei meu coldre o jogando sobre o ombro, puxei uma pistola da prateleira e peguei um cartucho na gaveta.

Thiago: Sabe as regras – passei a pistola para ela – Tentar ser o mais reservado possível – ela pegou a pistola encaixando o cartucho – E...

Ana: Não atirar para matar – concordei levemente – Eu sei as regras Kunst – ela falou paciente – Mas será que poderia me dizer pelo menos de quem estamos indo atrás?

A encarei me sentindo um completo idiota, e seus lábios puxaram um sorriso singelo. A Pixie, ainda na frente dos computadores, deixou escapar uma risada indicando que estava atenta a conversa. A Urquiza deu alguns passos a frente chegando mais perto, meus olhos acompanharam os seus movimentos, ela esticou o braço pegando mais um coldre na prateleira e não pude deixar de reparar no fato dela ter que ficar quase na ponta dos pés para alcança-lo. Ela puxou o coldre e passou a prender a arma, até que os seus olhos se ergueram do objeto em suas mãos, e encontram os meus. Ao perceber que estava tão próxima ela deu dois passos para trás quase deixando a arma cair.

Thiago: Eu te explico tudo no caminho – franzi a testa diante do momento e ela balançou a cabeça virando de costas para mim – Tudo bem?

Ana: Claro – ela voltou a me olhar – Eu... Vou esperar na garagem – ela passou por mim com pressa.

ScorpionsOnde histórias criam vida. Descubra agora