Está na hora

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Por Ana

Pessoas são seres complicados. Nós sonhamos, conquistamos, sentimos medo e amor, nós mergulhamos fundo no sistema complexo que é a vida, e então trilhamos caminhos entre decisões, acertos e erros. Como humanos também tentamos buscar aquilo que desejamos, seja algo material ou sentimental, e alguns tentam encurtar o caminho da sua jornada até o sucesso derrubando aqueles que estão por perto. Eu podia comparar essas pessoas com uma Supernova, mas esse tipo de caráter não se compara com o brilho de uma estrela. Aqueles que jogam com a vida das outras, que manipulam e mentem, não possuem se quer um fóton de luz em sua alma. E naquele momento, naquela sala, todos se perguntavam: Julian Trainor era um jogador ou um manipulado que passou a enxergar a verdade?

Alice: Localize os agentes Charlie e Juliana – ela quebrou o silêncio, dirigindo a ordem para o Lucas – Peça para vir até o comando o mais rápido possível.

O Lucas deixou a sala de comando em busca dos agentes, e eu podia imaginar o que a minha mãe queria saber deles. Vi o olhar dela e do meu pai se encontrarem, na maioria das vezes a Bia e eu não conseguíamos entender o diálogo sem palavras deles, mas dessa vez era clara a discussão que ocorria ali. Discutiam sobre um assunto que eu passei o último ano lidando.

Daisy: Nós agora vamos confiar no Julian? - verbalizou o discurso, e os olhares foram para ela – Isso pode facilmente ser uma armadilha.

Jorge: Precisamos analisar a situação – olhou em direção a Daisy, mas rapidamente mudou o foco do olhar alternando entre a minha mãe e a Paula.

Paula: Até o momento o agente fez algo contra quem se opôs ao Antônio? – o Jorge balançou a cabeça negando.

Pietro: Fazer nada também é alguma coisa – meu pai olhou para ele com atenção.

Mariano: O que quer dizer Benedetto?

Pietro: Quero dizer que o Julian estava lá com o Víctor, enquanto nós cinco estávamos presos no porão – sua voz estava carregada de rancor – Ele olhou nos nossos olhos e deu as costas. Para mim isso diz muita coisa – desviou os olhos para um ponto qualquer da sala – Podíamos estar mortos e ele não teria feito nada. Então 'Nada' é muita coisa.

Ninguém parecia concordar completamente um com o outro, e pequenas discussões paralelas acabaram surgindo. Minha mãe deu alguns passos se afastando da confusão de vozes, meu pai parou ao seu lado e os dois começaram a cochichar. Olhei para o Thiago ao meu lado, ele tinha permanecido calado o tempo todo, e eu entendia o motivo. Confiar ou não confiar em uma pessoa? Eu conhecia bem esse sentimento, mas dessa vez se algo saísse errado não era só uma vida que seria prejudicada.

Thiago: Se continuarem a discutir assim não vamos chegar a lugar nenhum – falou sério chamando a atenção da equipe, e consequentemente do restante das pessoas ali – Alguma forma de descobrir se essa gravação veio mesmo do Julian? – perguntou para a Pixie.

Pixie: Posso rastrear e ver se descubro alguma coisa – olhou para o Jorge – Foi para esse aparelho que ele enviou? – apontou para o tablet.

Jorge: Na verdade foi para o sistema central da base – disse passando o tablet para a Pixie.

Luan: Ele podia simplesmente ter mandado para alguém, porque tanto trabalho para mandar para o sistema?

Pixie: Por que talvez fosse mais seguro – sua voz soou em um tom baixo desbloqueando o aparelho.

Pietro: Agora é ele que não confia em nós?

A Pixie não pareceu registrar o comentário, seus olhos percorriam a tela até que por um momento ela parou. Sua expressão pareceu preocupada, principalmente quando abaixou o aparelho e olhou de relance para o Luan.

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