Promete?

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Por Ana

Era apenas dizer um 'sim' ou um 'não', era simples, mas porque para mim estava sendo tão difícil? Essa era uma resposta fácil, tratava-se do medo batendo na porta. Mas tudo o que eu queria era correr para um lugar calmo, pelo menos um lugar para esquecer de tudo, para tomar um fôlego e voltar a correr em direção a guerra que estava prestes a começar. Os olhos do Thiago me fitavam, aguardando uma resposta, e por algum motivo eles passavam a sensação de que não era um simples convite, e bastaram segundos para eu entender. Era o lugar calmo dele, para onde ele vai quando quer deixar toda essa correria para trás, e o Kunst estava disposto a dividir comigo um pouco da paz no seu lugar de calmaria.

A resposta deixou os meus lábios rapidamente, e o 'sim' foi formado quase que sem eu me dar conta, mas foi o suficiente para uma centelha de coragem tomar conta de mim. Não consegui evitar de sorrir ao ver os lábios do Thiago puxarem um sorriso alegre, e ao mesmo tempo um tanto contido, lá no fundo talvez ele entendesse o quanto a resposta proferida era tão significativa para mim.

Eu segui movida pela coragem que surgiu no momento, ao chegar no meu apartamento peguei apenas uma mochila e coloquei algumas roupas. A ideia de deixar Buenos Aires por um momento me pareceu tão atraente, eu queria apenas respirar um pouco, foi então que percebi que não era a ideia de deixar a cidade que me deixava feliz, mas a ideia de me afastar da Scorpions por pelo menos algumas horas. Mas parando para pensar melhor eu estava indo em uma viagem com o líder de uma equipe da Scorpions, para um lugar que eu não conhecia ou sabia onde ficava. Meu corpo estagnou enfrente a porta do apartamento, a mochila em minhas costas e a chave na maçaneta. O que eu estava fazendo?

Respirei fundo e fechei os olhos por um momento tentando por em ordem alguns dos meus pensamentos. Eu não podia deixar o medo dominar minha vida, não podia deixar de viver minha vida por culpa de outra pessoa. Engoli o nó na garganta e tranquei a porta do apartamento, deixando tudo ali para trás pelo menos por dois dias. O Thiago estava esperando em frente ao prédio, abri a porta do carona do carro preto e entrei. Ele olhou para mim sorrindo, mas logo sua expressão mudou.

Thiago: Está tudo bem? – perguntou franzindo a testa.

Ana: Claro. Está tudo bem – nem eu acreditei em minhas palavras.

Puxei a mochila para o meu colo praticamente a abraçando em uma tentativa falha de esconder o nervosismo. O Thiago observou o ato calado, e então desviou o olhar para mim, seus olhos preocupados faziam perguntas silenciosas e que eu não gostaria de responder no momento.

Thiago: Se algo estiver te incomodando pode me dizer, tudo bem? – suas palavras soaram calmas, até mesmo um pouco tranquilizadoras.

Ele deu partida no carro e seguimos pela madrugada escura da cidade, faltavam poucos minutos para as cinco da manhã, então quase não tinha ninguém pelas ruas. Olhei pela janela do carro vendo aqueles prédios passarem em um tentativa de distrair minha mente.

Thiago: Eu vou parar um pouco para abastecer o carro, certo? – balancei a cabeça concordando.

Poucos minutos depois o carro parou em um posto de gasolina 24 horas. O Thiago desceu para abastecer, e eu resolvi descer um pouco. Abri a porta do carona a fechando novamente após descer, me escorei no carro e levei a mão ao rosto tentando me acalmar um pouco, mas minha mente parecia decidida a me lembrar do porque eu deveria deixar o medo me dominar, mas eu estava tão cansada disso.

Senti alguém parar ao meu lado, abri os olhos encontrando o olhar do Thiago. Eu estava tão confusa e quebrada, que às vezes até mesmo esconder é complicado. Me perguntei o porque ele ainda estava aqui. Ele podia ter simplesmente se afastado em tantos momentos. Eu sabia que queria estar perto do Thiago, mas porque ele ainda está ao meu lado quando eu não passo de um emaranhado de confusão?

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