Lembrança Ruim

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Esse capítulo possui cenas/narrações que podem ser gatilhos para algumas pessoas

Por Thiago

Algumas pessoas dizem que o mundo é um lugar perigoso, assustador, e o lugar onde você pode se machucar a qualquer momento, mas sabe qual é a verdade? Isso não é uma descrição do mundo, mas das pessoas e experiências que podemos encontrar ao longo da nossa vida, que farão com que os nossos olhos passem a enxergar as coisas dessa forma. O mundo não é um lugar ruim, são as pessoas que o tornam ruim. São aqueles que não se importam de passar por cima de alguém para conseguir o que querem, ou que cobiçam e só pensam na ganancia. São aqueles que são capazes de machucar e nem se quer ficar com sua consciência pesada por isso. Pessoas assim deixam cicatrizes, no mundo e naqueles que sem querer cruzam o seu caminho, e no momento algo me dizia que eu estava olhando para uma dessas pessoas.

O Víctor mantinha os olhos presos na Ana, enquanto o seu sorriso sínico tentava disfarçar algo que já estava claro. Tinha algo de muito errado acontecendo ali, e eu não precisava de explicações para saber de qual lado ficar. Olhei para a Ana parada próxima a mim, sua mente parecia trabalhar, enquanto os seus olhos refletiam a mistura de sentimentos em seu peito. Era dor, raiva e medo.

Seu olhar desviou para mim ao perceber que eu a observava, e então veio a máscara. Sua expressão ficou limpa, seus olhos opacos tentando controlar os sentimentos, e os seus lábios sem nenhum sorriso. Mesmo com a sua tentativa de esconder o que quer se fosse, já era tarde. Senti o meu sangue correr rápido pelas veias, e fechei o punho tentando controlar a raiva quando minha mente registrou que a simples presença de alguém estava causando tanto mal a ela. E isso tinha algum motivo. Meus olhos voltaram para o Víctor, dessa vez minha expressão séria e provavelmente deixando claro o que eu estava achando disso.

Ana: O que está fazendo aqui? – apesar de tudo sua voz soou firme quebrando o breve silêncio.

Víctor: Vamos trabalhar todos juntos – disse sorrindo – Não é uma maravilha? – pude sentir o sarcasmo por trás das suas palavras.

Ana: Thiago? – olhei para ela que esperava uma explicação.

Thiago: A diretoria achou que precisamos de ajuda.

Ana: A diretoria? – olhou para o Víctor.

Víctor: Não é perfeito? Estávamos todos com saudade – falou se aproximando, e ao meu lado a senti a Ana recuar um pouco – O mundo dá voltas, mas sempre acabamos assim. A equipe reunida de novo.

Thiago: Apenas lembre-se Gutierrez – falei entrando no seu caminho, e fazendo com que ele olha-se para mim – Que vocês não estão em La Plata – disse sério – Aqui são apenas visitantes, então peço que sua equipe e você não saiam da linha. E eu só vou pedir uma vez.

Seus olhos me analisaram por um momento, até que ele deu um sorrisinho e esticou sua mão dando dois tampinhas no meu ombro. Acompanhei o movimento ainda sério, poucos minutos já era o suficiente para saber que eu não gostava dele, e estava pouco me importando com o fato dele ser um Gutierrez.

Víctor: Algo me diz que poderíamos ser ótimos amigos, Kunst.

Thiago: Tenho certeza que não. Escolho muito bem minhas amizades.

Ele me encarou por mais um tempo, parecendo me analisar mais uma vez, e então seus olhos desviaram de mim para a Ana um pouco mais atrás. Mais um sorrisinho surgiu no seu rosto, e ele balançou a cabeça de um lado para o outro como resposta para algum pensamento, e então deu as costas voltando para a sala principal.

Meus olhos acompanharam até ele sumir de vista, e então olhei para trás. A Ana parecia perdida em seus pensamentos, e os seus olhos miravam um ponto cego. Raiva ou qualquer outro sentimento que eu podia estar momentos antes foi embora, e deram lugar para a preocupação.

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