Reencontro

351 33 339
                                    


Por Ana

A sensação era que sempre estávamos em uma montanha russa, presos ao carrinho de condução, sem a possibilidade de sair, e aguentando todos os altos e baixos. Mas mesmo com cada sentimento de medo pelo o que viria na próxima curva, ou a subida longa que antecede a queda, mesmo com tudo isso, se deixássemos os carrinhos conseguiríamos viver sem a adrenalina constante? Essa era a questão, não conseguíamos sair da montanha russa e viver vidas comuns. Gostamos do imprevisível, comemoramos cada vez que nos estabilizamos, e nos seguramos em cada decida torcendo para que logo acabe. E mais uma decida se aproximava. Eu só ainda não tinha noção que a próxima a despencar seria eu, que ficaria completamente despedaça e perdida vendo tudo desmoronar aos poucos a minha volta.

Uma semana já tinha se passado desde a perseguição ao Sr. D. e o acidente com a Pixie e o Luan. Uma semana também que o corpo do Guillermo havia sido encontrado, no dia da morte toda a impressa de Buenos Aires tinha se voltado para esse feito, mas estranhamente poucas horas depois pareciam ter esquecido o acontecimento. Desconfiamos que o Golden tenha dado um jeito deles virarem os holofotes para outro lugar, afinal era impossível falar sobre o Prince e não liga-lo ao rei do império corrupto de B.A.

Nas ruas as coisas estavam estranhas, todos pareciam sentir o clima tenso, até mesmo os próprios vendedores de drogas, que pareciam temer algo maior que a morte ao escolherem não nos responder. Passamos a vigiar os pontos onde as mercadorias e carregamentos do Guillermo eram distribuídos e revendidos nas sombras, e surpreendentemente as cargas não pararam de circular por esses lugares. Ainda tinha alguém realizando o trabalho, mas quem e como? Será que o Golden decidiu continuar tocando os negócios do ajudante? Mas o estranho é que durante todos os dias em que ficamos de vigia pela região não vimos nenhum rastro do Marcos pelo local, o que nos fez pensar que talvez outra pessoa do tal "Sistema Itinerante" estivesse responsável por aquilo.

Na base tentávamos buscar respostas. Sem a utilização dos sistemas da Scorpions estava sendo complicado, mas até que nos viramos bem indo atrás das nossas próprias informações. A Pixie trabalhava em algo que tomava a sua atenção praticamente o dia inteiro, e na maioria das vezes a deixava estressada, e sabíamos como a falta de respostas não a estava agradando. O Luan teve uma ótima melhora, apesar de ainda sentir algumas dores e continuar sobre a observação da Daisy. Quando ele já estava se sentindo um pouco melhor para levantar da cama e deixar o primeiro andar, logo se juntou a Pixie para ajudar. Com o Luan por perto ela parecia ficar mais calma, e os dois compartilham de uma linguagem única, onde se entendem com mais facilidade, e consequentemente acaba tornando tudo mais fácil.

Ana: Você sabe que eu ando ocupada – falei ao telefone enquanto a Bia fazia drama por eu não ter telefonado na última semana.

Bia: Eu sou sua única irmã, não é difícil reservar uns cinco minutos pra dizer que tá viva – retrucou.

Ana: Bia... – deixei um suspiro escapar.

Eu estava na garagem da base, uma parte da equipe já estava pelo lugar, então tentei encontrar o lugar mais privado para lidar com os dramas familiares dos Urquiza. Sentei sobre a bancada no canto do cômodo, sabendo que aquela conversa iria demorar, conhecia minha irmã o suficiente para saber que ela ficava magoada com facilidade, mas também sempre perdoava.

Ana: As coisas estão complicadas por aqui, tem algo sério acontecendo e talvez...

Bia: Pelo menos me diz que parte do seu tempo você está gastando com o agente Kunst – falou me interrompendo.

Ana: Você não ouviu o que eu disse?

Bia: E você acha que vai fugir desse assunto? – mesmo pela ligação eu sabia que ela estava com um sorrisinho no rosto do outro lado da linha.

ScorpionsOnde histórias criam vida. Descubra agora