Negócios

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Por Ana

Sabe aquela sensação estranha de estar entrando na toca do coelho? Na verdade, não sei se o termo 'coelho' seria o melhor. Talvez coisinhas perigosas que tentam te atacar na surdina enquanto você olha para o lado oposto. Talvez 'cobras' se encaixe bem. Estávamos indo para o ninho das cobras. Deixei uma pequena risada escapar ao pensar nisso, um bando de escorpiões em um ninho de cobra. Alguém não sairia ganhando nesse encontro.

Não estávamos indo para ação, não era esse o nosso objetivo, mas mesmo assim as malas do carro carregavam equipamentos e armamentos. Era só para colher informações, passar despercebido entre a multidão, mas o olhar do Thiago transmitia sua preocupação. O que esperar de um bando de agentes secretos em uma boate, buscando apenas observar e não entrar em confusão? Talvez só mais confusão. Mas a bagunça feita dessa vez colocaria mais pessoas no meio, e não sabíamos o quão baixo os Morales poderiam jogar, então fomos até lá esperando conseguir realizar aquilo planejado, mas preparados para se as coisas dessem errado. Dessa vez precisaríamos mais um dos outros do que em qualquer momento.

O Thiago estacionou o carro em um dos becos atrás da boate. Quando a equipe foi separada para seguir o plano do Pietro nós dois seguimos no automático até o carro, apenas percebi isso quando bati a porta do passageiro ao entrar. Funcionamos bem juntos... Digo, em ação. Se algo desse errado conseguiríamos resolver mais facilmente trabalhando juntos.

Thiago: Passar a noite de uma sexta-feira em uma boate não era o que eu imaginava – falou descendo do carro.

Ana: Algumas pessoas gostariam que o trabalho fornecesse esses tipos de momentos – bati a porta do carro ao descer.

Thiago: Claro, e essas pessoas não leriam as letras minúsculas no final do contrato onde incluem possíveis mortes por tiro, faca, contaminação e outra infinidade de coisas.

Passamos a caminhar em direção a porta de entrada da boate, uma parte da equipe já estava lá dentro. Fomos para o final da fila onde algumas pessoas aguardavam para entrar, duas garotas mais há frente começaram a rir com algo engraçado dito e deixando claro o quanto já estavam alteradas. Um pouco mais há frente um grupo de amigos esperava a vez deles enquanto compartilhavam um cigarro, tragando e soltando a fumaça que se condensava na noite gelada. Todos ali buscavam se divertir e provavelmente esquecer por um momento quem são, suas vidas, seus problemas e apenas se divertir.

Depois de uma breve análise nas pessoas da fila percebi o quanto o Kunst e eu estávamos destoados daquilo, principalmente na questão roupa. Estávamos formais demais, nada muito chamativo ou curto, apenas uma das várias roupas de trabalho que sempre varia entre o branco e o preto, o jeans e o couro. O Thiago percebeu isso e deixou um sorriso escapar.

Thiago: Tenho certeza que não vão nem prestar atenção em nós – ele estava ao meu lado na fila.

Ana: Espero mesmo que estejam bêbados demais para isso – olhei para mais um grupo que ria de maneira esganiçada.

Thiago: Estão, e a noite mal começou para eles.

Ana: O mesmo pra gente – meus olhos percorreram o local em volta, buscando algo suspeito – Não acha esse silêncio estranho? – me referi aos comunicadores mudos.

Thiago: Estão concentrados na missão – andamos quando a fila se movimentou – Ou estão aproveitando a música e bebida enquanto não chegamos para cortar o barato deles – falou humorado.

Ana: Acha que eles fariam isso? – sorri cruzando os braços – É sua equipe. Essa é a credibilidade que você dá a eles?

Thiago: Aposto que o Pietro está no bar – falou com certeza e exibindo um olhar divertido – E isso não dá menos credibilidade para a equipe, só os conheço e sei como agiriam em certas situações.

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